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O que busca a CSN com mais uma compra no setor de cimentos?


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Quando foi criada por Getúlio Vargas na década de 40, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) fazia jus ao nome. Seu foco era transformar ferro em aço nos fornos da cidade de Volta Redonda, no interior do Rio de Janeiro. Ela era só uma siderúrgica.

Hoje, porém, mais de 20 anos depois de ter sido privatizada, a empresa tem a própria mina de ferro, também exporta o minério para fora do país e investe em outros segmentos como energia e cimento. 

Nesta sexta, a empresa divulgou a compra das operações no Brasil da LafargeHolcim por 1,025 bilhão de dólares, concorrente que é um dos maiores produtores de cimento no país. Em julho, a empresa tinha anunciado a compra da Elizabeth Cimentos, empresa do nordeste.

Assim, ela deve pular do quinto para o terceiro lugar em capacidade de produção.

A Holcim já estava no terceiro lugar do ranking do setor, atrás de Votorantim e Intercement.

Na prática, a CSN Cimentos está comprando uma empresa maior que ela, tanto que no fato relevante divulgado aos investidores, a empresa afirma que sua capacidade produtiva passará para 16,3 milhões de toneladas por ano, depois de ganhar 10 milhões de toneladas na capacidade. 

Com a aquisição, a CSN está fortalecendo a diversificação do seu portfólio de negócios. Hoje a empresa opera nos setores siderúrgicos, de mineração, de cimentos, de energia e logística.

“A gente tá vivendo um momento bem diferente do que em que a companhia foi fundada. Não há dúvidas que a gente careceu de investimentos de infraestrutura no Brasil nos últimos anos e isso tem resultados na ponta. Especialmente nessa última década fomos muito ruins em termos de crescimento. Esse contexto nos traz para a CSN tentando fugir dessa volatilidade do campo siderúrgico nacional especialmente e sair do marasmo que ficou no setor da década. Ela teve que retomar o controle sobre a questão dos custos e aí quando a gente olha para ela, ela tem uma verticalização. Quase tudo pensado na otimização de custos. É de fato como se fosse uma cadeia. Por questão de sobrevivência ela precisou incrementar outros elos da sua cadeia”, explica o analista da Ativa Investimentos Ilan Albertman.

Em 2020, com a pandemia, tudo voltou a despencar na economia brasileira, mas os dados de 2021 têm sido bons no setor, mas perspectivas para o futuro patinam, apesar da melhoria do consumo do material.

No acumulado deste ano, foram vendidas 43,4 milhões de toneladas de cimento, 11,4% de aumento na comparação com o mesmo período do ano passado.

Apesar do ambiente não ser tão animador, o analista da Ativa Investimentos Ilan Albertman destaca que o investimento no setor é resiliente. 

“A gente tá falando de uma atividade que tem ali uma perenidade bacana quanto ao ao seu desempenho.”

Ilan também destaca que se CSN tá conseguindo fazer uma aquisição na casa de um bilhão de dólares sobretudo devido ao momento do minério de ferro, que chegou a bater 200 dólares, e garantiu caixa para companhia.

Nos últimos anos, a empresa aproveitou uma janela de oportunidade com a alta da commodity.

“Isso foi fundamental para que eles saíssem de um cenário de alavancagem superior a cinco vezes e hoje estar fazendo esse tipo de desembolso de um bilhão de dólares”, explica.

Mesmo investindo em cimento na última década para não depender tanto da siderurgia, os últimos anos não tem sido os melhores para esse componente porque seu desempenho de vendas também costuma acompanhar o clima econômico do país. Afinal, ele “alimenta” as obras e construções do país.

No segundo trimestre deste ano, cerca de 50% da receita da CSN foi de siderurgia. Cerca de 47% de mineração, 2% de cimentos e o restante vieram de outros setores.  Com a aquisição, Ilan destaca que a empresa então investe numa diversificação maior, em que o segmento de cimentos deve crescer no balanço da empresa.

Apesar da notícia ser considerada uma sinalização positiva por casas de análise, as ações da empresa caíram 1,32%, mas operaram em alta durante boa parte do dia.

Fonte: Exame

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