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Com sucesso da comida “fake”, NotCo se torna o mais novo unicórnio da AL


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A NotCo, startup chilena que produz alimentos como maionese, leite, hambúrguer e até sorvete à base de plantas, recebeu um aporte de 235 milhões de dólares para impulsionar sua expansão internacional. O investimento, realizado em uma rodada de Serie D, faz com que a companhia atinja valor de mercado de 1,5 bilhão de dólares, o que a torna o mais novo integrante da lista de unicórnios da América Latina.

A nova rodada da foodtech foi liderada pela Tiger Global e pelos fundos DFJ Growth Fund, The Social Impact Foundation e ZOMA Lab. Alguns investidores também participaram do aporte de forma individual, entre eles o tenista Roger Federer, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, Joe Gebbia, cofundador do Airbnb e o piloto Lewis Hamilton, que já tem histórico como apoiador de empresas ligadas à alimentação saudável.

A rodada também contou com a participação de fundos e family offices que já injetaram capital na startup no passado, como a Enlightened Hospitality Investments (EHI), Future Positive, L-Catterton e Kaszek Ventures, maior fundo de venture capital latino-americano e que também já investiu nas brasileiras Gympass, Loggi, QuintoAndar e Nubank.

Fundada em 2015 pelos empreendedores economistas e cientistas Karim Pichara, Pablo Zamora e Matias Muchnick, a NotCo é uma foodtech que desenvolve alimentos à base de plantas para que se pareçam com alimentos comuns. Com cara de empresa de tecnologia, a NotCo criou um algoritmo próprio para dar origem a esses produtos.

O sistema de inteligência artificial é capaz de combinar diversos produtos à base de plantas para gerar sabor, consistência, aroma e textura iguais aos produtos de origem animal. A tecnologia ganhou até mesmo um nome próprio: Giuseppe.

Com o novo aporte, a NotCo agora é também a primeira foodtech voltada ao setor plant-based, de alimentos à base de plantas, a alcançar valor bilionário de mercado na América Latina. Nos Estados Unidos, a empresa Impossible Foods já atingiu a marca, e hoje é avaliada em 6 bilhões de dólares.

A startup da não-comida já conquistou até mesmo Jeff Bezos, fundador da Amazon e também um dos homens mais ricos do mundo. Em 2019, Bezos participou de uma rodada de investimento de 30 milhões de dólares por meio da Bezos Expeditions, seu family office, e agora aporta novamente capital na startup chilena.

Um dos principais produtos da NotCo e também o primeiro lançado oficialmente é a NotMayo, a “não-maionese” produzida a partir de óleo de canola, grão-de-bico, sementes de mostarda, vinagre de uva, suco de limão, açúcar mascavo, pimenta branca e alho em pó.

A nova rodada vem menos de um ano após a série C de 85 milhões de dólares, que aconteceu em setembro de 2020 e foi coliderada pelos fundos Future Positive, dos empresários Fred Blackford e Biz Stone (cofundador do Twitter) e L-Catterton.

Em entrevista à EXAME, o fundador e presidente da NotCo, Matías Muchnick, disse que para manter o ritmo de crescimento, a startup mira novos mercados, como o da carne vegetal branca, além de planejar estar em países que extrapolam os limites da América. “A pressão vem dos investidores e da maneira como consideram promissora essa indústria plant-based e como temos potencial nela”, diz.

De olho no frango “fake”

A ambição da NotCo, segundo Muchnick, está ligada à sustentabilidade e ao desejo de trazer mais eficiência, com o mínimo de impacto. O passo adiante nesta jornada está na carne —  de todos os tipos. Além dos hambúrgueres já comercializados hoje, a foodtech já planeja incluir outros tipos de substitutos para carne de frango, aves e suína. “Isso definitivamente está em linha com a nossa missão como empresa”, diz.

Sem antecipar prazos, o empreendedor afirma que a empresa deve entrar para o mercado da carne branca “em breve”, e que parte dessa inserção também vai se dar com a criação de uma carne substituta ao peixe. “A poluição dos mares também é um problema gritante, e estamos olhando para isso”.

Hoje, o portfólio da NotCo é composto pelo NotMilk, NotBurger, NotMeat, NotIceCream e NotMayo, vendidos em mais de 6.000 pontos de venda em todo o mundo, além do e-commerce próprio.

Brasil é prioridade

O Brasil está no centro da estratégia da NotCo na América Latina, e a intenção é tornar o país no mais importante mercado para a foodtech ainda no próximo ano. Palavras do fundador. Para isso, a empresa irá expandir o portfólio em território brasileiro, ampliar as campanhas de marketing e chegar a outros estados, além de São Paulo. “Estamos crescendo mês a mês, e o Brasil é definitivamente a nossa obsessão na América Latina. Seremos ainda maiores no continente se pudermos ser gigantes no Brasil”, diz.

No Brasil, a NotCo compete com a brasileira Fazenda Futuro, também de alimentos à base de plantas. A Fazenda Futuro tem 10 mil pontos de venda em 14 países.

Para onde vai a NotCo

De modo geral, 2021 tem sido um ano muito positivo para a NotCo, destaca Muchnik. Segundo o CEO, a empresa já atingiu importantes marcos e, ao atrair grandes investidores, foi capaz de antecipar a rodada em busca do primeiro bilhão, antes prevista para o final deste ano.

O mesmo crescimento acelerado pôde ser visto nos anos anteriores. Pelas palavras de Muchick, a empresa triplicou de tamanho nos últimos quatro anos.

Acompanhado do apetite de investidores, a mudança nos hábitos de consumo da população também aquece o setor e aumenta a demanda por hambúrgueres e alimentos vegetais, que conquistam ao mesmo tempo o público vegetariano e também carnívoro. A intenção é tornar o mercado norte-americano no maior para a empresa, com 50% do faturamento no próximo ano. Para isso, a aposta está em dobrar o número de lojas, de 4.000 para 8.000 até dezembro.

No Chile, o cenário está mais antecipado. Há dois anos —  e apenas dois anos após sua fundação — a NotCo já tinha 10% de participação das vendas de maioneses nos pontos de venda chilenos. Hoje, já é a terceira principal marca de maioneses do país, com uma produção que supera as 40 toneladas por mês. Já o Not Burger, hambúger vegetal da NotCo, tem 5% de participação no mercado total de hambúrgueres do Chile, segundo levantamento da consultoria Nielsen.

A empresa quer repetir a fórmula por aqui. No Brasil desde meados de 2019, a NotCo já conta com um portfólio de produtos que inclui sorvete, hambúguer, maioneses e leite vegetal —  o grande carro-chefe da foodtech por aqui, seguindo o cenário visto nos Estados Unidos. Mas a ideia é ampliar ainda mais essa oferta.

O fundador explica que, com o novo aporte, a empresa ganha escala ainda maior para continuar sendo a foodtech da América Latina com as maiores taxas de crescimento da atualidade e uma das únicas latino-americanas a atingir o mercado norte-americano.

O investimento também vem acompanhado da entrada da NotCo em três novos mercados: Canadá, Colômbia e México. Segundo Muchnick, a intenção é também chegar à Ásia e à Europa. Sem países definidos, o empreendedor afirma que a NotCo está de olho na Alemanha e no Reino Unido, por exemplo. “Estamos tendo conversas para definir os mercados, produtos e países que mais fazem sentido para nós”, diz.

Parte do recurso também será usado para melhorar o Giuseppe. De acordo com o fundador, a empresa pensa em criar unidades de negócio que trabalhem com o licenciamento de tecnologia para outras empresas do setor. “Em breve, poderemos ver produtos nas prateleiras que não são produzidos pela NotCo, com o título de “não-aquilo” ou “não-isso”, mas distribuídos por nós ou “feitos por NotCo” ”.

A exemplo do que faz a Impossible Foods (e a própria NotCo, nos EUA), que se uniu ao Burger King para vender um lanche de carne vegetal, a startup também está negociando com redes de fast-food no Brasil. Segundo Mukick, as novidades serão anunciadas nos próximos meses.

A empresa também já se prepara para uma próxima rodada de investimentos, no início do ano que  vem. “O apetite é grande, e podemos ter uma nova rodada já em 2022”. 

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Fonte: Exame

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