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Jornalista e indigenista: o que se sabe até aqui sobre os sumiços


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Já duram quase três dias os desaparecimentos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na Amazônia. As autoridades e outras pessoas ligadas aos sumidos realizam buscas desde esse domingo (6), quando os dois deveriam ter chegado em Atalaia do Norte, no extremo oeste do Amazonas, entre 8h e 9h.

Tudo acontece na região conhecida como Terra Indígena do Vale do Javari, demarcada em 2001 e do tamanho aproximado de países como Áustria, Sérvia e Azerbaijão. Phillips e Bruno viajavam juntos quando desapareceram. 

Nesta terça, mergulhadores e especialistas em buscas da Polícia Militar do Amazonas estão no local. Já a Marinha informou que na manhã desta terça usa um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e um jet ski nas buscas.

A Polícia Federal (PF) também atua no caso. Informações da agência Reuters dão conta que a PF ouviu quatro pessoas até o momento. Dois depoimentos foram de pescadores do Vale do Javari, mas não houve coleta de informações importantes nesses primeiros relatos. 

Um dos que conversaram com os policiais é o pescador conhecido como “Churrasco”, com quem Bruno e Dom se encontrariam no início da manhã de domingo. O outro é uma pessoa conhecida como “Janêo”. Não há informações sobre os outros dois depoimentos. 

O Exército também está no local, mas a atuação foi alvo de críticas após o Comando Militar da Amazônia emitir nota que precisava de acionamento do “escalão superior” para iniciar as buscas.

Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava) e o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), o indigenista sofria ameaças. Uma carta chegou a citar o nome de Bruno Pereira com várias ameaças.

A informação é de que eles tinham combustível suficiente e amplo conhecimento sobre a área, o que enfraquece a hipótese de que eles tenham se perdido. 

Pereira é agente indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) desde outubro de 2010, mas estava licenciado. Já Dom Phillips atuava como correspondente do jornal The Guardian e escrevia um livro sobre a Amazônia.

Familiares pedem socorro

Sian Phillips, irmã de Dom Phillips, fez um apelo em vídeo na noite dessa segunda-feira para que as autoridades brasileiras façam o possível para localizá-los. “Sabíamos que era um lugar perigoso, mas Dom acredita que é possível proteger a natureza e o sustento dos povos indígenas”, afirmou a irmã.

No mesmo dia, a antropóloga Beatriz de Almeida Matos, companheira de Pereira, afirmou que ele precisa voltar para casa. “Tenho um filho de três anos e um de dois, só penso nesse momento que ele retorne bem, por causa dos meninos. Ele tem também uma filha de 16 anos”, disse.

Ela confirmou as ameaças e pediu todos os esforços possíveis para que os dois sejam encontrados. Beatriz também disse que a rapidez é importante nas buscas.

Bolsonaro se posiciona

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que os desaparecimentos devem ser fruto de execução ou acidente. O chefe do Executivo disse classificou ainda como “aventura” não recomendada a viagem de Philips e Pereira.

“Realmente, duas pessoas apenas num barco, numa região daquela completamente selvagem é uma aventura que não é recomendada que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser acidente, pode ser que tenham sido executados”, disse o presidente em entrevista ao SBT.

“[A gente] espera e pede a Deus que sejam encontrados brevemente. As Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco na região”, completou.

Apesar disso, o desmonte da proteção ao indígena durante o governo bolsonarista é alvo de críticas de entidades e especialistas. 

O próprio Bruno Pereira foi exonerado do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da Funai após coordenar uma operação que expulsou garimpeiros, destruiu equipamentos e apreendeu um helicóptero na Terra Indígena Yanomami. O caso aconteceu em outubro de 2019.

EUA cientes

A líder indígena Sonia Guajajara relatou ao assessor do governo americano John Kerry o desaparecimento no Amazonas do jornalista e do indigenista. 

Coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), ela divulgou o encontro nesta terça-feira (7), acusando o governo Bolsonaro de omissão no caso e contando que pediu a Kerry, enviado especial do governo americano assuntos ligados ao meio ambiente, um posicionamento da Casa Branca sobre a violência no Brasil com os indígenas.

Com informações de Marianna Holanda/Folhapress e Folhapress

Fonte: O tempo

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