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Temer investe em visibilidade e se projeta para 2022, avaliam especialistas


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Repercutiu nas redes sociais, ao longo desta terça-feira (14), o vídeo de um jantar realizado na noite anterior, na casa do empresário Naji Nahas, em São Paulo, em homenagem ao ex-presidente Michel Temer. Ele voltou a se destacar na cena política de Brasília desde o episódio da última quinta-feira (9), quando protagonizou a reconciliação, materializada numa carta, entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, indicado pelo ex-presidente para a Corte, em 2017. 

Divulgado pelo próprio marqueteiro político de Temer, Elsinho Mouco, segundo informações do jornal Valor, o vídeo mostra o comunicador André Marinho, apresentador do programa Pânico da Jovem Pan, fazendo uma imitação de Bolsonaro que provoca risos dos políticos, empresários, jornalistas e advogados presentes no jantar, entre eles Paulo Marinho (1º suplente do senador Flávio Bolsonaro), Gilberto Kassab (presidente nacional do PSD), Johnny Saad (presidente do Grupo Bandeirantes) e José Yunes (advogado e amigo de Temer).  

Especialistas consultados pela reportagem de O Tempo avaliam que essa estratégia de projeção da imagem de Temer indica intenções do ex-presidente para 2022. Segundo Guilherme Casarões, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), a iniciativa de divulgar o vídeo também é uma demonstração de força de Temer. 
“O Temer estava concordando com a divulgação do vídeo e talvez seja interessante para ele demonstrar independência de Bolsonaro. Como a política opera em símbolos, é possível que ele tenha tentado uma demonstração de força frente a Bolsonaro. O fato de Temer estar nesse jantar já diz muito do não alinhamento dele ao bolsonarismo”, observa o cientista político. 

Com perspectiva semelhante, Maria Carolina Lopes, mestra em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB) e doutoranda em Comunicação na Universidade Pompeu Fabra, na Espanha, observa que Temer não está recusando o papel de conciliador, mas busca se distinguir de Bolsonaro. “A gente vê Temer ali sentado com figuras importantes do centro. O que podemos interpretar desse vídeo é que ele não está com Bolsonaro, embora possa ajudá-lo, porque ele quer passar uma mensagem de diálogo, mas significa que Temer tem um ponto de distinção em relação ao presidente”, avalia a especialista em democracia digital. 

Ainda de acordo com a especialista, o ex-presidente também vem trabalhando a sua imagem e buscando visibilidade pelas redes sociais, indicando intenções para 2022. “Quando uma figura pública como ele volta em cena e quer dar importância para a carta à nação, reformula sua imagem no Instagram, que é uma rede voltada para o visual e mais popular, há interesses claros, porque um político busca visibilidade quando quer voto, sobretudo com as eleições se aproximando”, nota Lopes. 

Na avaliação de Rui Tavares Maluf, cientista político e professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o ex-presidente ainda não conta com respaldo das lideranças de partidos do centro, o que pode pesar em seu cálculo sobre uma possível candidatura à presidência. “Acredito que Temer se colocaria de fato como candidato à presidência se ele sentisse que há uma convergência das forças do centro. Mas o Temer tem mais a ganhar como fiador de um processo de convergência do que ele próprio se tornar esse candidato”, observa.

Para Casarões, ainda é precipitado afirmar qual cargo é de interesse do ex-presidente, mas uma opção onde ele teria mais chances seria no Legislativo, tendo em vista seu histórico de porta-voz do MDB, um partido importante para o Centrão e com grande capilaridade municipal e estadual.

“Voltar para a Câmara, que é seu habitat natural, ou tentar o Senado pode ser uma forma dele assegurar sua influência política. Especula-se que ele seria o candidato da terceira via”, pontua Casarões. “Ele já tem a credencial liberal, pois fez em seu governo uma política econômica elogiada pelo mercado. Ele também é um político infinitamente mais moderado do que Bolsonaro, o que pode agradar uma parcela do empresariado. É um nome palatável”, conclui o especialista. 

Fonte: O tempo

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