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Reajuste do diesel corrói orçamento dos brasileiros de maneira indireta; entenda


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Diferentemente do que ocorre com a gasolina, em que o brasileiro nota o aumento de preço ao abastecer o carro, os reajustes sobre o diesel corroem o orçamento das famílias de maneira discreta. Nesta sexta-feira (17), a Petrobras anunciou que o preço do diesel nas refinarias vai ser reajustado em 14,2%, percentual que corresponde a um aumento de R$ 0,70 a cada litro.

Mas como esse reajuste vai impactar toda a economia do país? 
Especialistas estimam que 80% da logística de transporte de mercadorias no Brasil ocorrem em vias rodoviárias e dependem do diesel. Quando há um acréscimo no preço do insumo, o efeito cascata na inflação é grande, com vários produtos e serviços encarecendo também pelo país.

Isto ocorre porque os custos adicionais para abastecimento das carretas e caminhões acabam repassados, refletindo em uma escalada de aumento em todas as etapas da cadeia produtiva. O processo inflacionário começa, inclusive, na venda de diesel, gasolina e etanol nos postos de combustíveis.

Os custos adicionais necessários para o transporte dos caminhões-tanque são repassados pelas distribuidoras e acabam integrando a conta final paga pelo motorista, explica o economista do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) Eric Gil Dantas. 

“Há um efeito perverso na inflação porque há um aumento grande, mas não direto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do próximo mês. Esse aumento se dilui nos índices dos próximos meses e em todos os produtos e não concentrados só nos combustíveis”, ressalta. 

Cloviomar Cararine, economista e técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), afirma que é difícil quantificar qual será o impacto do reajuste anunciado nesta sexta. “Mas o que a gente vem observado desde 2021, é que a inflação brasileira, que já chegou nos dois digítidos, é puxada pelo aumento dos itens transporte e também o custo com alimentação”, observou.

O econosmista lembra que a dependência brasileira do diesel fica mais latente no segundo semestre, quando o transporte de caminhões é intensificado para a safra de grãos. 

Veja, abaixo, alguns exemplos de impactos de alta dos combustíveis. 

Alimentos

Como a alta do combustível afeta a tabela de fretes, já que os caminhões usam diesel, transportar alimentos do campo, onde é feita a colheita, até o varejo fica mais caro. Até pequenos deslocamentos em caminhonetes abastecidas com gasolina também terão impactos. O repasse da alta dos custos de transportes é imediato nos sacolões e supermercados.  

Produtos em geral transportados via rodovias 

Tudo que vai da fábrica para o varejo e que é transportado por via rodoviária tende a aumentar de preços por causa do repasse do valor do frete: calçados, roupas, produtos eletrônicos, eletrodomésticos, veículos e afins. 

Transporte de pessoas

Também há repasse de preço para o transporte público e privado (ônibus intermunicipal e interestadual). Esses reajustes são programados e há datas específicas para ele, mas a alta do diesel entre nessa negociação tarifária.   

Aplicativos de transporte de passageiros e delivery

Se não há uma alta do preço dos aplicativos de transporte de passageiros, como Uber, e de delivery, como o iFood, há um achatamento nos ganhos dos profissionais. Se não repassarem para o consumidor, a alta dos combustíveis afeta diretamente a renda. 

Energia

Muitas usinas termelétricas, que são acionadas em períodos de estiagem, geram energia através de combustíveis fósseis, como o diesel. O aumento do produto encarece o insumo para elas e há repasse para o consumidor por meio das bandeiras tarifárias e de reajustes das concessionárias.   

Irrigação

Também afeta preço de alimentos. Muitos produtores rurais usam bombas para irrigar a lavoura abastecidas com diesel ou gasolina.  

Fonte: O tempo

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