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Polícia confirma 18 mortes no Alemão; veja outros massacres após operações


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As 18 mortes confirmadas nesta quinta-feira (21) após uma operação no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, é mais um massacre resultante de ações policiais no Brasil.

Segundo as Polícias Civil e Militar, o número de mortos nesta quinta ainda é parcial, pois ainda estavam sendo identificados.

A ação durou mais de 12 horas com intensos tiroteios. Entre os mortos está um policial militar, o cabo Bruno de Paula, 38, e uma mulher, Letícia Marinho, 50, que estava dentro de um carro parado em um sinal.

Considerando a contagem até o momento, a operação é a quinta mais letal da história do Rio de Janeiro, segundo levantamento do Geni (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos) da UFF (Universidade Federal Fluminense).

Comandante do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), o tenente coronel Uirá Nascimento afirmou que a operação foi necessária porque dados de inteligência indicaram que uma quadrilha poderia se movimentar e cometer ações criminosas na cidade, como invasão de outras favelas e roubo a bancos.

Veja outros casos de massacres após operações policiais:

Vila Cruzeiro (RJ) – mai.2022
Uma operação policial em 24 de maio deste ano na Vila Cruzeiro, na zona norte carioca, provocou a morte de 25 pessoas e foi apontada a segunda mais letal da história recente a região metropolitana do Rio de Janeiro, segundo levantamento do Geni-UFF.

De acordo com a Polícia Militar, a ação visava prender em flagrante mais de 50 traficantes de vários estados que sairiam em comboio à favela da Rocinha, na zona sul da cidade. O plano, porém, foi frustrado quando uma das equipes à paisana foi descoberta e atacada na entrada da comunidade, por volta das 4h.

O que se seguiu foram horas de confrontos, que acabaram subindo pela comunidade até chegar a uma área de mata que liga a Vila Cruzeiro ao Complexo do Alemão, onde a maioria foi baleada. Entre os mortos estava Gabrielle Ferreira da Cunha, 41, alvejada dentro de casa longe dali.

Vila Cruzeiro (RJ) – fev.2022
Oito homens foram mortos pela polícia durante uma operação na Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio de Janeiro, na manhã de 11 de fevereiro deste ano. A ação foi realizada pela Polícia Militar e pela PRF (Polícia Rodoviária Federal.

Os agentes tentavam prender Adriano de Souza Freitas, conhecido como Chico Bento e apontado como chefe do tráfico no Jacarezinho. Como a favela havia sido ocupada pela polícia três semanas antes, para implantação do programa Cidade Integrada, os criminosos teriam se escondido na Vila Cruzeiro, também dominada pela facção Comando Vermelho.

Belford Roxo (RJ) – fev.2022
Uma operação da Polícia Militar resultou na morte de ao menos seis pessoas na manhã de 3 de fevereiro deste ano, durante operação no Parque Floresta, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Moradores da região, porém, contabilizaram pelo menos 15 mortes e afirmaram que alguns foram assassinados mesmo depois de rendidos.

Em nota, a corporação afirmou que as equipes foram atacadas a tiros por criminosos e que, por isso, houve confronto.

Complexo do Salgueiro – 22.nov.2021
Nove pessoas foram encontradas mortas em uma região de manguezal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, no mês de novembro do ano passado. Os confrontos começaram no sábado (20), quando o sargento Leandro da Silva foi morto durante um patrulhamento. A PM diz que a equipe em que o agente estava foi atacada a tiros por criminosos.

Os moradores, porém, contestaram essa versão e disseram que não foram criminosos os responsáveis pelo ataque.
No domingo (21), o Bope entrou na comunidade para capturar os responsáveis pelo crime. A PM diz que os agentes receberam informação de que um dos envolvidos no ataque estava ferido na comunidade. E houve tiroteio.

Jacarezinho (RJ) – mai.2021
Uma operação da Polícia Civil na favela do Jacarezinho, na zona norte, terminou com 28 pessoas mortas, sendo considerada a mais letal da história do Rio. Presos durante a ação relataram terem sofrido tortura. Já os boletins médicos dos mortos descreveram os corpos com as vísceras para fora ou com “faces dilaceradas”.

A polícia afirmou inicialmente que a investigação que motivou a incursão tratava de aliciamento de menores, homicídios, sequestros de trem e roubo. Em um relatório feito após a ação, porém, não constam esses crimes, mas o cumprimento de 21 mandados de prisão por associação ao tráfico de drogas.

Paraisópolis (SP) – dez.19
Uma ação da PM para dispersar um baile funk na favela de Paraisópolis, em São Paulo, acabou com nove jovens mortos por pisoteamento e sete pessoas feridas. Segundo imagens e relatos, a multidão acabou encurralada em vielas. Jovens afirmaram que a ação foi uma “emboscada”.

A PM disse que a ocorrência começou com a perseguição de dois suspeitos em uma moto, que entraram no baile. A corporação afirmou que os policiais foram agredidos com pedradas e garrafadas e “houve necessidade do uso de munição química”, com quatro granadas de efeito moral e oito tiros de balas de borracha.

Policiais que participaram da ação chegaram a ser afastados, mas a Corregedoria da PM classificou a ação como legal e pediu arquivamento da investigação. Dois inquéritos foram abertos.

Manaus (AM) – out.19
A PM do Amazonas matou 17 pessoas durante ação contra o tráfico de drogas no bairro Crespo, em Manaus. Todos os corpos foram retirados da cena do crime antes da chegada da perícia. Nenhum policial se feriu.

Segundo a PM, membros de uma facção invadiram uma boca de fumo do grupo rival. Cerca de 60 homens da corporação foram ao local.

Os traficantes reagiram com tiros à abordagem, segundo a PM.

Em setembro de 2020, o Ministério Público do Amazonas apontou fortes indícios de que a PM tivesse assassinado as 17 pessoas e depois manipulado a cena.

Guararema (SP) – abr.2019
Onze pessoas foram mortas pela PM após explodirem duas agências bancárias, no centro de Guararema. Três suspeitos foram presos. Nenhuma quantia em dinheiro foi levada.

Os agentes souberam do plano após o Ministério Público interceptar ligações entre os criminosos. A data foi informada à Rota, que ficou de prontidão para agir.

O governador João Doria (PSDB) condecorou os policiais. Já um relatório da Ouvidoria da Polícia considerou haver fortes indícios de que as mortes ocorreram com os suspeitos já rendidos.

Morro do Fallet (RJ) – fev.2019
PMs mataram 15 pessoas em operações nos morros do Fallet-Fogueteiro, Coroa e Prazeres, no centro do Rio.

A corporação afirmou que todos foram mortos em confronto –não há informação de agentes mortos ou feridos. Os moradores acusam os agentes de execução. Entre os mortos, estavam dois adolescentes.

O inquérito para apurar o caso chegou à conclusão de que os agentes não cometeram crime nem transgressão. Paralelamente, seguem as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público estadual.

Várzea Paulista (SP) – set.2012
Um tiroteio entre policiais da Rota e suspeitos deixou nove mortos e cinco presos na cidade do interior de São Paulo.

Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), a polícia recebeu uma denúncia anônima informando o local onde um homem suspeito de estupro seria julgado por um “tribunal do crime”. Dois pelotões da Rota foram enviados e os suspeitos tentaram fugir em dois carros.

Na perseguição, de acordo com a SSP, houve troca de tiros e quatro suspeitos morreram e três foram presos. Na chácara em que estaria ocorrendo o “tribunal”, ainda de acordo com a polícia, outros cinco suspeitos foram baleados e morreram.

Vila Isabel (RJ) – out.2009
Confronto entre PMs e traficantes deixou 12 mortos e oito feridos no morro dos Macacos, na Vila Isabel, no Rio. Na operação, um helicóptero da PM foi derrubado pelos criminosos, matando dois policiais e deixando outros três feridos. Um homem e um adolescente foram detidos.

Segundo a polícia, membros do Comando Vermelho tentaram invadir o morro, controlado pela ADA (Amigos dos Amigos), o que deu início a um tiroteio. A PM foi enviada, mas precisou derrubar as barricadas na entrada da favela para entrar.
O então secretário da Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que “dez marginais” foram mortos em confronto.

Alemão (RJ) – jun.2007
Megaoperação das policiais Civil e Militar de da Força Nacional de Segurança no Complexo do Alemão terminou com 19 mortos e 13 pessoas feridas –entre elas, uma aluna atingida na escola e uma criança. Treze corpos foram recolhidos pela polícia, e outros seis foram deixados em frente à 22ª DP (Penha), em uma van. Dos 1.350 policiais que atuaram, um ficou ferido. Três homens e um adolescente foram detidos.

Segundo a SSP, a operação visava o cumprimento de mandados de prisão e apreensão de drogas e armas. Foram apreendidos cinco fuzis, 60 bananas de dinamite com detonadores, cinco pistolas, duas metralhadoras antiaéreas, cerca de 2.000 munições, 30 kg de cocaína, 115 kg de maconha, lança-perfume e uma balança de precisão.

Entidades de direitos humanos rechaçaram a ação. A Anistia Internacional classificou a megaoperação como “violenta e caótica”. Na ocasião, o secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, defendeu a ocupação como forma de combate à violência. Ele afirmou que a solução para o problema, no Rio, “é um remédio amargo”, mas que é preciso “optar e seguir em frente”.

O então presidente Luiz Ignácio Lula da Silva (PT) também defendeu a ação, afirmando que não se defende bandido com rosas.

Catumbi (RJ) – abril.2007
Operação no morro da Mineira, no centro, terminou com 13 mortos e sete feridos. Parte das vítimas chegou morta ao hospital municipal Souza Aguiar, a bordo do carro blindado da PM, o Caveirão. Nove suspeitos foram presos.

Policiais entraram na favela, que estava sob disputa do CV (Comando Vermelho) e ADA, após um tiroteio entre os criminosos interditar o túnel Santa Bárbara.
No total, foram apreendidos três fuzis, cinco pistolas e porções de drogas.

São Bernardo do Campo (SP) – jun.2006
A Polícia Civil matou 13 pessoas, supostamente ligadas ao PCC, em uma operação que tinha objetivo de evitar ataque da facção criminosa contra agentes penitenciários em São Bernardo do Campo. Cinco suspeitos foram presos e outros quatro fugiram.

A polícia afirmou ter surpreendido o grupo quando se preparavam para atacar os agentes. Dez suspeitos foram mortos no local. Três foram perseguidos e mortos no município vizinho, Diadema

Um dia antes, o então governador Cláudio Lembo (PFL) havia dito que o PCC ameaçava dar início a “muitos” ataques no estado.

A ação ocorreu um mês depois de 564 pessoas, entre civis e agentes de segurança, terem sido executados no estado, no episódio conhecido como crimes de maio.

Senador Camará (RJ) – jan.2003
Ação contra o tráfico de drogas deixou 14 mortos, entre eles um policial civil e um militar, na comunidade da Coreia, em Senador Camará. Segundo a polícia, outros dois suspeitos morreram de overdose enquanto eram levados para a delegacia.

Segundo o então secretário estadual de Segurança Pública, Josias Quintal, a “ação da polícia foi legal”.
Dois PMs foram presos acusados de pertencer à quadrilha. Outros cinco supostos criminosos também foram presos.

Castelinho (SP) – mar.2002
PMs mataram 12 supostos integrantes do PCC no pedágio da rodovia Senador José Ermírio de Moraes, conhecida como Castelinho, na região de Sorocaba.

A ação recebeu elogios do então secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, e do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A investigação apontou que os policiais deram um fim às fitas do circuito de segurança. A Promotoria chegou a indiciar 53 PMs sob acusação de homicídio triplamente qualificado. A Justiça, no entanto, entendeu que os agentes agiram no estrito cumprimento do dever e, por isso, decidiu não levá-los a júri. (Folhapress)

Fonte: O tempo

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