Pesquisa: ONG Redes da Maré mostra como mulheres resistem a violência

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira pela ONG Redes da Maré, analisou como as mulheres de um dos maiores conjuntos de favelas do Brasil, localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, criaram diversas práticas de enfrentamento para resistir à violência urbana de gênero.

De acordo com o estudo, muitas dessas ações preenchem lacunas históricas deixadas nos serviços públicos de acolhimento e proteção de pessoas que vivem em favelas e periferias.

Entre os tipos de violência identificados está a de gênero, enfrentada por elas dentro da própria casa e em espaços públicos. Mas outras formas de violência, como a armada, racial e estrutural, se juntam à falta de infraestrutura para compor a realidade das mulheres da Maré.

O levantamento também sinaliza práticas de resistência, de efeito imediato e reativo, como a busca de espaços mais protegidos em suas casas, manter silêncio para evitar conflitos, ficar perto uma das outras, especialmente em transporte público e espaços urbanos desertos; não circular à noite e portar instrumentos cortantes.

Há, ainda, quem consiga transformar a experiência particular da violência como estímulo para redes de apoio, compostas por familiares, amigos e vizinhos e, sobretudo, mulheres inseridas na mesma realidade. As mais jovens relataram a importância de valorizar a ancestralidade e o pertencimento histórico à Favela da Maré, para a construção de novos sentidos de vida.

O estudo chama a atenção para necessidade de políticas que atendam às singularidades das histórias dessas mulheres, modos de vida e necessidades reais, evitando também que elas sejam revitimizadas ao tentar acessar os serviços disponíveis. E traz uma série de recomendações às autoridades, entre elas, a participação delas na definição dessas políticas.

Direitos Humanos Rio de Janeiro 16/07/2022 – 08:08 Vitória Elizabeth / Beatriz Arcoverde Fabiana Sampaio – Repórter da Rádio Nacional ONG Redes da Maré Violência Contra a Mulher sábado, 16 Julho, 2022 – 08:08 1:49