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Os planos da Infracommerce após o alívio de R$ 400 milhões


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Num ritmo intenso de compras desde o IPO em 2021, a Infracommerce passou o ano sufocada por dívidas. Com uma captação de R$ 400 milhões concluída hoje, feita principalmente via conversão de passivos, conseguiu tirar o nariz da água.

“Minha sensação é de alívio de ter feito a lição de casa prometida no começo do ano. Tiramos as nuvens pretas que nos rondavam”, diz Kai Philipp Schoppen, CEO e fundador da companhia de tecnologia para varejistas online.

O follow-on concluído hoje, que representou uma diluição brutal de mais de 40%, trouxe dinheiro novo do Pátria e da gestora Compass — sua maior acionista. A maior parte da oferta foi convertida por acionistas da NewRetail, uma companhia da qual a Infracommerce detém os ativos na América Latina.

Embora a precificação tenha ficado apenas em R$ 1,60, a entrada de recursos no caixa da companhia vem em boa hora e deve deixar em outro patamar o negócio, cujo mercado tem olhado de forma cética. A relação entre dívida líquida e Ebitda atualmente em 3x deve cair para algo entre 1x e 2x com o dinheiro captado agora.

Como foi dada ainda a vantagem de bônus de subscrição de 1 para 3 ações para quem entrou na oferta, a estrutura de capital da Infracommerce deve se reforçar mais à frente. Considerando o desempenho atual da empresa e o warrant, essa alavancagem poderia ficar abaixo de 1x.

A companhia começou 2023 queimando caixa e com dívida alta. Só para pagamento das despesas financeiras eram quase R$ 100 milhões ao ano. Ao fim do terceiro trimestre, os vencimentos somavam R$ 608 milhões, incluindo recursos para o pagamento das aquisições feitas, que vieram em ritmo acelerado desde o IPO, em 2021.

O crescimento inorgânico ajudou a empresa a crescer e a colocou em posição de liderança em diversos mercados, inclusive fora do Brasil – cerca de 40% do faturamento já vem das operações na América Latina. Se anualizados os números do terceiro trimestre, a receita líquida passa do R$ 1 bilhão e o Ebitda soma em torno de R$ 250 milhões, cifras quase 5 e 10 vezes maiores, respectivamente, do que à época da estreia da Infracommerce na Bolsa.

Mas as compras, feitas em parte em dívida bancária e parcelamento de alguns dos pagamentos, exigiram o aperto dos cintos, especialmente pela escala dos juros. Em setembro, quando anunciou o interesse de fazer uma oferta, a Infracommerce suspendeu o guidance dado no início de 2023, de Ebitda entre R$150 milhões e 170 milhões. A empresa cortou R$ 70 milhões de custos no ano. Ao fim do terceiro trimestre, a margem bruta tinha aumentado dois pontos percentuais para 42,9% e a Infracommerce conseguiu entregar geração de caixa operacional positiva.

“O mercado dizia que tínhamos feito metade do trabalho, mas, ainda precisávamos cortar mais R$ 100 milhões. Diziam: ‘isso é loucura’. E assim muitos investidores se afastaram”, conta Schoppen. De fato, a ação da Infracommerce acumula uma desvalorização de 89% desde o IPO – hoje, após a precificação da oferta, a queda foi de nada menos que 9,47%. Atualmente, o múltiplo EV/Ebitda da Infracommerce está na casa de 5x contra uma média de 11x do setor de tecnologia.

Schoppen diz que a agenda de M&As da companhia está encerrada e agora o trabalho está em rodar a engrenagem. Nos últimos meses, a empresa se dedicou a integrar todos os sistemas das adquiridas. Com a dívida reduzida e as melhorias feitas, o executivo vê a Infracommerce mais equilibrada. “Vamos fazer mais do mesmo. Estamos bem otimistas porque os números prometem. Os juros caindo também tornam o ambiente bom para varejo.”

A oferta também trouxe outro reforço: com pouco mais de 37,5 milhões de ações compradas, o Pátria vai integrar o conselho de administração da Infracommerce. Antes da oferta, o fundo já tinha uma exposição na empresa por ter adquirido a Igah Ventures, que foi uma das early investors da companhia. “A entrada deles no conselho reforça a governança”, diz Schoppen.

Fonte: Exame

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