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‘Não acho que é decisão da mulher’, diz secretária de Damares sobre o aborto


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Em entrevista exclusiva O TEMPO, a secretária nacional da Família no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Angela Vidal Gandra da Silva Martins, em visita a Belo Horizonte nesta sexta-feira (18), explicou como ações do Ministério da Saúde, em parceria com a pasta chefiada por Damares Alves, e entidades, vão atuar na prevenção ao suicídio, gravidez na adolescencia e uso de drogas lícitas e ilicitas. A campanha Ações de Educação em Saúde em Defesa da Vida foi lançada oficialmente no dia 10 de setembro, em Brasília, no Dia Mundial de Prevenção do Suicídio e prevê uma série de atividades educativas, itinerantes e online. 

Secretária, os temas que vão ser abordados nas ações são temas polêmicos, como o aborto, uso de drogas como meio medicinal e outros. A partir disso, o Ministério está aberto ao diálogo com pessoas que pensam justamente o oposto? Desde o primeiro momento, somos altamente plural e abertos ao diálogo, recebo diariamente pessoas que não pensam como nós. Só que há uma coisa, quando você percebe que é um direito humano, não estou tratando de algo opinável, mas algo que é fundamental e constitucional, nós não temos medo de ficarmos firmes na defesa do ser humano na totalidade. Quando falamos de drogas, como é em nome da liberdade do ser humano a gente abre caminho para a escravidão? Porque nós acompanhamos as unidades terapêuticas, acompanhamos os desastres das famílias: lares de violência, de evasão escolar, de suicídio, de gravidez na adolescência, nesse sentido defendemos como certo para o ser humano. Não é algo opinável, mas fundamental.

E em relação ao aborto? Em relação ao aborto, eu sou jurista e defendo a vida, que é o primeiro direito humano, pois eu defendo alguém que não pode defender seu próprio direito. Mas se eu penso, cientificamente, filosoficamente, já tem um DNA lá, já tem potencialidade. Então, falta muita informação para as pessoas. Mas a gente defende dialogando, sem imposição, mas a gente defende tranquilo, por quê? Porque vemos utilitarismo por trás disso. É impressionante ver quanto dinheiro temos atrás dessas pautas, e o que me preocupa é que não se dê informação suficiente e depois vai manipular o ser humano, e depois, o drogado vai ser manipulado, o narcotráfico vai entrar no Brasil… Eu já acompanhei milhares de pessoas que abortaram, é impressionante como isso afeta a mulher.

Mas e em relação ao estupro, principalmente de vulneráveis, tivemos o caso da menina de 10 anos, que após ser estuprada pelo tio e engravidar, ganhou o direito na justiça de interromper a gravidez? Essa menina sofreu mais que deveria, pois se pensarmos juridicamente no corpo dela, o bebê nasceria em um mês, poderia ter feito a cesárea, o bebê não sofreria, ela não teria que ter expelido o bebê, com todo o sofrimento que isso impõe à criança e o Brasil inteiro queria adotar essa criança. Recebemos um monte de mensagens “queremos esse bebê”. Houve um sofrimento, o estupro é um sofrimento, mas agora, por que que devemos acumular sofrimentos? Ali há uma vida que nasceu da situação. 

Mas em relação a tudo isso, todo mundo é estuprado? Todos os abortos são de estupro? Desde a minha faculdade, e eu me formei em 1983, já naquela época já sabíamos que lá na faculdade, na USP, se faziam abortos, a mulher chegava arranhada e falava-se: “ah, tá bom, aborto. Aborto, aborto…” Não pode ter tanto estuprador, e se tem tantos, como a gente convive com tanto estupradores soltos? Então, é uma incoerência. Como eu deixo impune esse crime? Existe uma incoerência, existe uma defesa auto-interessada, interesses econômicos por trás de gente desinformada. 

Eu não acho que é decisão da mulher, tenho buscado na secretaria que os homens sejam envolvidos. Tenho amigos que a namorada abortou e eles choram até hoje, pois ele queriam ser pais, pois ela não produziu o bebê sozinho”

Mas quando a mulher é estuprada a decisão é só do homem, né? É nisso que quero chegar. Queremos saber quantos estupros existem no Brasil, nós não sabemos. A gente não chega a esse número. E na hora que a gente chegar a isso, na mulher que realmente foi estuprada, ela vai querer que persiga essa pessoa, pois ela foi realmente estuprada, pois a gente percebe que isso não é verdade. Não posso acreditar nessa estatística, porque senão a gente só tem estuprador no Brasil, todo mundo engravidou de estupro? Na semana passada eu estava com um médico que falou que uma gravidez de estupro é tão dificil, a mulher não está preparada, ela se defende e pode não estar na época fértil e o homem também, para não deixar DNA ele não ejacula, nem nada. Então, é um caso em mil e a gente usa de uma excessão para legalizar algo que é um aborto jurídico. A gente fala: eu defendo os direitos humanos, só não o primeiro, que a pessoa seja um sujeito de direitos, Então é um incoerência, né?

E em relação à campanha, como a família vai participar das ações? A família, nós entendemos como fonte da saúde, onde é cuidada, nutrida, inclusa, acompanhada nos tratamentos médicos, e onde se potencializam ou não as patologias.

Então, em termos da completude das ações da saúde, vendo dentro da família, o que ela pode curar? Na questão do suicídio, lançamos uma cartilha para ensinar as famílias quais são os sintomas, os riscos,  como deveriam ser as atitudes para que, em tese, a pessoa se sinta compreendida. Por isso, nossa campanha se chama “Acolha a vida”, pois a família, não expande, mas que possa levar a um profissional de saúde que vai fazer o atendimento. Então nesse sentido a família vai entrando não como paralela, mas como fundamental pra que as ações possam ir até o final e a gente encontre a cura.

Nas drogas, a gente conscientiza as famílias em como perceber o filho que está se drogando, como proteger, também o bom usos das tecnologias por isso lançamos a campanha “Reconecte”, que informa às famílias o conteúdo que os filhos possam ter nas mãos, pois todas as incitações sobre automutilação, suicídios, uso de drogas, elas vem através das redes sociais, e os pais estão muito alheios,é uma forma de educar, mas nosso objetivo é educar as famílias.

Fonte: O tempo

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