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Minas retoma aulas de forma remota no dia 11, com transmissões pela Rede Minas
A secretária de Estado de Educação, Julia Figueiredo Goytacaz Sant’Anna, foi sabatinada por deputados estaduais, nesta quarta-feira (15), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para esclarecer pontos da proposta do governo para a retomada das aulas da rede estadual em meio à pandemia de coronavírus. O retorno se dará de forma remota, a partir do dia 11 de maio, com transmissão de aulas, inclusive, pela Rede Minas de televisão.
Os parlamentares fizeram diversos questionamentos, o que inclui dificuldades de acesso à internet e à própria rede de TV, o atraso no pagamento dos salários dos professores e a convocação de servidores para trabalhos presenciais. Para a deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, a decisão de retomar as aulas, mesmo que de forma remota, quebra o isolamento social, recomendado pelas autoridades de saúde.
“Qualquer medida quebra o isolamento, funcionários indo na escola, entrega de materiais. Compreendo a ansiedade para uma tentativa de normalidade, mas nunca vivemos uma pandemia, e ainda não vivemos o pico. A preocupação é com a preservação da vida. Vamos conseguir retomar o calendário letivo. Temos que trabalhar mais o isolamento do que retomar qualquer atividade”, ponderou a deputada.
A secretária Julia Sant’Anna esclareceu que as orientações da Secretaria de Estado de Saúde (SES) serão seguidas, mas reforçou a importância da retomada das atividades o quanto antes. Ela, inclusive, lembrou que a rede particular já iniciou as aulas de forma remota. “Será uma ativação de forma remota. Não é o que a gente gostaria, não é o processo ideal, metodológico de ensino e aprendizagem. É importante apresentar uma proposta que não se demore muito (a voltar as aulas). A distância tem causado muito sofrimento”, destacou.
A secretária reconheceu as dificuldades de conexão para as aulas online, mas informou que o Estado vai se esforçar para minimizar os problemas, o que inclui a distribuição de materiais físicos aos alunos. “Temos a plena consciência da dificuldade de conectividade, mas entendemos que é importante garantir esse contato. Reconheço que não temos a certeza se vamos alcançar a todos, mas estamos com estratégias para atingir a maioria, o que é muita gente”, ponderou.
Com relação à presença de funcionários nas escolas, a secretária ressaltou que eles serão convocados por diretores apenas quando necessário para a manutenção predial. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), inclusive, emitiu uma recomendação para que a Secretaria de Estado de Educação (SEE) se abstenha de retomar o trabalho presencial nas unidades de ensino, excetuando-se as situações concretas, pontuais e devidamente fundamentadas, e que forneça os equipamentos de proteção individual, como máscaras, e álcool em gel.
Proposta de ensino remoto
Minas Gerais está com 1,7 milhão de alunos sem aulas há quase um mês. O objetivo da Secretaria de Educação de retomar as aulas é justificado pelo fato de a demora dificultar o aprendizado, aprofundando as desigualdades no Estado, prejudicando, mais diretamente, os estudantes mineiros do ensino médio que se preparam para o Enem.
Para a elaboração do Regime de Estudo Não Presencial, a secretaria se reuniu com diversas instituições de ensino, profissionais das redes estadual, municipal e particular, representantes indígenas e quilombolas e parlamentares para ouvir sugestões e trocar experiências e ideias. Os encontros aconteceram de forma remota, entre 23 de março e 3 de abril. O modelo inclui três vertentes. São elas:
– Plano de Estudo Tutorado (PET): apostila mensal de orientação de estudo e atividades por ano de escolaridade baseados no Currículo Referência de Minas Gerais (CRMG)/Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Distribuição prioritária por meios virtuais (site, e-mail, WhatsApp etc).
– Programa “Se Liga na Educação”: transmissão pela Rede Minas, nos dias úteis pela manhã, de conteúdos em que os estudantes apresentam maiores dificuldades, além de uma hora ao vivo para interação com professores no estúdio. Alcance é de cerca de 1 milhão de alunos. Também será transmitido no YouTube.
– Sites e redes sociais da SEE: acesso aos PETs, a programação do “Se Liga na Educação”, guia prático e perguntas e respostas para uso de todas as ferramentas disponibilizadas em diferentes versões para alunos, professores e diretores.
Também há um plano para modalidades especiais de ensino, para teleaulas com tradução em libras, readequação para escolas indígenas e PETs em braille.
O fluxo de comunicação se dará por meio das Secretarias Regionais de Ensino e Diretoria de Logística para a entrega dos materiais virtuais aos alunos, que precisará do apoio dos municípios e da contratação do serviço de entrega. Dúvidas dos alunos poderão ser tiradas por meio de canais de atendimento e guias práticos.
O Estado pretende seguir o seguinte cronograma:
– 14 de abril: retorno não presencial de diretores e secretários escolares. Atividades de atualização da base professor/aluno e logística de entrega PET;
– 22 de abril: disponibilização dos PETs no site da Educação e para os professores das unidades de ensino de todo o Estado;
– 4 de maio: distribuição dos PETs para os alunos;
– 11 de maio: estreia da transmissão de aulas pela Rede Minas.
Quatorze Estados brasileiros já definiram que continuarão os estudos de forma remota. Minas, Paraná e Acre anteciparam as férias enquanto se planejam para o ensino não presencial. Os demais Estados seguem com as aulas suspensas.
Fonte: O tempo