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João Gabbardo: ‘Gestão da Saúde é mais complexa que administrar curso de inglês’


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O médico João Gabbardo, que foi o número 2 do Ministério da Saúde na gestão de Henrique Mandetta e hoje é secretário-executivo do Centro de Contingência do combate ao coronavírus em São Paulo, criticou neste sábado (6) a posição do governo de rever os critérios para contabilizar o número de casos e de mortos pela Covid-19 no país.

O especialista rebateu a fala do empresário Carlos Wizard, novo secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde, que, em entrevista ao jornal “O Globo”, disseque a pasta iria recontar o número de mortos no Brasil vítimas da Covid-19, e que os dados atuais são “fantasiosos e manipulados”.

Em um debate na Globo News, Gabbardo afirmou que que “administrar a gestão do Ministério da Saúde é mais complexa que administrar cursos de inglês”. A fala dele faz referência ao empresário, que foi fundador de uma escola de idiomas.

Para Gabbardo, as declarações do futuro secretário mostram um pouco da inexperiência dele. “O secretário (Wizard) vai ter que rapidamente se adaptar a uma nova realidade e a uma responsabilidade muito grande nas suas manifestações. Tenho certeza que essas declarações serão revistas pelo Ministério da Saúde”, disse.

Gabbardo também afirmou que o próprio ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, não deve aceitar a sugestão de Wizard. “A primeira pessoa que falou dessa diferença que existe entre o número de funerais quando comparado ao número de declarações de Covid foi o general Eduardo”, declarou.

Ainda no programa da Globo News, a pneumologista e pneumologista e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo declarou que os “cemitérios não mentem”. “Quando olhamos o que está acontecendo, não há como manipular dos dados de mortes”, disse.

Conselho critica

Wizard também foi duramente criticado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que reúne gestores de 26 Estados e do Distrito Federal. Em nota, o Conass afirma que a declaração revela “profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias”.

 

Confira a nota do Connas na íntegra:

“O CONASS repudia com veemência e indignação as levianas afirmações do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard.

Ao afirmar que Secretários de Saúde falseiam dados sobre óbitos decorrentes da Covid-19 em busca de mais “orçamento”, o Secretário além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias.

A tentativa autoritária, insensível, desumana e anti-ética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19, não prosperará.

Nós e a sociedade brasileira não os esqueceremos e tampouco a tragédia que se abate sobre a nação.

Ofende secretários, médicos e todos os profissionais da saúde que têm se dedicado incansavelmente a salvar vidas.

Wizard menospreza a inteligência de todos os brasileiros, que num momento de tanto sofrimento e dor, veem seus entes queridos mortos tratados como “mercadoria”.

Sua declaração grosseira, falaciosa, desprovida de qualquer senso ético, de humanidade e de respeito, merece nosso profundo desprezo, repúdio e asco.

Não somos mercadores da morte.

A vida é nosso valor maior, com ela não se negocia, relativiza ou transige.

O povo brasileiro é forte e resiliente, seguiremos a seu lado e juntos para preservar sua saúde e salvar vidas”.

Alberto Beltrame, Presidente do CONASS

 

(com agências)

Fonte: O tempo

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