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Hotéis e vagões de trem viram área de isolamento da covid-19 na Índia


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No Suryaa, um hotel de luxo de Nova Délhi, os funcionários se preparam, atônitos, para trocar os ternos e saris elegantes por equipamentos de proteção adaptados à nova clientela: doentes com o novo coronavírus.

A epidemia de COVID-19 continua fazendo estragos na Índia, que superou neste sábado, 27, os 500.000 casos. A capital, Nova Délhi, com mais de 73.000 contagiados e 2.400 mortos, é a cidade mais atingida pela pandemia no país, à frente de Mumbai.

Diante do aumento do número de pessoas infectadas, as autoridades da cidade, de 20 milhões de habitantes, ordenaram a requisição de hotéis, salões de festas e vagões de trens para transformá-los em centros de isolamento para os doentes, uma medida sem precedentes.

Os funcionários destes estabelecimentos observam, estupefatos, as mudanças.

“Tivemos um treinamento do hospital sobre como lavar o equipamento de proteção individual e como tirá-lo. É algo que nunca teria pensado que faria em toda a minha carreira na hotelaria”, explica Ritu Yadav, um diretor do hotel Suryaa, que receberá em breve os primeiros doentes.

“Para os médicos e enfermeiras, faz parte da vida deles. Para nós, é uma experiência totalmente nova e muito difícil”, afirma.

Mais habituados a trocar os lençóis e servir o café-da-manhã nos quartos do que a se encarregar de doentes em uma epidemia, os funcionários do Suryaa tiveram que improvisar para se adaptar à nova situação.

No total, foram preparados 200 leitos para pacientes assintomáticos ou com sintomas moderados do novo coronavírus. O hotel não poderá cobrar mais de 66 dólares de diária, incluindo as refeições.
A comida será servida em pratos descartáveis. Foram desenhadas linhas vermelhas para marcar o distanciamento que deve ser respeitado e o contato entre os funcionários e os pacientes será mínimo.

Camas de papelão

A COVID-19 está crescendo em Nova Délhi. Os jornais locais estão repletos de histórias de pessoas que morreram porque vários hospitais não quiseram recebê-las por falta de leitos.

No começo de junho, o governo da megalópole anunciou que esperava alcançar meio milhão de casos no fim de julho, ou seja, 20 vezes mais em dois meses.

Este aumento exigiria, segundo estimativas oficiais, 80.000 leitos em hospitais. Em tempos normais, Délhi conta apenas com 13.179 vagas nos sistemas público e privado.

Por isso, as autoridades requisitaram cerca de trinta hotéis. Cada estabelecimento depende de um hospital de referência, que pode enviar pessoal sanitário em casos de urgência.

Um imenso centro religioso também está sendo transformado em espaço para acolher doentes, com capacidade para 10.000 leitos, muitos deles feitos de papelão.

Os hotéis foram surpreendidos por estas medidas do governo.

“Foi um golpe para nós porque ninguém nos falou disso. Descobrimos pela imprensa”, explica à AFP Greesh Bindra, um dos gerentes do Suryaa.

Os donos dos hotéis, entre eles o Suryaa, recorreram à justiça. Alegaram que muitos de seus funcionários têm mais de 50 anos, com mais riscos de contágio, e que seu pessoal não tem nenhuma formação para tratar doentes ou gerenciar os resíduos biomédicos.

O tribunal só lhes deu razão em parte: mais do que ser hospitais de campanha, estes hotéis serão centros de acolhida para doentes menos graves.

“É como se você dormisse em um hotel e no dia seguinte acordasse e anunciassem que o seu hotel foi transformado em um hospital”, diz Greesh Bindra. “Trabalhamos em hotelaria, não com saúde”, queixa-se.

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Fonte: Exame

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