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Executivo é chamado de ‘negão’ e rompe contrato de R$ 1 milhão
O diretor de tecnologia Juliano Pereira, 37, está processando a Optat Consulting e a multinacional Oracle por injúria racial após ser chamado de “negão” em uma reunião por vídeo.
Sócio-diretor da Proz Educação, Pereira conta que negociava a implementação e os custos de um projeto que já estava atrasado.
Durante uma reunião por videoconferência, em outubro de 2021, a Optat propôs cobrar R$ 230 mil para refazer o trabalho. O executivo da Proz esperava que a Optat se comprometesse a arcar com metade do prejuízo.
Segundo o executivo, após uma hora de conversa sem acordo, ele expôs sua perda de confiança na parceria e a intenção de contar o ocorrido para outros parceiros.
“Como eles disseram que não iam ajudar, eu falei: ‘Pô, eu expus meu nome endossando o trabalho de vocês. Será que agora não seria o caso de alertar essas empresas sobre o que ta acontecendo conosco?”.
Foi então que o representante da Optat respondeu: “Aí não, negão, Aí você quer me foder”.
“Eu encerrei a reunião na hora. Falei que era inaceitável esse tipo de tratamento e disse que o contrato estava cancelado”, afirma Pereira.
O contrato da Proz com a Optat para implantar um software da Oracle era de R$ 1 milhão e duraria três anos. Quando o contrato foi encerrado, segundo o executivo, ele já tinha desembolsado R$ 400 mil.
“Até hoje estou sem o sistema. Mas quero que sirva de caráter pedagógico, de jurisprudência. Hoje, uma empresa ser racista no Brasil não custa nada. Não quero que meu filho, de 3 anos, também passe por isso na sua vida profissional”, diz.
As ações contra o representante da Optat Consulting e Oracle pedem indenização de R$ 50 mil, cada uma.
Denúncia pede responsabilização de multinacional
O diretor de tecnologia acusa a Oracle de não ter tomado nenhuma providência contra a empresa de consultoria. “Formalizei a denúncia, questionando o código de ética da Oracle. Abriram uma auditoria interna e nada. Pedi a gravação da reunião, e disseram que não haviam gravado”, afirma Pereira.
Procurada, a Oracle não se manifestou até o momento. Matheus Mason Adorno também não respondeu.
A Optat Consulting diz que “responderá ao processo para o restabelecimento da verdade dos fatos e ingressará com as medidas judiciais cabíveis”.
Em nota, a empresa de consultoria “lamenta que o sr. Juliano Pereira tem usado de uma causa tão séria e nobre, que é o combate ao racismo, para promover vingança por questões contratuais e financeiras”.
“Causa grande estranheza um fato que ocorreu há mais de oito meses vir à tona somente agora, com falsas acusações e fatos distorcidos. Ora, se ele tinha todas as provas, por que não ingressou criminalmente contra a pessoa que supostamente o injuriou logo após o acorrido? Por que somente agora processou a empresa por danos morais?”, afirma a Optat Consulting. (Ana Paula Branco/Folhapress)
Fonte: O tempo