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Empresas ainda não conseguem acessar crédito na crise, diz estudo da FGV


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A dificuldade das empresas em obter acesso ao crédito continuou nas duas primeiras semanas de junho, em patamar tão significativo quanto em abril e maio, quando os estados decretaram o fechamento da economia em razão da pandemia do novo coronavírus.

Nem as linhas de crédito emergenciais do governo aliviaram a dificuldade das empresas em conseguir financiamento, segundo um estudo elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e obtido com exclusividade por EXAME. O levantamento foi realizada com 2.520 empresas entre os dias 1º e 15 deste mês.

A FGV definiu um índice que mede o grau de facilidade das empresas em obter crédito. A pontuação vai de zero a 200. A prévia de junho indica que o mês deve fechar com um índice de 55,6 pontos, o mais baixo da série histórica iniciada em 2009. O acumulado do ano apresenta uma queda de 31,8 pontos.

“Para termos um cenário positivo, com a maioria das empresas conseguindo negociar com os bancos, esse indicador precisa passar a marca dos 100 pontos, o que está longe de acontecer”, diz a economista Renata Mello Franco, responsável pelo levantamento.

Fatores como a concentração bancária, com pouca concorrência entre as instituções financeiras, e o temor de um risco crescente de inadimplência das empresas estão entre os principais motivos para a dificuldade em acesso ao crédito, segundo a FGV.

A falta de previsibilidade em relação a uma reabertura segura também joga contra as empresas que estão em busca de novos recursos. “Quanto mais tempo levar para vencermos o coronavírus, mais as empresas irão sofrer e o desemprego corre o risco de aumentar”, afirma Renata.

O estudo aponta que o setor que mais tem sofrido para acessar capital é o comércio, um dos mais afetados pela pandemia. A indústria também enfrenta uma maior complexidade em conseguir financiamentos.

“O diálogo dos diferentes setores da economia com o governo precisa ser intensificado para que sejam criadas soluções mais adequadas para necessidades específicas de cada segmento”, afirma Renata. “O crédito ainda não está chegando aos empresários.”

Em maio, o governo criou um programa de incentivo ao crédito para as pequenas e médias empresas com recursos de ordem de 15,9 bilhões de reais do Fundo de Garantia de Operações (FGO), administrado pelo Banco do Brasil.

Os resultados, no entanto, ainda são incipientes. Entre os bancos privados, o Bradesco lançou uma linha de financiamento de 500.000 reais para empresas com faturamento de até 5 milhões de reais por ano

Os únicos segmentos que apresentaram um aumento na facilidade em obter financiamento são a construção civil, com mais de 80% das obras em andamento, e o de serviços, beneficiado pela reabertura econômica em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.

Na indústria, setores como a aviação civil e derivados de petróleo relataram os maiores entraves em conseguir acesso ao crédito, com uma piora de 22,9% e 77,8%, respectivamente, projetada para junho a partir da análise das duas primeiras semanas do mês. No segmento de serviços, a maior dificuldade para negociar empréstimos foi sentida pela área de alimentação.

O PIB do setor de serviços deverá sofrer a maior retração entre todos os segmentos da economia, com uma expectativa de queda de 14%, seguida pelo comércio (10%), de acordo com a FGV. Sem a previsão de uma retomada econômica real, sem novos fechamentos da economia, os bancos demonstram restrições em conceder empréstimos.

No comércio, o segmento de roupas e calçados vive a conjuntura mais dramática em relação ao crédito, com uma diminuição de 13,6 pontos percentuais do indicador da FGV em junho em comparação a maio.

“Por enquanto, estamos longe de ver uma recuperação de acesso ao crédito, apesar de todos os esforços do governo”, diz Renata. “A reformulação de programas de linhas de empréstimos que estão sendo pensadas nesse sentido poderá trazer algum alívio para o empresário, mas ainda é cedo para saber.”

 

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Fonte: Exame

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