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Dólar fecha a R$ 5,32 e atinge maior valor em cinco meses


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O dólar comercial à vista elevou ganhos sobre o real nesta sexta-feira (1º), primeiro dia após o fechamento de um semestre de queda histórica no mercado de renda variável e que reforçou expectativas sobre uma forte desaceleração da atividade econômica mundial.

No Brasil, investidores redobraram a cautela devido ao sentimento de que a disputa eleitoral vai ampliar o risco fiscal, sobretudo após a aprovação pelo Senado na véspera da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece um estado de emergência para ampliar e criar novos auxílios sociais.

No fechamento do mercado nesta sexta, a moeda americana subiu 1,72%, cotada a R$ 5,3220, maior valor desde 4 de fevereiro. Durante a manhã, a divisa chegou a saltar 2,04%, quando tocou a máxima do dia, de R$ 5,3390.

No encerramento de junho, o dólar comercial à vista obteve o maior ganho mensal desde março de 2020. O ganho no mês passado foi de 10%, enquanto a alta no mês marcado pelo início da pandemia chegou perto dos 16%.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, descreveu o semestre encerrado na véspera como “brutal para os mercados” e destacou a perspectiva de recessão mundial como fator determinante para a alta da taxa de câmbio. “O clima é mesmo de aversão ao risco”, comentou.

O movimento generalizado de investidores em busca de segurança levou o dólar a ganhar valor sobre quase todas as moedas de países de economia emergente nesta sexta. O real ficou entre as quatro mais depreciadas, considerando 24 divisas monitoradas pela Bloomberg.

Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, ressalta que o temor da recessão mundial direciona o mercado, sentimento reforçado nesta sexta pelo resultado abaixo do esperado do índice que acompanha a atividade industrial nos Estados Unidos.

Consorte afirma, porém, que o Brasil criou um risco doméstico adicional ao colocar em andamento uma PEC que amplia os gastos do governo. “O mercado está lendo como uma medida para tentar angariar votos nas eleições”, disse.

Bolsa reage

No mercado doméstico de ações, a Bolsa de Valores brasileira acompanhou um movimento de recuperação no exterior provocado por investidores em busca de ações excessivamente desvalorizadas. Ao encerrar o dia com ganho de 0,42%, o Ibovespa avançou aos 98.953 pontos, fechando a semana com ganho de 0,29%.

A ligeira recuperação após três quedas diárias evitou a quinta semana de baixa consecutiva do indicador de referência da Bolsa. No acumulado deste ano, porém, o Ibovespa cai 5,60%.

No fechamento do segundo trimestre de 2022, o Ibovespa afundou 17,88%. Esse foi o pior resultado desde o mergulho de 36,86% apurado no encerramento do primeiro trimestre de 2020.

Com queda mensal de 11,5%, o Ibovespa também teve em junho o seu pior mês desde o tombo de 29,9% em março de 2020. No acumulado do primeiro semestre, a baixa foi de 5,99%.

Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 fechou o dia com ganho de 1,06%. A sessão de recuperação ocorreu, no entanto, após o indicador de referência da Bolsa de Nova York ter afundado 21% no primeiro semestre, o mergulho mais profundo desde 1970.

Analistas apontam a inflação mundial como principal vilã dos investimentos neste ano. A alta de preços foi provocada pela ruptura das cadeias de abastecimento durante a pandemia combinada às medidas de estímulo adotadas pelas maiores economias do planeta.

A guerra na Ucrânia agravou o problema da oferta porque restringiu a disponibilidade global de grãos e de petróleo.

Para enfrentar a maior inflação em quatro décadas, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) vem acelerando a escalada dos juros no país, ampliando temores de que esse aperto ao crédito poderá provocar recessão no país, prejudicando toda a economia mundial.

Apesar de ainda insuficiente para frear a inflação, a restrição ao crédito desenhada pelo aperto do Fed passou a ser observada com ainda mais preocupação após dados econômicos desta semana mostrarem desempenho abaixo do esperado.

“É difícil elencar qual dado econômico fez mais estrago nas perspectivas de crescimento nos Estados Unidos”, comentou Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, destacando a queda 0,1% nos gastos do setor de construção.

“Todos mostraram deterioração de atividade. Nada fora do desvio padrão, mas claramente apontando para uma desaceleração, principalmente os dados de construção, que antecipam a atividade imobiliária”, disse. (Clayton Castelani/Folhapress)

Fonte: O tempo

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