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Costureira foi ‘mãe de leite’ de Marília Mendonça, mas não a conheceu famosa


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Goiânia – A cantora Marília Mendonça, que morreu em um acidente aéreo na tarde de sexta-feira (5), cresceu e passou quase toda a vida em Goiânia, onde morava com o filho pequeno. No entanto, ela nasceu em Cristianópolis, a 90 quilômetros da capital do estado. Apesar de não ter feito carreira na cidade de pouco mais de 2 mil habitantes, uma forte história a vincula ao lugar.

A ex-costureira Aparecida Alves Ribeiro, 50 anos, conta que foi “mãe de leite” de Marília Mendonça após o nascimento dela no hospital municipal de Cristianópolis, em 22 de julho de 1995. A unidade ainda hoje é o único hospital do município.

Cida, como é mais conhecida, lembra que a mãe da sertaneja, Ruth Moreira, passou mal e teve muitas dores durante e após o parto da filha. Por isso, diz, as enfermeiras do hospital pediram para que ela amamentasse a filha recém-nascida da desconhecida. 

“O parto da Marília foi cesárea, lembro que a mãe dela estava com muita dor e precisou tomar injeções para melhorar. Com isso, as enfermeiras me pediram para amamentá-la e eu aceitei. A Marília chorava muito, estava com fome, tadinha. Eu tive parto normal e tinha leite de sobra. Não me custava nada”, relatou Cida em entrevista a O TEMPO, na casa dela, em Cristianópolis.

A então costureira havia acabado de dar à luz sua primeira filha, Háquila. Com tanto leite, Cida ainda amamentou outras duas recém-nascidas naquele dia, também em função de complicações nos partos das mães delas. “Foi uma benção que Deus me deu”, ressaltou.  

Quanto à Marília, a qual sequer sabia o nome, Cida conta que, pouco tempos depois de amamentá-la, as enfermeiras foram ao quarto e contaram que aquela bebê de uma desconhecida estava, enfim, tranquila. “Quando soube disso, que até dormia, fiquei muito feliz!”

Já na manhã seguinte, Cida soube que Ruth, a mãe de Marília havia se recuperado do parto, ao ponto de amamentar a filha sozinha e até caminhar pelo hospital. “No dia do parto, infelizmente, não conversamos muito, ela ainda estava quieta por conta das dores, mas fiquei feliz em poder ajudar”, disse a ex-costureira.

Demorou 20 anos para costureira saber quem era a bebê que amamentou

Cida passou 20 anos tentando saber o paradeiro daquela bebê que havia amamentado no dia em que também nasceu a sua primeira filha. As outras duas crianças eram de casais que moravam em Cristianópolis e, por isso, ela teve a oportunidade de vê-las crescendo e conversar com ambas.

Aparecida só soube que a bebê desconhecida era Marília Mendonça quando assistia ao programa Encontro, da TV Globo, apresentado por Fátima Bernardes. “Eu sempre me perguntei onde estaria aquela criança que eu tinha amamentado e há um tempo atrás assisti o programa da Fátima e a Marília disse que havia nascido em Cristianópolis, achei legal uma cantora famosa daqui, mas não liguei uma coisa a outra. Mas aí uma das enfermeiras que havia feito o parto da mãe dela me contou que era a bebê que eu amamentei”, observou.

A costureira também ouviu que era a “mãe de leite” da já famosa cantora de uma uma amiga, que também teve uma filha no mesmo hospital, a contar a ela. “Minha amiga ligou a data e os horários, fomos até o hospital e confirmamos que a Marília era sim a bebê que eu amamentei. Fiquei muito feliz em descobrir e sempre me orgulhei disso. Também vi uma entrevista dela no Faustão (Domingão do Faustão, também na Globo) e ela sempre falava daqui.”

Aparecida tentou, mas nunca conseguiu um contato com Marília

Sabendo quem era a bebê, Aparecida passou a ter um contato com a cantora. As duas filhas — a outra é Bruna , dois anos mais nova que Háquila — inclusive deixaram mensagens na página do Facebook de Marília Mendonça, contando a história da mãe. 

“Meu sonho era ter contado pra ela e reencontrá-la. Minha filha dizia que me levaria em um show da Marília. Mas nada disso aconteceu. A notícia da morte foi muito ruim, no meu coração hoje o sentimento é de tristeza”, lamentou. 

Ela, porém, faz questão de destacar que a busca por aquela bebê começou muito antes da fama dela. “Não queria conhecer a Marília Mendonça cantora, mas a Marília pessoa, aquela bebê que amamentei. Só queria contar isso a ela, como me senti abençoada. Nunca achei que ela era uma parte de mim, como uma filha. Ao contrário. 

Sempre senti que a dona Ruth me presenteou como uma parte dela. Sou muito grata a ela por isso.” Agora, com a morte da cantora, Aparecida espera conhecer a dona Ruth. “Mas quero que isso parta dela, de um desejo dela. Não quero que me vejam como uma oportunista. Só quero dar um abraço nela. Só isso”, frisou Cida.

Cida trocou a costura pela jardinagem

Aparecida largou a costura há três anos e meio, por causa de dores que sentia em função da atividade. “Passei a cultivar plantas, como um hobby, uma terapia. Deu tanto certo que transformou em um negócio”, contou, em meio às centenas de vasos espalhados pela garagem, varanda e quintal da casa simples dela, transformada em um viveiro.

Enquanto Cida fatura com a jardinagem, o marido, Adriano, também de 50 anos e com quem está casado há 35, cuida da pequena empresa de locação de máquinas para construção civil. À época do nascimento das duas filhas, ele era pedreiro.

Já Háquila, que nasceu no mesmo dia de Marília Mendonça, continua morando com os pais. Solteira e formada em letras, trabalha como revisora de textos. A irmã, Bruna, que tem 24 anos, também estudou letra, mas mora e trabalha em Goiânia. Ambas não são tão fãs das músicas da Rainha da Sofrência quanto a mãe, que não para de ressaltar a humildade da cantora nem a importância dela para todas as mulheres ao dar voz aos sabores e dissabores das vidas delas.

Hospital vai ganhar o nome da filha famosa de Cristianópolis

Enquanto isso, a prefeita de Cristianópolis, Juliana Izabel Paula Costa (DEM), articula com os vereadores da cidade a aprovação rápida do nome do único hospital local para o Hospital Municipal Marília Mendonça.  

“O hospital nunca teve um nome. Ele foi reformado e ampliado e estávamos aguardando uma data na agenda do governador de Goiás (Ronaldo Caiado, também do DEM) para reinaugurar o hospital. Acho mais do que justo dar o nome a ele daquela que levou o nome de Cristianópolis para o Brasil e o mundo. Afinal, em todas as entrevistas, Marília Mendonça fazia questão de dizer que havia nascido em Cristianópolis”, justifica a prefeita.

A prefeita, aliás, confirma toda a história contada por Aparecida. “Além de ela (Cida) ser uma pessoa séria, super correta, confirmamos tudo com profissionais de saúde que trabalha no hospital à época e por meio de documentos, prontuários.”

Juliana Costa esteve no velório da cantora, na tarde de sábado (7). “Quando cheguei perto da mãe dela e disse que eu era a prefeita de Cristianópolis ela me deu um abraço. Vamos convidá-la para reinaugurar o hospital onde a filha nasceu.”, contou.

A prefeita, contudo, não conseguiu realizar um grande desejo dos moradores da cidade: ver a filha mais famosa de Cristianópolis cantar na cidade onde nasceu. 

Cantora e tio foram sepultados em Goiânia

Os corpos de Marília Mendonça e do tio dela, Abicieli Silveira Dias, foram velados juntos, sábado, no Ginásio Goiânia Arena, na capital de Goiás.  O velório foi aberto ao público das 13h30 às 16h. Além dos fãs, familiares, amigos e muitos cantores sertanejos participaram da despedida.

A cantora e mais quatro pessoas morreram na queda de uma aeronave de pequeno porte que caiu em uma área perto de uma cachoeira na serra da cidade de Piedade de Caratinga, em Minas Gerais, na tarde de sexta-feira (5). Não houve sobreviventes.

Fonte: O tempo

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