Conectado por



Nacional

Cosan: diluição não é uma opção, diz diretoria após investimento na Vale


Compartilhe:

Publicado por

em

“A diluição da Cosan não é uma opção nem a venda de participação é opção desejável”, disse o CEO da Cosan (CSAN3), Luis Henrique Guimarães, em teleconferência com analistas de mercado na noite desta sexta-feira,7, após investimento para montar posição de 6,5% na Vale (VALE3). Em sua apresentação, a diretoria da empresa procurou reforçar a mineradora como um ativo estratégico na transição energética do mundo e afastar temores do mercado quanto ao impacto financeiro da operação, que tem valor estimado em R$ 22 bilhões. No pregão, a ação fechou com queda de quase 9%.

“Não há impacto na Raízen, na Rumo, na Compass… As empresas continuarão entregando seus planos”, argumentou Guimarães. “E a questão de foco? Ao longo dessa jornada pensamos na estrutura dedicada a essa participação na Vale e de que forma alguma afete a posição nas outras empresas. [Estamos] Dividindo esforços para que não se afaste para ter operação com excelência nos outros negócios”, acresecentou. 

Marcelo Martins, vice presidente de estratégia da Cosan, afirmou que a operação não compromete a saúde financeira da Cosan, mas que, “se isso for colocado em jogo” o caminho será não converter a opcionalidade em ações da Vale. “[A operação] Pode ser desfeita. Pode ser que tenhamos até ‘stake’ de 0% se acharmos que não faz sentido. Acreditamos que o ponto de entrada da Vale é agora. Não achamos que devemos esperar venda de ativos da Cosan para isso.”

Qual a estrutura da operação?

A Cosan realizou a compra de 4,9% de participação com direito a voto na Vale da seguinte maneira: 1,5% ações ordinárias da mineradora e 3,4% via instrumentos financeiros derivativos com proteção de “downside” do preço das ações da Vale (collar). O collar é uma estratégia com opções que visa proteger uma posição em caso de queda do mercado ao mesmo tempo em que há chances de ganhos se o mercado se valorizar e o preço subir. Essa operação de collar foi feita com os bancos JP Morgan e Citi.

A empresa ainda está comprando 1,6% adicionais apenas com direito econômico, por meio de uma segunda estrutura de derivativos também com proteção de desvalorização do preço das ações da Vale. Essa opção de conversão da segunda estrutura de derivativos (com direitos econômicos) em estrutura de derivativos com direito a voto depende de aprovação do CADE.

Caso haja a conversão, a Cosan terá ao final 6,5% de participação em ações ordinárias da Vale, sendo 5% com proteção contra desvalorização da ação da Vale (collar).

De onde virão os recursos?

A operação é financiada por uma combinação de linhas de crédito “non recourse” de longo prazo, o que os executivos da Cosan afirmam ser uma proteção à saúde financeira da empresa.

Além do financiamento collar com JP Morgan e Citi, a empresa fez um empréstimo ponte a ser refinanciado com estrutura de equity com ações preferenciais (não dívida) de Raízen e Compass, duas controladas da Cosan, com os bancos Bradesco e Itaú.

Esse financiamento será pago com os dividendos que a Cosan, como holding, recebe dessas duas companhias. “Por que os bancos confiaram que essa estrutura funcionaria? Porque os bancos sabem que a Cosan é uma holding e ela recebe dividendos das suas controladas”, diz Martins. Conforme as empresas pagam dividendo, o empréstimo vai sendo abatido. Por isso não há um prazo para o pagamento. Com mais dividendos, o prazo diminui. Com menos, se alonga, explicam os executivos. 

Os bancos não tem ações ordinárias da Cosan ou suas controladas, não tendo, portanto, direito a voto. “Fica abaixo de CDI +1%. É barato perto do que temos de condições de mercado e tudo de longo prazo”, afirmou Ricardo Lewin, diretor financeiro.

A direção também vê com bons olhos os dividendos pagos pela Vale. “Temos, sim, interesse em receber dividendos da Vale, queremos o pagamento de dividendos das controladas e contamos com o pagamento desses dividendos para pagamento dessa dívida”, disse Martins. 

Será preciso vender ativos?

Revisitar o portfólio é, sim, uma opção na mesa da Cosan. “Nós tivemos vários exercícios entre os nossos sócios a respeito de ativos que consideramos maduros e poderiam ser alvo de desinvestimentos”, afirmou Martins. “Mas no momento certo e no valor certo”, acrescentou. 

A direção da empresa, porém, buscou afastar a necessidade de venda de participação nas empresas que a holding controladora. “Realizar rotação de portfólio e eventuais participações minoritárias”, listou Guimarães sobre os pontos da operação. 

Por que a Cosan investiu na Vale?

Segundo os executivos, a qualidade dos ativos de mineração e metais básicos da companhia a colocam como um ativo estratégico na transição energética do mundo. “Não é o trigger do preço que vai determinar. É um investimento de longo prazo“, disseram os executivos. Outro fator favorável é a exposição da mineradora a outras moedas além do real, observaram.

Ainda de acordo com o diretor financeiro, Ricardo Lewin, a decisão foi racional e levou pelo menos dois meses. Mas o entendimento é de que a Vale não é tão dependente de investimentos para continuar a gerar valor.

Segundo o CEO da Cosan, a ideia é gerar um plano de qualidade alinhado com outros sócios. “Queremos ser amigável por entender o melhor interesse da companhia”, disse. “Tem que ser investimento  relevante para o entendimento que temos de valor da Vale. Nosso objetivo é ter alinhamento total com acionistas da Vale, profundo respeito. Temos negócios já com alguns deles”, afirmou. 

Segundo ele, os esforços começam a partir de hoje. “Temos que nos apresentar, nos qualificar e nosso objetivo é contribuir. Com efeito positivo para companhia e suportar o ‘management’. Não queremos gerar rupturas de nenhuma forma”, disse acrescentando que a Vale é “muito alinhada” ao portfólio da Cosan. 

 

Fonte: Exame

Publicidade

Mais notícias

Compartilhe: