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Considere estes três pontos na hora de montar a sua carteira de ações


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Por Phil Soares*

Aqui no Brasil, juros são o assunto que mais pauta o mercado financeiro, e o momento agora é de queda. Queda nos juros e alta na bolsa – um cenário que já testemunhamos algumas vezes, e que se forma no horizonte hoje. Já tivemos a primeira pernada de alta ao longo dos meses de maio e junho deste ano, e acreditamos que este movimento deve continuar conforme o Bacen materialize as quedas que o mercado já precifica.

Para o investidor que se interessa pelo assunto e que deseja administrar seu dinheiro pessoalmente, como ele faz para montar uma carteira de ações adequada para as suas necessidades? Confira.

Diversificação

Diversificação é como sal na comida: ela vai ficar ruim se você colocar pouco, e também se colocar demais. Se a sua intenção é se dedicar e encontrar bons ativos no mercado, é importante que estes investimentos tenham um peso relevante na sua carteira, o suficiente para fazer a diferença na sua performance. O peso tem de ser pensado levando em consideração a volatilidade do ativo, a volatilidade que você deseja que sua carteira tenha, e ainda seu grau de convicção em relação àquele investimento.

Recomendamos trabalhar com algo entre dez e 15 posições, cujos pesos podem variar de 3% até 15%.

Volatilidade

Volatilidade é o nome que se dá para a variação típica no preço de uma ação. Em um dia normal de pregão, sem eventos, ficaremos surpresos em ver as ações da WEG subindo 4%. Em contrapartida, não nos surpreenderemos de ver as ações da Azul subindo os mesmos 4%. As ações da Azul, portanto, são mais voláteis que as ações da WEG. E isso por quê?

A WEG ter uma baixa volatilidade no preço da ação significa que o mercado vê a empresa como menos arriscada. E por que motivo? Bem, a empresa tem um bloco de controle composto de fundadores e executivos de alta confiança no mercado. Ela compete internacionalmente com produtos industriais que têm uma percepção alta de qualidade e a WEG consegue manter margens operacionais altas e estáveis ao longo do tempo. Além disso, ela mantém uma estrutura de capital extremamente conservadora, com endividamento baixíssimo e consegue crescer o seu negócio de forma consistente.

E como se encontra a Azul? A Azul tem uma similaridade com a WEG – ela também tem um bloco de controle de renome e um corpo executivo supercompetente. Em contrapartida, o negócio de aviação é extremamente competido. Primeiramente, combustível e leasing são os maiores custos de uma linha aérea, o que significa que ela está muito exposta ao dólar e ao petróleo. O cliente da Azul é um cliente sensível a preço, que geralmente se esforça para conseguir pagar menos e não se importa muito com nível de serviço. Os fornecedores são consolidados e tem muito poder de barganha. O negócio é altamente regulado, e com isso a empresa está sujeita a mudanças na regulação que podem impactar a lucratividade. A margem operacional (margem Ebitda) é extremamente volátil de um ano para o outro, mesmo desconsiderando o impacto da covid. Internacionalmente, compete com linhas aéreas estatais, que estão dispostas a reduzir a sua lucratividade para aumentar o tráfego de turistas nos seus países. E o endividamento da Azul, que sempre foi alto, ficou crítico depois da covid, atingindo R$ 23 bilhões.

Ações mais arriscadas exigem expectativas de retorno maiores. Vinte por cento de perspectiva de alta na WEG pode ser o suficiente, mas na Azul certamente não é. Talvez na Azul já se vislumbre uma alta de 60%. E com isso, fica simples de calibrar a sua posição, pois você sabe que – usando o exemplo acima – é preciso uma posição três vezes menor na Azul para ter o mesmo impacto na performance da carteira.

Convicção

Montar uma carteira de ações é discordar do mercado. Se você compra uma ação é porque acha que ela vai subir, ou seja, o preço da ação hoje está errado. Não condiz com o fundamento econômico da empresa. Eu compro esperando que outros investidores mudarão de ideia e pensarão igual a mim no futuro, aumentando suas posições e puxando o preço do papel para cima.

Em diferentes momentos, a sua convicção em cada case será diferente. Talvez invista 3% do portfólio em uma ação de uma empresa que acompanhe e que parece estar num bom momento, com recuperação nos lucros e ambiente macro favorável. Já uma ação de uma empresa que você esteja acompanhando de perto há anos e tem a certeza que terá uma melhora substancial no lucro já nos próximos trimestres, e que ninguém vem falando no mercado, merece uma fatia maior.

O importante, neste momento, é buscar posições em empresas com alta exposição à atividade econômica brasileira, líderes em seus setores, que devem se beneficiar mais neste momento inicial de alta. Rede D’Or, Vivara e Arezzo são destaques. Conforme o ambiente vá melhorando com as quedas nas taxas de juro, pretendemos ajudar o portfólio para exposição maior em small caps e empresas em situação menos vantajosa.

*Phil Soares é chefe de análise de ações da Órama Investimentos

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