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Como Wilson Mattos transformou a UniCesumar em um império da educação


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Um intervalo de 15 anos separa o dia em que a universidade UniCesumar decidiu apostar na educação à distância e o anúncio nesta semana de que a instituição será vendida para o concorrente Grupo Vitru por 3,2 bilhões de reais. 

A excelência do modelo à distância da empresa, que atende 314 mil alunos pelo Brasil, foi um dos principais atrativos que vinha trazendo interessados às portas da UniCesumar. 

A instituição tem nota máxima, de cinco, no escore do Ministério de Educação para o segmento de ensino digital. Além disso, tem nota quatro há 10 anos no Índice Geral de Cursos, algo positivo para o segmento das instituições particulares.

Na pandemia, o modelo de ensino ganhou relevância. Além disso, o alto número de polos com cursos de Medicina autorizados pelo MEC também justifica o alto valor pago pelo grupo.

Com a compra pelo grupo Vitru, que é controladora do grupo de educação catarinense Uniasselvi, haverá na verdade uma fusão.

A companhia terá dois CEOs: Pedro Graça, o atual presidente da Vitru, e William Matos, hoje o responsável pela área de educação à distância e é filho do fundador Wilson.

Wilson Matos, atual reitor da UniCesumar ficará com a função de chanceler e vice-presidente do conselho. 

Com 73 anos, o educador mora na sede da universidade, em Maringá, no Paraná, e é umas personalidades mais queridas do oeste paranaense. 

Nesta quinta-feira, 26, ele recebe da Câmara Municipal da cidade a Comenda Dom Jaime Luiz Coelho em uma sessão solene no câmpus da própria universidade. 

Wilson também é conhecido como uma figura religiosa. Cristão presbiteriano, o reitor construiu em 2018 uma capela na sede da universidade que replica o estilo das igrejas da Bélgica.

Filiado ao PSDB, ele também chegou a ser suplente do senador Álvaro Dias, também tucano, entre 2007 e 2014, e ocupou a cadeira no Senado por dois períodos curtos, quando apresentou projetos relacionados à educação.

Plenário do Senado Federal durante sessão não deliberativa. Em pronunciamento à mesa, senador Wilson Matos (PSDB-PR).  Foto: Marcos Oliveira/Agência SenadoMarcos Oliveira/Agência Senado

A força do nome de Wilson Matos como figura pública cresceu conforme o protagonismo da universidade também acontecia na cidade de Maringá. 

Ela foi a primeira instituição de ensino superior da região. Até o meio dos anos 90, a criação de instituições privadas eram dificultadas pela legislação brasileira.

Na época, a prefeitura fez a doação de um terreno para os fundadores e depois de alguma insistência a UniCesumar foi fundada, ainda com o nome de Faculdades Integradas de Maringá. Os primeiros cursos foram de Administração e Processamento de Dados.

Além de ter fundado a própria UniCesumar, Wilson ajudou a criar outras instituições como o Centro de Ensino Superior de Ariquemes, em Roraima, atual Faculdades Integradas de Ariquemes e a Faculdade de Apucarana. 

Na sociedade de Maringá, Wilson tem forte atuação. É membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá, diretor da Associação Comercial e Empresarial de Maringá e presidente do Centro de Inovação Tecnológica de Maringá.

A operação financeira

A educação à distância no ensino superior começou a crescer a partir de 2005 no Brasil.  Na universidade paranaense, fundada na década de 80 pelos professores Wilson de Matos Silva e Cláudio Ferdinandi, a aposta não foi apenas de multiplicar lucros, o que conseguiu diferenciá-los de outros centros universitários particulares que surgiram após os anos 1990.

Como resultado, a instituição alcançou bons números. A receita da Unicesumar em 12 meses até março de 2021 foi de 762 milhões, enquanto o EBITDA Ajustado totalizou 260 milhões de reais.

Após a conclusão da aquisição pelo Vetru, 62,9% do valor patrimonial será pago em dinheiro às famílias que são sócios hoje da UniCesumar, cerca de 2 bilhões, e 19,4% será pago com a emissão de novas ações da Vitru. 

Com isso, os atuais acionistas da UniCesumar passarão a deter 23,6% do capital da Vitru. Os 17,7% restantes do valor patrimonial serão pagos à vista 12 meses após o fechamento, corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

Para o analista do setor de educação, Romário Davel, os 3,2 bilhões pagos pela UniCesumar são “o preço” da instituição.

“No caso dessa operação, o valor foi a 3,5 billhões não só pela compra dos alunos EAD. Pelo EAD, seria cerca de 1 bilhão. Mas muito pelo presencial e pelos cursos de medicina que corresponde ao restante do valor. Eles têm um portfólio muito amplo, né, na operação presencial. O valor é o dentro do esperado”.

Fonte: Exame

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