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Aumento de casos de Covid e influenza esgarça rede privada de saúde em BH


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O recrudescimento da pandemia de Covid-19, somado à alta de casos da variante H3N2 do vírus Influenza, já esgarça a rede privada de saúde de Belo Horizonte. A alta exponencial da demanda por análises clínicas levou laboratórios, por exemplo, a adotarem medidas restritivas para evitar o fim do estoque de testes. As dificuldades de operadoras de saúde e laboratórios em absorver a procura reflete nos próprios clientes. A maioria convive com longo tempo de espera desde o cadastro para o exame até o recolhimento dos resultados.

O Laboratório Hermes Pardini, por exemplo, registrou, na última quinta-feira (13), um crescimento de 29% no volume de testes RT-PCR de Covid-19 em relação à média móvel dos 14 dias anteriores. O número de testes positivos, consequentemente, aumentou 13 pontos percentuais se comparado à média do mesmo período. De acordo com o Hermes Pardini, 42,5% dos resultados são positivos para a infecção – até meados de dezembro, o índice era de 3%. “Nos últimos 15 dias, o aumento da demanda foi maior que 200% e o percentual de testes positivos está sendo o maior desde o início da pandemia”, afirma a infectologista do Grupo Pardini Melissa Valentini.

Por ora, conforme Valentini, ainda há insumos para a realização de testes. “Mas isso vai depender muito da quantidade de testes que serão demandados nos próximos dias”, pontua. O crescimento da demanda superior a 200% levou o Laboratório Hermes Pardini a atrasar a divulgação de resultados. Em comunicado publicado nas redes sociais na última quarta (12), o Grupo Pardini informou que “os prazos para a liberação de resultados (de testes de Covid-19) podem sofrer alterações”. Agora, o laboratório busca reforçar a estrutura de “atendimento, presencial e domiciliar, além de reativar pontos de coleta drive thru e ampliar o horário de algumas unidades”, detalha a infectologista.

O Laboratório São Marcos aponta um “pico nacional” de procura por testes RT-PCR e painel viral para doenças respiratórias. Inclusive, o São Marcos reconhece o impacto na operação dos laboratórios, não só aqueles de Minas, mas do restante do Brasil. “Em decorrência deste cenário, o São Marcos precisou reorganizar o seu estoque frente à demanda global pelos insumos necessários ao processamento desses testes”, explica em nota encaminhada a O TEMPO. Assim, a capacidade de atendimento também foi afetada. A prioridade do laboratório é atender pacientes internados e profissionais da área de saúde e de serviços essenciais para retomar gradualmente a capacidade de atendimento.

Já o Laboratório Lustosa suspendeu a realização do teste antígeno para a Covid-19 por falta de kits, por exemplo. “Houve um aumento significativo na procura dos testes nesse período, principalmente dos testes de antígeno para Covid-19, o que consumiu rapidamente o estoque existente”, diz o diretor Comercial e de Relacionamentos, Mozart Chaves. A expectativa é de que o estoque seja reposto após a chegada de uma nova remessa prevista para 24 de janeiro. O RT-PCR, por sua vez, tem a oferta mantida, “variando apenas o prazo de entrega dos laudos devido à alta procura”, informa Chaves.

Por outro lado, o estoque de testes de Influenza foi resposto após ficar indisponível em 4 de janeiro. O Lustosa também foi obrigado a adotar medidas para absorver a alta demanda. O laboratório estabeleceu, por exemplo, unidades de referência para realizar os testes de Covid-19. Além disso, conforme detalha Chaves, os laudos são disponibilizados via internet e um comitê de gestão focado em avaliar e buscar respostas rápidas foi criado.

Escassez de insumos preocupa

A Unimed-BH detalha que, apenas nos primeiros 13 dias deste ano, o número de testes realizados foi 25% maior do que aquele referente a todo o mês de dezembro de 2021. A alta demanda leva a empresa a se preocupar com a escassez de insumos para testes. “A cooperativa esclarece que acompanha o cenário e que há uma grande preocupação do setor de medicina diagnóstica em relação à escassez de insumos para os testes, o que já vem ocorrendo em algumas partes do país”, pontua em nota encaminhada a O TEMPO.

Diante do cenário, a Unimed-BH tem orientado aos pacientes que testaram positivo para a Covid-19 que não é necessário a realização de testes, seja RT-PCR ou antígeno, para sair do isolamento. “A cooperativa também alerta a população para que em casos de sintomas respiratórios leves evite a ida aos prontos atendimentos e aos laboratórios, já que nesses locais há uma maior probabilidade de contaminação”, acrescenta.

A Bradesco Saúde, por sua vez, também reconhece o aumento de demanda dos clientes. “A Bradesco Saúde informa que, com o cenário de crescimento acelerado de casos relacionados à Covid e à Influenza em todo o país, tem registrado aumento nas demandas por atendimentos. A companhia reitera que segue trabalhando, junto aos seus parceiros de negócios, para atender a todos os seus beneficiários da forma mais eficiente”, informa também em nota. A operadora não tem dados sobre o aumento da procura.

Tamiflu segue em falta

A presidente do Conselho Regional de Farmácias de Minas Gerais (CRF/MG), Júnia Célia de Medeiros, afirma que, assim como os laboratórios, as farmácias também sofrem com a ausência de testes rápidos, já que os estabelecimentos “são o primeiro lugar para aonde os pacientes correm”. “A falta não é apenas nas farmácias e nos laboratórios, mas também dos fabricantes para os distribuidores e dos distribuidores para as farmácias. Essa falta é real. E o que nós podemos fazer? Temos que encaminhar o paciente para a rede pública de saúde”, afirma. De acordo Júnia, algumas redes farmacêuticas de Belo Horizonte chegaram a montar tendas para suprir a demanda por testagem.

Júnia também faz ressalvas ao autoteste de Covid-19. “O autoteste ainda não está disponível, mas, assim que estiver, a gente quer que a população procure orientação. Não adianta fazer o autoteste e não saber interpretar. E qual é a nossa crítica? A pessoa vai fazer e realmente vai ficar isolada? Ela vai notificar o Ministério da Saúde para o resultado contar na epidemiologia? As farmácias, hoje, são obrigadas a notificar o Ministério da Saúde por meio do DataSUS”, questiona. A liberação do autoteste será analisada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após pedido feito pelo Ministério da Saúde nessa quinta.

O aumento dos casos de Influenza H3N2 reflete ainda diretamente nas prateleiras das farmácias. O antiviral oseltamivir – conhecido, comercialmente, como Tamiflu – segue sem estoque nas farmácias de Belo Horizonte, como já mostrou O TEMPO em 7 de janeiro. O Tamiflu, vendido apenas sob prescrição médica, é um dos únicos medicamentos a combater especificamente o vírus Influenza. Entretanto, a corrida por antigripais e antitussígenos – como xaropes para a tosse, por exemplo – também cresceu nas últimas semanas. “Os antigripais, você ainda encontra, mas com preço maior. A falta de antigripais está acontecendo mais nos distribuidores” explica Júnia.

Contudo, a presidente do CRF/MG lembra que o desabastecimento é um gargalo crônico da indústria farmacêutica. “Nós, no Brasil, dependemos de insumo e matéria-prima porque são importados. É uma dependência que o país tem de matéria-prima fundamental para insumos de saúde, seja na linha diagnóstica ou de medicamentos, que não é fabricada por nós”, pondera.

Fonte: O tempo

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