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Vale registra lucro de US$ 7,983 bi em 2023, queda de 52%, enquanto comando segue indefinido
A Vale registrou lucro líquido de US$ 7,983 bilhões ano passado, uma alta de 52% ante os US$ 16,728 bilhões de 2022, informou a mineradora nesta quinta-feira, em meio à incerteza sobre quem ficará no seu comando.
Diante do lucro, a Vale anunciou também que pagará R$ 11,7 bilhões em dividendos, como é chamada a parcela do lucro de uma companhia aberta que é distribuída aos acionistas. Conforme a política de dividendos da mineradora, esse valor se soma a um parcial pago em setembro.
A reunião do Conselho de Administração da companhia que aprovou o balanço financeiro do quarto trimestre e de 2023 como um todo ocorreu uma semana após um encontro extraordinário para tratar a sucessão do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, terminar sem uma definição. A sucessão não voltou a ser deliberada nesta quinta-feira, segundo ata divulgada pela companhia.
O mandato de Bartolomeo termina em maio e os membros do Conselho da mineradora estão divididos entre renovar automaticamente o contrato do executivo ou iniciar um processo seletivo – no processo, o atual CEO poderia participar, mas concorreria com outros executivos.
Na reunião extraordinária, uma votação entre essas duas opções terminou empatada na última quinta-feira, dia 15. Segundo uma fonte ouvida pelo GLOBO na semana passada, sob a condição do anonimato, os conselheiros tentariam manter conversas para chegar a algum consenso sobre o futuro de Bartolomeo antes de voltar a deliberar sobre o tema em nova votação.
Disputas acirradas entre acionistas
A sucessão da Vale vem inflamando as disputas entre os acionistas da mineradora desde o fim do ano passado. As disputas se acirraram desde que, em 2020, a mineradora se tornou uma companhia sem controle definido, com o capital pulverizado, a maior nesse modelo no Brasil.
Mais recentemente, a entrada da Cosan, gigante do açúcar e etanol, no rol de acionistas, desde outubro de 2022, e a volta do PT ao governo federal agitaram ainda mais o cenário.
Em janeiro, prazo final para um processo sucessório ser dado por iniciado, conforme as regras internas da Vale, o governo federal elevou a pressão sobre a companhia.
Desde 2023, as informações de bastidores davam conta de que o Palácio do Planalto queria fazer do ex-ministro Guido Mantega presidente da empresa – embora, após a reestruturação de 2020 e a venda total da participação acionária do BNDES, a influência direta do governo na gestão da empresa tenha diminuído.
Críticas aos resultados operacionais
Embora a falta de habilidade política no trato com governos – tanto o federal quanto estaduais – seja frequentemente citada como ponto fraco da gestão de Bartolomeo por observadores da gestão da Vale, também há críticas aos resultados operacionais.
Em que pese o reconhecimento de que a gestão do atual CEO conseguiu melhorar a segurança operacional, após a tragédia que matou 270 pessoas em Brumadinho (MG), cinco anos atrás, a mineradora ficou aquém de metas de produção reiteradamente nos últimos anos. Os custos também subiram.
Nos últimos meses, analistas de mercado deram votos de confiança à diretoria da Vale, após a divulgação de metas de crescimento para 2026. Mesmo assim, parte dos acionistas critica os resultados apresentados por Bartolomeo.
Em 2018, a Vale bateu recorde de produção com 385 milhões de toneladas de minério de ferro. Em 2019, após Brumadinho, a produção tombou para 302 milhões. A empresa perdeu a liderança para a Rio Tinto, da Austrália. Em 2022, foram 308 milhões de toneladas.
Em 2023, o total ficou em 321 milhões de toneladas, 4,3% acima do registrado em 2022. No início de dezembro, a mineradora anunciou a meta entre 340 milhões e 360 milhões de toneladas de minério de ferro para 2026.
Fonte: Exame