Nacional
Teich desembarca em uma Manaus colapsada em sua primeira viagem oficial
Três semanas após o sistema de saúde do Amazonas colapsar, o ministro da Saúde, Nelson Teich, desembarcou em Manaus na tarde deste domingo (3) com um reforço de profissionais para reforçar o combate ao novo coronavírus no Estado.
O ministério, porém, reduziu esse contingente para 267 profissionais, conforme nota publicada neste sábado (2). Três dias antes, a própria pasta havia anunciado 581 profissionais.
Procurada pela reportagem, a pasta não explicou a diminuição até a conclusão desta texto.
O reforço federal foi contratado dentro do programa “O Brasil Conta Comigo”. Quase todos são de Manaus 1 – os 31 profissionais de fora da cidade chegam junto com a comitiva de Teich.
A contratação é temporária, por até seis meses.
Além de Manaus, eles atuarão em Tabatinga, Itacoatiara e Manacaparu.
Dos 6.683 casos confirmados até esse sábado (2), 39% estão no interior, onde o atendimento é mais precário – só a capital dispõe de UTI, em um Estado cujo território equivale à soma das regiões Sul e Sudeste.
A chegada de Teich coincide com mais um novo recorde de novos casos confirmados em 24h, 621 registros neste domingo (3). O total de mortos chega a 548, e 1.901 se recuperaram da doença no Amazonas.
Em abril, os cemitérios públicos de Manaus registraram 2.435 sepultamentos, um aumento de 179,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Parte desses enterros ocorreu em valas comuns, cujas imagens rodaram o mundo.
Dos 985 sepultamentos entre os dias 23 e 30, o período de pico, menos de 10% tinham o coronavírus como a causa de morte, indicando uma grande subnotificação.
Teich também deve tratar da abertura, em Manaus, de um hospital de campanha para a população indígena. Trata-se de uma promessa do seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, em 11 de abril, até agora sem data de inauguração.
Os indígenas com coronavírus somam 120 casos confirmados, com 6 óbitos, segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde.
A região mais atingida é o Alto Rio Solimões (AM), com 59 casos.
Esses números não incluem indígenas nas cidades, que entram no cômputo geral. A Sesai atende apenas a “aldeados”, ou seja, dentro de terras indígenas.
Agenda
Em Manaus, Teich tem encontros marcados com o governador Wilson Clima (PSC), o prefeito Arthur Virgílio Lima (PSDB) e com o Comando Militar da Amazônia (CMA), além de visitar os três hospitais da cidade exclusivos para o novo coronavírus.
Fora da agenda oficial, a presidente do Sindicato dos trabalhadores de saúde terceirizados do Amazonas (Sindipriv), Graciete Mouvinho, 54, diz que as novas contrações são bem-vindas, mas pede que Teich busque soluções para equipamentos de proteção individual (EPIs) e um melhor atendimento médico aos profissionais de saúde.
“Faltam EPIs adequados. Precisamos de máscara N95. Estão doando uma máscara que não é tão eficaz para quem está na linha de frente”, afirmou.
Outra reivindicação do sindicato é a criação de uma equipe para atender os profissionais com Covid-19. “Precisamos de atendimento médico e de um local onde eles fiquem, porque eles estão levando a contaminação pra dentro de suas casas.”
“Não há apoio psicológico, temos de enfrentar fila pra nos consultarmos. Até pra teste tem fila. Não tem medicação, estamos comprando para que o profissional possa se recuperar e voltar a trabalhar”, disse Mouvinho.
Fonte: O tempo