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SXSW 2022: Até que enfim alguém falou dos carros voadores


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Por Rodrigo Carvalho*

Imagine que você está no lobby de um dos maiores eventos de inovação no mundo, maravilhado com centenas de temas e atrações simultâneas, e mal consegue escolher qual das palestras assistir.

Uma delas discute alternativas para a crise global de acesso à moradia, a outra fala sobre o lançamento de voos comerciais para o espaço. Mais adiante, um painel debate o uso de dados para combater a desigualdade racial e na porta ao lado tudo sobre os NFTs mais valorizados do mercado.

Na programação, surge o tema “Personal Air Vehicles: What’s Next?”, e um dos colegas se empolga: “Até que enfim alguém falou dos carros voadores”.

Essa situação caricata que traz, lado a lado, desafios sociais complexos e temas que, em contraste com os primeiros, podem parecer ultrajantemente supérfluos diz muito da programação do SXSW, que reflete um período delicado de transição de foco na inovação.

É claro que todos nos empolgamos com a ‘pirofagia tecnológica’ de todos os anos e reconhecemos sua importante contribuição, mas há ao menos uma dúzia de motivos para essa migração de pautas, que inclui o aumento das desigualdades e da injustiça social e a própria sustentação da vida humana no planeta.

Quem assistia ao sitcom dos anos 60, ‘Os Jetsons’, talvez guarde consigo a ideia de uma inovação que traduz ‘tecnologia’ e ‘progresso’ em valores como conforto e praticidade abordados sobretudo em uma dimensão individual.

Nos últimos anos, talvez pelo próprio resultado da escalada tecnológica, essa visão tem sido deslocada para um contexto onde a inovação existe para resolver problemas do mundo, abordando temas urgentes que enfocam a garantia de direitos e recursos básicos e que afetam a todos.

É por isso que além de debates sobre o futuro do entretenimento, a virtualização do varejo ou os novos veículos autônomos, o SXSW também está promovendo inúmeras discussões sobre avanços no acesso à saúde, na luta pela equidade de gêneros, pela justiça social e pela defesa da democracia. Eu arriscaria dizer que essa é a nova cara da inovação, ou ao menos é o que parece dizer a programação do evento nos últimos anos.

E o metaverso? Claro, não podemos concluir sem esse elemento chave, a estrela desta edição. O metaverso é a representação perfeita deste paradoxo, e muitas vezes é lido como um instrumento de alienação sobre os problemas que o mundo vem enfrentando.

Não à toa as plataformas promovem seus projetos no metaverso como “lugares perfeitos para fugir da realidade”. Oras, quem é que quer fugir da realidade? Nós queremos é resolver a realidade, certo? Sessões como ‘How the Metaverse can Rebuild Society, but Better’, ‘Beyond the Metaverse: The Evolution of Reality’ e ‘The Metaverse & its Impact on the Physical World’, fazem esse contraponto e buscam uma conexão de sentido para que essa não seja apenas a buzzword do ano.

*Rodrigo Carvalho é diretor de inovação da iDTBWA

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Fonte: Exame

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