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Rondônia, quinta, 31 de outubro de 2024.


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‘Shōgun’: a série japonesa que fez história no Emmy — e 9 milhões de americanos lerem legendas


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Na noite do último domingo, 15, a premiação da 76ª edição do Primetime Emmy Awards foi recheada de “primeiras vezes”. Boa parte delas protagonizadas pela produção “Shōgun” (“Xógum: A Gloriosa Saga do Japão”, no título em português), que tem a maior parte de seu elenco composto por atores japoneses — e falando em japonês.

No total, “Shōgun” conquistou 18 estatuetas, quatro delas exibidas na noite de ontem — Melhor Ator em Série Dramática (Hiroyuki Sanada), Melhor Atriz em Série Dramática (Anna Sawai), Melhor Direção em Série Dramática (Frederick E.O. Toye) e Melhor Série de Drama — e outros 15 nas categorias mais técnicas e criativas, no Creative Arts Emmy Awards.

Com as vitórias, a produção da FX fechou a noite com o título de primeira série não falada em inglês, na história da televisão, a levar o maior prêmio da noite. Sawai se tornou a primeira mulher japonesa a receber um Emmy como Melhor Atriz, assim como Sanada, como Melhor Ator, e a série quebrou o recorde como a mais premiada por uma primeira temporada.

Elenco de “Shogun”, incluindo Anna Sawai, vencedora do prêmio de Melhor Atriz Principal em Série Dramática, e Hiroyuki Sanada, vencedor do prêmio de Melhor Ator Principal em Série Dramática do Emmy. (Frazer Harrison/Getty Image/AFP)

Disponível na plataforma do Disney+, o título é baseado no livro de mesmo nome, escrito por James Clavell em 1975. Se passa no ano de 1.600, quando o então estrangeiro inglês John Blackthorne (Cosmo Jarvis) — ou “Anjin”, palavra japonesa para “estrangeiro” — chega com seu navio e tripulação ao Japão feudal. Por lá, como prisioneiro, ele se torna uma peça estratégica em um jogo maior de poder pelo controle do país, dividido, na época, entre cinco senhores feudais. Um deles, Yoshi Toranaga (Hiroyuki Sanada), como a mente por trás do jogo de disputa política, com desejo de iniciar um xogunato — um governo ditatorial imposto pelo chefe militar supremo da nação (o xogum).

Ainda que a figura de poder maior da série esteja com Sanada, a história de “Shōgun” vai além da trama política. Talvez por isso conquistou tanto a crítica especializada: a produção insere o espectador profundamente na cultura japonesa, seja pelos figurinos que apresenta, seja pelos costumes que revela. E bem categorizada como drama — muito sustentada pela atuação de Anna Sawai —, “Shōgun” abre espaço para o romantismo, para o mistério e para a ação, que fica a cargo de personagens como Toranaga, Kashigi Yabushige (Tadanobu Asano) e John Blackthorne. Katanas se misturam com canhões à medida que ‘Anjin’ entende a origem das doutrinas, das escolhas dos personagens, dos valores que as tradições carregam. E o público, tão estrangeiro quanto ele, se reconhece no personagem e acompanha a evolução nítida proposta pelo roteiro.

A atriz japonesa Anna Sawai (E), vencedora do prêmio de Melhor Atriz em Série Dramática por “Shogun”, e o ator japonês Hiroyuki Sanada, vencedor do prêmio de Melhor Ator em Série Dramática por “Shogun”. (Robyn Beck/AFP)

Frederick E.O. Toye também levou o prêmio pela direção do episódio “Crimson Sky” (“Céu Carmesin”), mais do que merecido. O nono entre os 10 capítulos disponíveis mostra um dos momentos mais marcantes (e emocionantes) da série, em um clímax que condensa e assina a atuação de dois de seus principais personagens. O direcionamento de câmera nas cenas de ação, assim como a preparação dos atores, trazem de fato um dos melhores episódios entre os demais concorrentes.

Sucesso desde a estreia

Prêmios à parte, “Shōgun” também chegou para provar que o público norte-americano está começando a ficar mais aberto para produções internacionais. Nos Estados Unidos, a série foi assistida por 9 milhões de espectadores nos primeiros seis dias após a estreia, o maior lançamento de uma série FX no Hulu no país. O título também foi a estreia da série número 1 para um programa com roteiro da Disney General Entertainment no cenário internacional.

O alcance impressiona, dado que a produção tenha a maior parte dos diálogos em japonês — o que obriga os norte-americanos a lerem legendas. A temática, muito baseada na cultura ocidental, pareceu aproximar mais o público do que afastá-lo, o que abre precedentes para que produções de fora dos EUA sejam mais reconhecidas, assistidas e, consequentemente, premiadas.

A primeira temporada de “Shōgun”, que conta com 10 episódios com a média de 58 minutos cada, está disponível na plataforma da Disney+.

Fonte: Exame

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