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Rondônia, quarta, 09 de outubro de 2024.




Nacional

Saiba quem mudou de lado nos 1000 dias do governo Bolsonaro


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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comemora ao longo desta semana os 1000 dias do mandato, alcançados com significativas baixas na base de apoio. Logo no primeiro ano de governo, Bolsonaro protagonizou uma crise com Luciano Bivar, deputado federal e presidente nacional do partido que o elegeu em 2018, o PSL. 

Bolsonaro terminou aquele ano sem integrar uma legenda (situação ainda mantida) e com uma incerta promessa de criação de um novo partido, o Aliança pelo Brasil, o qual foi abandonado pelo presidente. Agora ele negocia sua filiação ao PP, legenda do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PI), para disputar a reeleição em 2022. 

Baixas do primeiro ano 

Ainda em 2019, antes mesmo do conflito com a liderança do PSL, outro ferrenho apoiador de Bolsonaro decidiu mudar de posição e de partido. O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) entrou em campanha política com a promessa de um cargo imponente no futuro governo Bolsonaro: foi convidado para ser o ministro da Cultura. 

O encanto durou pouco e, em agosto daquele ano, Frota foi expulso do PSL sob justificativa de “infidelidade partidária” após ter criticado publicamente a tentativa do presidente de indicar o próprio filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a vaga de embaixador dos Estados Unidos. 

Além de Frota, a ex-líder do governo no Congresso, deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), foi destituída do cargo em outubro de 2019 durante a crise do presidente com a legenda quando ela foi contra a articulação para que Eduardo Bolsonaro assumisse a liderança do PSL na Câmara. 

Ainda permanecendo no mesmo partido do filho do presidente, a deputada é atualmente uma das vozes mais críticas ao governo e, em junho de 2021, chegou a assinar o “superpedido de impeachment” contra Bolsonaro junto a personalidades da esquerda, como a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. 

Baixas do segundo ano

Ao longo de 2020, a pandemia do coronavírus municiou o presidente com novos inimigos. Entre os governadores que adotaram medidas de restrição e se opuseram ao negacionismo está o de São Paulo, João Doria Jr. Ele, no entanto, foi um dos eleitos em 2018 que embarcou na campanha de Bolsonaro para angariar votos, chegando até mesmo a criar o slogan “BolsoDoria”. 

Percebendo a oportunidade de se projetar como candidato da “terceira via” à presidência em 2022, Doria se descolou do bolsonarismo e passou a defender o impeachment do presidente, além de travar com os bolsonaristas ataques nas redes sociais, com requintes de deboche. 

Outro importante aliado de Bolsonaro na época da campanha, o ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro também tem se colocado como oposição ao bolsonarismo visando a uma possível candidatura em 2022. Em abril de 2020, Moro pediu demissão do Ministério da Justiça por discordar da decisão do presidente de trocar o diretor-geral da Polícia Federal, na época Maurício Valeixo, que foi indicado pelo ex-ministro. 

A saída de Moro do primeiro escalão do governo motivou outros aliados a mudarem de posicionamento. Um deles é o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), que relatou à reportagem de O Tempo ter sido inspirado pelo ex-juiz a entrar na política, abandonando a carreira na Polícia Militar, e admitiu desilusão com o governo Bolsonaro. 

“Se a gente voltar a fita para 2018, tinha: ‘não vamos fazer a velha política, não vai ter toma lá dá cá, vamos combater a corrupção’, e o que aconteceu no país? O brasileiro não é burro, de 2018 para cá as coisas só estão piorando e ainda tem essa polarização política alienando o país”, desabafou o senador do Podemos, partido que tem negociado com Sérgio Moro a candidatura à presidência. 

Além de Moro, em abril de 2020 também desembarcou do governo o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, após sucessivos conflitos com o presidente na gestão da pandemia. Ele foi demitido por divergir, entre outras questões, da insistência do presidente em defender o uso da cloroquina como “tratamento precoce”, embora já existissem estudos mostrando a ineficácia deste remédio contra o coronavírus. Assim como Moro, Mandetta também tem sido alçado como uma das opções da “terceira via” para as eleições de 2022.

Baixas no terceiro ano

Em meio à radicalização dos discursos de Bolsonaro e cada vez mais perto das eleições que vão determinar a continuidade ou o fim do atual governo, outras figuras notórias da política que o apoiaram durante a campanha e no início do mandato também estão tentando distanciamento. 

Integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que liderou protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e se dedicou na campanha de Bolsonaro em 2018, mudaram o tom em relação ao governo. No dia 12 de setembro, organizaram protestos pelo impeachment de Bolsonaro. Um dos fundadores do movimento, deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), também assinou aquele superpedido de impeachment. Além dele, o deputado estadual Arthur do Val (Patriota-SP), famoso pelo canal do Youtube “Mamãe falei”, ameaçou desfiliação do partido caso mantivesse o convite de filiação do presidente Bolsonaro.

Outro ex-fiel aliado do governo, que vem demonstrando insatisfação com a radicalização do bolsonarismo, é o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). A relação dele com Bolsonaro começou a estremecer em abril de 2021, quando o chefe do Executivo o cobrou mais iniciativa para presidir a CPI da Pandemia no Senado. 

Irredutível, Alcolumbre se absteve de apoiar Bolsonaro para demonstrar aborrecimento por ter perdido influência sobre a destinação das chamadas “emendas de relator” do Orçamento. Indo além, o senador, que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, vem travando a sabatina de André Mendonça, indicado por Bolsonaro para o STF. Um dos motivos para essa atitude são os frequentes ataques que Alcolumbre tem recebido de bolsonaristas extremistas, os quais o acusam de atrapalhar o governo por motivos religiosos, pois ele é judeu e Mendonça é evangélico. 

Por outro lado, o governista e deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), cobrou mais radicalização do presidente. No episódio da carta de pacificação escrita pelo ex-presidente Michel Temer, quando se intensificou a ameaça de impeachment de Bolsonaro como consequência do discurso de ruptura institucional no 7 de Setembro, o deputado federal foi à tribuna da Câmara demonstrar sua indignação com o presidente. 

“Me entristece a nota publicada pelo governo federal. O presidente da República assina a nota do pai do déspota [referindo-se ao ministro do STF Alexandre de Moraes]. Os conselheiros do presidente da República o tornaram pequeno”, declarou Otoni de Paula.

Ele é um dos 11 parlamentares bolsonaristas que tiveram quebra de sigilo autorizada por Moraes sob suspeita de ter destinado R$ 238,5 mil de sua cota parlamentar a acusados de disparo ilegal de mensagens de texto na eleição de 2018. 

 

Fonte: O tempo

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