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Rondônia, quinta, 19 de setembro de 2024.




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Renda média do trabalhador é menor do que há 4 anos e cresce número de famintos


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Com a população tendo a menor renda média mensal desde 2018, o Brasil observou um salto de 10 milhões no número de pessoas classificadas em situação de pobreza. Dados compilados pela reportagem de OTEMPO em pesquisas de diferentes órgãos apontam para uma piora geral no cenário social do país, reflexo de uma crise econômica agravada pelos impactos da pandemia da Covid-19. 

A Síntese de Indicadores Sociais publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em dezembro de 2022, contabilizou que 52,5 milhões de pessoas integravam os índices de pobreza no Brasil em 2018. No ano passado, o número saltou para 62,5 milhões de cidadãos. 

Já em relação à fatia da população em situação de extrema pobreza, grupo de pessoas que vivem com renda per capita inferior a R$ 145, o índice pulou de 13,5 milhões de pessoas em 2018 para 17,9 milhões no ano passado, de acordo com os dados do IBGE. Na esteira dessa situação, o Brasil também observou crescimento nas estatísticas relacionadas à fome. 

O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em junho de 2022, contabilizou que, entre 2020 e 2022, cerca de 33,1 milhões de cidadãos não tinham o que comer. No estudo, foi constatado ainda que 125,2 milhões de brasileiros, 58% da população total, convivem com algum grau de insegurança alimentar – desde o mais leve, com algum acesso a refeições diariamente, ou o mais pesado, em que faltam alimentos em casa de maneira cotidiana. 

Renda diminui em meio à crise

Se a situação se mostra gravíssima para a população que vai às situações extremas por falta de recursos, o cenário não aliviou nem mesmo os trabalhadores assalariados. O último boletim da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgado em outubro pelo IBGE, apontou que a renda média mensal dos brasileiros foi orçada em R$ 2.754. 

O valor é o menor desde 2018, quando os ganhos foram estipulados em R$ 2.784. O montante até chegou a subir em 2019 e 2020, chegando a quase R$ 3 mil, mas começou a cair a partir de 2021, chegando ao resultado atual. 

Economistas destacam que o aperto no orçamento força uma mudança de consumo das famílias, até mesmo reduzindo gastos essenciais. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, com os rendimentos atuais, o cidadão consegue comprar até uma cesta básica e meia, enquanto o valor era de duas cestas quatro anos atrás. No caso do botijão de gás de 13kg, o vencimento mensal permite a aquisição de 12,2 vasilhames, ante aos 14 registrados em 2018. 

Professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, Mário Rodarte explica que o percentual de desempregados no Brasil (taxa em 8,3% no último trimestre, de acordo com IBGE) acaba interferindo para a queda na renda média do trabalhador. 

“Quando a taxa de desemprego está elevada, os trabalhadores têm menor poder de barganha, fica mais difícil conseguir melhores salários e pleitear melhores acordos. E a inflação vai comendo o salário que poderia dar conta das necessidades da família”,  

Ele cita, ainda, que o aperto na renda da população reflete diretamente no endividamento das famílias que atinge em 79,3% dos núcleos familiares, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice, divulgado em dezembro de 2022, é o maior desde 2010. “Já temos um fenômeno de estagflação, ou seja de inflação e estagnação econômica, e aí vem a política econômica e resolve aumentar a taxa de juros. Isso é o tiro de misericórdia da renda familiar, porque as pessoas, ao não terem dinheiro, muitas vezes já entram no endividamento”, citou Rodarte, reforçando como os juros altos do cartão de crédito acabam contribuindo para o crescimento das dívidas das famílias que vão perdendo poder aquisitivo por causa da inflação. 

O docente acredita que o caminho tomado pelo presidente Lula no primeiro mandato, iniciado em 2003, foi acertado em aliar uma tentativa de combater a desigualdade social com crescimento econômico. Perspectiva que pode nortear as diretrizes novamente nesta gestão. “As duas coisas andaram em muita consonância. Porque ao mesmo tempo em que você dava a renda pras pessoas que mais precisavam e, portanto, diminuía o nível da fome, elas também automaticamente começavam a inserir-se no mercado consumidor. Isso robustecia o mercado interno e gerava mais empregos”, explica.

 

Fonte: O tempo

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