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Rondônia, sexta, 05 de julho de 2024.




Nacional

Queda das techs e fator Lula: as projeções de Verde e SPX para as bolsas


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O ano de 2022 começou com um movimento de rotação setorial nos mercados. Investidores estrangeiros tiraram recursos das bolsas americanas – em especial das ações de tecnologia – e foram à caça de papéis descontados nos mercados emergentes. O resultado foi uma forte queda nos principais índices dos Estados Unidos em janeiro, enquanto o Ibovespa disparou 7%.

É possível, no entanto, que as correções sejam ainda mais fortes nos próximos meses. É o que acreditam dois dos gestores mais bem-sucedidos do país: Luis Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset, e Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital. Ambos participaram nesta terça-feira, 1, de evento do Credit Suisse, no qual compartilharam suas projeções para os mercados globais.

Tanto Xavier quanto Stuhlberger defendem que o mercado não está precificando corretamente o movimento de alta na taxa de juros nos Estados Unidos e nos demais países desenvolvidos – que é, justamente, a principal causa da rotação setorial observada nas últimas semanas. O consenso atual aponta uma sequência de cinco a seis elevações em 2022, com o juro terminal por volta de 1,80% em 2024.

Os gestores, no entanto, acreditam que a taxa deve subir mais do que o esperado para conter a inflação. “Os próximos dois anos vão ser diferentes de tudo que vimos na última década e devíamos estar com a guarda alta”, alertou Xavier.

Para o sócio-fundador da SPX, o longo período de juros próximos a zero criou distorções no mercado, inflando preços de ativos que prometem alto crescimento mas ainda não entregam retorno. 

“Não chega a ser uma bolha, mas eu não consigo, por exemplo, entender o valor da Tesla por mais que eu admire o negócio. Ocorre o mesmo com criptoativos e outras várias fintechs que registraram preços explosivos. Os ganhos ocorreram mais por uma política monetária desajustada do que pelo valor das companhias”, afirmou.

Parte da correção já foi realizada em janeiro, mas ainda há mais por vir. Stuhlberger defende que o S&P 500, principal índice de ações dos EUA, ainda teria que cair em torno de 10% para que fosse interessante aumentar a posição em ações americanas do Fundo Verde – principal produto da casa.  

“Empresas que não têm nenhum fluxo de caixa e negociavam a múltiplos absurdos passaram por correção, mas o mercado ainda está subestimando certas pressões de custos nas margens das empresas”, disse o CIO.

Fluxo para o Brasil

A queda das ações de crescimento nos Estados Unidos trouxe um forte fluxo de recursos para a bolsa brasileira. O investidor estrangeiro ingressou com 30,61 bilhões de reais na B3 até o dia 28 de janeiro, data da última divulgação – um valor surpreendente na avaliação de Stuhlberger.

“Mostra que quando valuation está muito barato, o gringo entra. Causou também uma valorização inesperada do real frente ao dólar, uma grande surpresa”, disse o gestor. O dólar comercial encerrou esta terça-feira negociado a 5,27 reais, em seu menor valor em quatro meses e meio.

Fator Lula

Para Xavier, o fluxo de entrada do estrangeiro na bolsa pode estar associado às sinalizações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na direção do centro. Favorito nas pesquisas de opinião para levar a cadeira presidencial nas eleições deste ano, Lula é mais bem visto no exterior que seu rival, o atual presidente Jair Bolsonaro.

“O estrangeiro tem uma perspectiva de melhora para o Brasil com o Lula assumindo o poder. Não acredito que vá acontecer porque o orçamento é muito apertado e, para implementar a agenda petista, seria necessário aumentar impostos”, afirmou o sócio da SPX.

A visão é compartilhada por Stuhlberger, que vê riscos no que chamou de “agenda assistencialista” de Lula caso possíveis gastos com aumentos de salários não sejam equilibrados com investimentos que impulsionem o PIB pontencial do Brasil. “Em seu primeiro governo Lula teve sorte porque a bomba desse modelo estourou no colo da ex-presidente Dilma, sua sucessora”, afirmou.

Fonte: Exame

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