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Quants voltam a mirar ações baratas, mas fora de Wall Street
Uma das estratégias quantitativas mais quentes do ano passado está de novo em voga, só que não funciona nos EUA.
As chamadas ações de valor — que são negociadas a múltiplos baixos em relação aos fundamentos — estão novamente na moda, mas desta vez na Ásia e, mais recentemente, na Europa. Os investidores apostam que os juros globais permanecerão elevadas por mais tempo sem prejudicar o crescimento econômico.
No Japão, por exemplo, investir em ações que parecem baratas superou em 17 pontos percentuais os retornos com ações de crescimento este ano, segundo os índices da MSCI. Em outras partes da Ásia, essa estratégia venceu por 7 pontos percentuais. Na Europa, um rali este mês colocou as ações baratas na liderança para 2023.
No mercado americano, as ações de crescimento, principalmente os papeis do setor de tecnologia com preços inflados, ainda dominam, impulsionadas pelo boom da inteligência artificial. Com isso, o valor ficou 30 pontos percentuais atrás do crescimento.
“Neste novo regime de juros mais altos por mais tempo, ações mais baratas deveriam ter mais chances de apresentar desempenho superior, especialmente se gerarem lucros mais fortes”, disseram estrategistas do Barclays.
Onde estão as oportunidades
Os bancos são um bom exemplo disso. Mitsubishi, Sumitomo e Mizuho, três dos maiores credores do Japão, subiram mais de 40% este ano devido às expectativas de que as suas margens finalmente se expandirão quando o Banco do Japão apertar a política monetária.
Na Europa, as ações de valor ficaram atrás das de crescimento durante a maior parte do ano, até que saltaram este mês. Os custos mais elevados dos empréstimos beneficiaram os credores, enquanto o aumento dos preços do petróleo ajudou empresas como Shell e BP.
Um fundo negociado em bolsa da Pimco que foca em setores de valor em vários países fora dos EUA ilustra essa tendência. O PIMCO RAFI Dynamic Multi-Factor International Equity ETF subiu 9% este ano. A versão para mercados emergentes subiu 7%, ante apenas 3% para o equivalente americano.
Fonte: Exame