Painel Covid-19 nas Favelas registra 1,4 mil mortes em comunidades do Rio de Janeiro

O último levantamento realizado pelo Painel Unificador Covid-19 nas Favelas aponta que no mínimo 1.402  dentre as mais de 14.200 mortes por Covid-19 registradas no estado do Rio de Janeiro são de moradores de favelas. De acordo com um dos parceiros do painel, o jornal comunitário Voz das Comunidades, o número de óbitos ultrapassa estados como Mato Grosso do Sul, Amapá, Tocantins, Roraima e Acre. 

No entanto, como ressalta a Comunidades Catalisadoras (Comcat), associação sem fins lucrativos que coordena a iniciativa, esses números correspondem somente às favelas que possuem dados captados pelo painel até o momento. Ou seja, os números podem ser ainda maiores, já que o município do Rio tem mais de mil favelas.

O Painel Covid-19 nas Favelas  acompanha até agora 41 favelas e complexos da Região Metropolitana do Rio. No total são 154 territórios individuais.

De acordo com o painel, já são mais de 9 mil casos confirmados da infecção nesses locais.

Segundo a Comcat, as áreas com contagem mais precisa são as que fazem parte das 16 favelas do Complexo da Maré, e cinco comunidades de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio.

Por isso, segundo a associação,  os dados destas comunidades são os mais altos.

A diretora-executiva da Comunidades Catalisadoras, Theresa Williamson, avalia que, com o crescimento do painel, a subnotificação de casos nesses territórios vai ficar ainda mais visível. Para Williamson, a situação é preocupante devido à retomada de atividades.  

O complexo de favelas da Maré, na zona norte da capital, registra quase 1,5 mil infectados e 121 mortes por Covid-19. Os dados na região são monitorados pela organização Redes da Maré. Com base neles,  a Comcat estima 15 mil moradores infectados em comunidades – número que corresponderia a 20% dos casos de coronavírus na capital.

Já o levantamento do coletivo Associação de Mulheres de Itaguaí – Guerreiras e Articuladoras Sociais (Amigas),  também parceiro do painel, aponta que cinco comunidades desse município reúnem mais de 2,6 mil casos e 560 mortes. Individualmente, a  Comunidade Sem Terra desponta com 189 óbitos dentre os pouco mais de 550 casos.