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Rondônia, quarta, 26 de junho de 2024.




Nacional

Na COP28, empresas brasileiras debatem como ampliar acesso à água potável


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De Dubai*

Temas como transição energética e justiça climática têm sido prioriátias na COP28, em Dubai. Mas, não é possível avançar nas questões das mudanças de clima sem enfatizar a importância da preservação e o acesso digno à agua potável e esgoto tratado para toda a população global. Na perspectiva do Brasil, o Pacto Global da ONU no Brasil realizou na noite de segunda-feira, 4, um painel para discutir como o setor privado é fundamental para a preservação do recurso natural e, ao mesmo tempo, a ampliação do acesso. 

Vanda Witoto, ativista indígena, iniciou a conversa lembrando como o Amazonas é o estado com a maior bacia hidrográfica de água doce do planeta e, ainda assim, tem grande parte da população sem água tratada. “Estamos vivendo uma situação drástica do acesso à água, com a pior seca em 120 anos de registro de vazantes. As populações indígenas mesmo tendo acesso ao rio, não tem água tratada”, afirmou. A ativista abordou ainda como, segundo ela, a demarcação de terras indígenas é importante para a preservação. “A demarcação deve  assegurar a preservação adequada das nascentes e dos mananciais”. 

Outro tema relevante é a segurança alimentar, ou seja, o acesso adequado a alimentos e condições alimentares de qualidade. Pensando nisso, Paula Martinelli, global freshwater knowledge manager da World Wildlife Fund (WWF) comentou que, com o aumento de enchentes e secas, as vidas estão em risco, assim como as empresas. 

“Mesmo com as evidências continuamos drenando, represando e poluindo os ecossistemas de água doce. Economias e sociedades estão sentindo os impactos das mudanças climáticas por meio da água. Como a gente vai construir bacias hidrográficas mais resilientes? É imprescindível reconhecer que isso é uma ação coletiva, um recurso compartilhado”, disse Martinelli. 

De acordo com Rubens Filho, Gerente da Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU no Brasil, o objetivo é unir o maior número de empresas para aportes inteligentes para a recuperação das bacias hidrográficas no Brasil. “Atualmente, são cerca de 45 empresas que participam do Movimento, mas é preciso mais”. 

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O papel das empresas para preservar a água doce

“Para o Pacto Global da ONU no Brasil, um dos pontos para a soluções nas práticas de água a água é alinhar o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 6, o ODS Água potável e saneamento diretamente às necessidades do negócio”, afirmou Camila Valverde, diretora de impacto da organização. 

Exemplo disto é da Eletrobras, que têm 97% da matriz energética por meio das hidrelétricas. Para isso, a companhia conta com fundos regionais para o desenvolvimento e preservação. “O sucesso do negócio depende da água. Por isto, participamos de uma coalizão focada em preservação e, ao mesmo tempo, geração de receita e desenvolvimento”, diz Bruno Eustáquio, diretor de Relações Institucionais e Programas Setoriais da Eletrobras. 

O executivo reforçou também como as mudanças climáticas agravam os cenários. “Temos observado que não é mais possível se basear em séries históricas. Os períodos de secas e enchentes estão mudando rápido, afetando diretamente a operação e a vida das pessoas”.

Já Carla Crippa, vice-presidente de relações corporativas da Ambev, faz uma observação: a água foi invisibilizada nas cidades. “Em São Paulo, por exemplo, os rios estão escondidos”, diz. Ela citou ainda um projeto de impacto social da companhia. “No começo de 2016 recebemos a provocação do pessoal do Yunus Negócios Sociais e, dali surgiu a água Ama,q que reverte o valor do lucro para projetos de água potável em regiões de seca”. O objetivo da companhia é atingir um milhão de pessoas em 2025. “Fechamos 2022 com 600 mil pessoas atingidas, então estamos no caminho certo para a meta”, disse. 

Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea, reconhece o desafio de ampliar o acesso à água. “Nas periferias do Rio de Janeiro nós temos que levar água para 700 favelas, entregar água e tirar o esgoto, isso está em contrato. Temos que investir pelo menos 2 milhões de reais só nas comunidades, o que não é um processo simples, mas necessário”. 

Para ele, é necessário ação coletiva. “Temos que trabalhar menos em ações individuais das empresas e mais em ações coletivas. A mudança está vindo muito rápido e precisamos dar conta do desafio. O problema é que muita gente só adere aos programas de desenvolvimento quando há uma crise”. 

Já Nabil Kadri, diretor-geral do BNDES, apontou como a agenda hídrica mudou muito nos últimos 20 anos. “Agora, é preciso lidar com a agenda da finitude. Não adianta mais pensar em solução para cinco anos. A escassez hídrica está acontecendo hoje. Temos tentado trabalhar com soluções simples, que integrem ações coletivas e coordenem esforços”, afirma. 

Fonte: Exame

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