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MELHORES E MAIORES 50 anos: Sabesp completa cinquentenário às vésperas de privatização
A Sabesp, assim como a MELHORES E MAIORES, completa 50 anos em 2023. Mais do que a coincidência do aniversário, ambas compartilham uma trajetória de relevância e pioneirismo no mercado brasileiro: a premiação ao reconhecer o desempenho de companhias que movem o país e, a empresa de saneamento, ao se tornar uma das empresas com o menor índice de perdas do Brasil. Ainda assim, demorou para que os caminhos de ambas se cruzassem. Foi só em 2016 que a empresa ficou em primeiro lugar no ranking. Hoje, acumula quatro premiações, vencendo também em 2017, 2019 e 2020 e se consolidando como uma das maiores campeãs históricas da categoria de Infraestrutura.
Muito já foi feito até aqui, mas as transformações não param. De olho nos próximos 50 anos, o ranking se adapta para incluir cada vez mais empresas e setores representativos da economia brasileira, enquanto a Sabesp não perde de vista a inovação. “Uma empresa que só opera concessão tem data para acabar. A arte aqui é conseguir novos contratos e trabalhar para gerar mais eficiência, processos mais ágeis e trazer uma visão de mercado capaz de entender que a companhia está preparada para o futuro”, diz André Salcedo, CEO da Sabesp, à EXAME.
O pioneirismo vem desde a origem da Sabesp, com marcas evidentes principalmente de 2000 para cá. Em 2002, a empresa foi a primeira estatal do Brasil a entrar no Novo Mercado criado pela Bolsa de Valores de São Paulo, sendo, também, a primeira empresa listada em Nova York. De lá para cá, já criou soluções para combater a crise hídrica e se adaptou aos desafios de informatização. Em 2023, o mercado financeiro está, de novo, atento aos próximos passos da companhia, que está em vias de ser privatizada. O processo deve acontecer até outubro de 2024, nas estimativas da Ativa Investimentos divulgadas nesta semana. Na visão da gestora, é possível que o processo saia até às eleições municipais, mesmo sendo necessárias uma série de movimentos até lá.
Independentemente da data, fato é que o processo de preparação já começou. A chegada de André Salcedo, atual CEO, em janeiro deste ano, trouxe a empresa para uma série de iniciativas que visam à preparação para o processo de privatização: nos últimos seis meses, a busca por mais eficiência e integração de processos foram só o começo. A Sabesp ainda criou recentemente uma divisão de transformação digital, ligada diretamente à presidência, de olho em aproveitar os dados de 28 milhões de clientes e de 375 unidades espalhadas pelos municípios de São Paulo, e também tirou do papel uma unidade ESG, que tem como diretriz dar os principais guias para o que a empresa busca na agenda socioambiental.
Os resultados já começaram a aparecer. Neste ano, a empresa venceu uma concorrência pública em Olímpia com outorga de R$ 148 milhões, tornando-se a primeira estatal a conseguir um contrato nessa modalidade de processo competitivo. “O desafio olhando para a frente é capturar valor que a empresa tem em diferentes dimensões. A gente reviu processos, centralizou toda a lógica de pensar investimentos, juntou dentro desse mesmo núcleo a área de inovação. Então todo o nosso capex futuro tem uma pegada de inovação que estava dispersa para pensar novas soluções para frente”, diz o CEO.
Trazendo o conceito para a prática, estão contempladas nessas estratégia inovações no sentido de alocar uma visão de economia circular, por exemplo, usando o lodo do esgoto de forma tratada para a produção de subprodutos como o biogás, fertilizantes e água de reuso. A companhia também traça a rota de melhoria das estações de tratamento, com investimentos em automação e em redução de perdas. Hoje, a Sabesp tem um dos menores níveis de perda do setor, com 27% de tudo que é produzido. No Brasil, esse número gira em torno de 40%, 50%, nas contas da empresa. Não à toa, a companhia investe hoje mais de R$ 1 bilhão por ano em redução de perdas.
Além de solucionar problemas, a companhia também busca alternativas de resiliência hídrica. O olhar para as cidades é um compromisso assumido com a região metropolitana de São Paulo e com regiões mais densas da baixada, de buscar novas soluções de aumentar a disponibilidade de água para a população. “A gente vem pensando em trazer uma inovação para o Brasil que é a dessalinização. É um processo caro, temos conversado com empresas em Israel, uma região que passou por uma transformação ao longo das últimas décadas de importador de água para exportadora. Vamos iniciar projetos pilotos no litoral para começar pequeno, testar, otimizar operação”, diz o CEO. Manter a companhia com um alto grau de eficiência e prepará-la para o futuro, deixando cada vez mais claro a usuários e investidores o diferencial da Sabesp: é esse um breve resumo do legado que a companhia quer deixar para os próximos 50 anos.
Fonte: Exame