Nacional
Mais que inclusão financeira, pandemia impulsionou a inclusão social
Por Adriano Meirinho*
A pandemia trouxe à luz a discussão sobre um assunto que era latente: o da inclusão financeira. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 2021 apontava que em agosto de 2019, 45 milhões de brasileiros estavam desbancarizados. Já em janeiro de 2021, esse número havia caído para 34 milhões.
Olhando o copo meio cheio, dados do Banco Central indicam que em dezembro de 2021, o país somava 182,2 milhões de brasileiros bancarizados, um aumento de 10,3% em comparação com fevereiro de 2020, antes da pandemia.
Claro, a pandemia foi o grande impulsionador dessa inclusão. Mas o que realmente permitiu que mais e mais pessoas entrassem para o sistema financeiro nesse período foi a tecnologia, foi a inovação trazida, em sua maioria, pelas fintechs. Se antigamente, a população preferia ir ao dentista do que ir ao banco, as fintechs mudaram essa mentalidade oferecendo um melhor atendimento, melhores serviços, praticamente sem custo.
Em um primeiro momento, dada a necessidade trazida pela pandemia, a inclusão financeira permitiu o acesso aos serviços mais básicos, do recebimento do auxílio emergencial ao pagamento de contas. Mas ela é muito mais do que isso. Estamos falando de oferecer equidade de serviços e, acima de tudo, de inclusão social. A inclusão financeira é uma forma para a diminuição das desigualdades, é um caminho que pode gerar oportunidades.
Ora, em um país em que temos mais celulares do que habitantes (somos 214 milhões de pessoas e temos em torno de 259 milhões de celulares no país), o que falta para incluirmos ainda mais o número de pessoas ao sistema financeiro, levando um impacto positivo ainda maior para a população?
Estamos em um caminho de inovação bem forte e acelerado (temos alguns bons exemplos disso, como o Pix e o Open Finance), mas ainda temos uma defasagem em relação à infraestrutura, especialmente quando olhamos para as regiões Norte e Nordeste. Nessas regiões, é sabido que o acesso à internet é precário, além de ser um serviço extremamente caro. Se olharmos para o interior do Brasil, muitos locais não possuem cabeamento, utilizam internet via rádio. Então, falta investimentos das empresas de telecom nessas regiões.
Talvez, com o 5G, teremos internet mais rápida e mais barata – mas isso é um talvez. Até porque somos dependentes de alguns players; o mercado ainda precisa de mais concorrência. Precisamos levar acesso para todos.
Nos locais mais longínquos, o fechamento das agências bancárias físicas poderia ter sido um grande entrave para o acesso democrático aos serviços financeiros. Nesses locais, as fintechs e os correspondentes bancários passaram a suprir essa necessidade, mas é claro que a rede ainda precisa aumentar. A Celcoin, empresa de infraestrutura de serviços financeiros e bancários, realizou um estudo de impacto social e constatou que, nas cidades em que há a rede de agentes Celcoin, a população gasta menos dinheiro e menos tempo para pagar uma conta, por exemplo. São cidades com 20 ou 30 mil habitantes, em que não é necessário se deslocar para outra cidade para acessar esses serviços.
A inclusão financeira não acontece sozinha. Ela depende de importantes atores para chegar a todo o Brasil. As fintechs assumiram um importante papel nessa empreitada. Mas é preciso cada vez mais o envolvimento e interesse de outros segmentos, de empresas que realmente queiram causar impacto social e ofereçam mais do que o básico; que ofereça acesso a serviços e produtos de qualidade, que insiram toda a população num contexto mais igualitário.
*Adriano Meirinho é CMO e co-fundador da Celcoin
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Fonte: Exame