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Maior evento de criptomoedas do mundo mostra que setor abraçou mercado tradicional
Singapura foi dominada na última semana pelo mercado de criptomoedas. O motivo? O Token 2049, considerado o maior evento do mundo voltado para o mundo cripto. Dados divulgados pela organização mostram que ao menos 20 mil pessoas compareceram ao centro de eventos do Marina Bay Sands, um dos pontos mais famosos do país, para participar do evento.
Como não poderia ser diferente de qualquer grande evento do mundo cripto, o destaque ficou com a gama de palestrantes dos chamados “criptonativos” – aqueles que desenvolvem projetos e atuam no setor há anos, sobrevivendo aos altos e baixos do mercado e às grandes quebras de empresas que marcaram o ano de 2022.
Por outro lado, o Token 2049 também ilustrou bem um movimento que ganhou tração no mercado de criptomoedas neste ano: uma crescente inserção do “mercado tradicional”, em especial as grandes instituições financeiras, nesse mundo.
Junto a nomes como Vitalik Buterin, o fundador da Ethereum, e os CEOs da Binance, Richard Teng, e da Circle, Jeremy Allaire, estiveram representantes da CME Group, responsável pela maior bolsa de negociação de derivativos do mundo, e de empresas como o Google, o PayPal e a gestora VanEck.
Outra forte presença no evento foi da Sony, que aproveitou a ocasião para reforçar a divulgação do Soneium, seu projeto de blockchain próprio. Estiveram presentes, ainda, nomes das consultoras Deloitte e EY, além das já conhecidas empresas de capital de risco que foram as primeiras a se voltar para o mundo cripto.
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A hora e a vez de cripto?
O movimento reflete um dos momentos mais importantes para o setor – como apontando em diversas palestras ao longo dos dois dias do evento – a aprovação dos primeiros ETFs de bitcoin e ether nos Estados Unidos neste ano. Em entrevista à EXAME, Vishal Sacheendran, head de Mercados Regionais da Binance, afirmou que a aprovação deu a “a legitimidade que as criptomoedas precisavam”.
Além disso, o peso da chegada mais intensa dessas empresas, com seus recursos bilionários e grande volume de usuários, também refletiu uma necessidade do setor: uma maior maturidade, tanto em discurso quanto ações, e um foco em entender o que, efetivamente, ainda precisa ser feito para garantir uma adoção em massa de cripto e blockchain.
Vitalik Buterin, por exemplo, disse em sua palestra que o setor já foi capaz de eliminar as “razões para não usar cripto”, mas ainda tem sido incapaz de apresentar as “razões para usar cripto”. Já Charles Hoskinson, criador do blockchain Cardano, disse que será preciso que o mercado ganhe uma nova geração de criptomoedas para atender às exigências de adoção do mercado tradicional.
Nesse sentido, apesar do evento confirmar a relação cada vez mais próxima entre o mundo do blockchain e o fora dele, ele também reforçou uma “aura” que paira no mercado: a da espera. De um lado, investidores aguardam ansiosamente por um novo ciclo de alta do bitcoin e outras criptomoedas com o início de cortes de juros nos EUA e uma injeção bilionária de liquidez na China.
Do outro, o próprio mercado cripto espera começar a colheita dos frutos da chegada efetiva dos institucionais, com mais capital e usuários potenciais para seus projetos. Como disse um criador de projetos na Web3, mesmo as iniciativas do setor que não sejam investidas diretamente por esse grupo tendem a ser beneficiadas por uma nova narrativa de validação do mercado cripto, com mais maturidade e segurança.
Mas isso não abala a visão, e a aposta, que o mercado cripto faz sobre o seu futuro. Richard Teng, CEO da Binance, disse que acredita “firmemente que blockchain é o futuro do mercado financeiro”. Já Allaire, da Circle, afirmou que o “sistema financeiro da internet vai ser construído em blockchain”.
Depois de passar por anos de maturação e evolução de projetos e casos de uso e por uma recuperação de imagem após as quebras de 2022, em especial à da FTX, o mercado de criptomoedas mostra agora que está mais pronto do que nunca para a inserção verdadeira no “mainstream”. Resta, agora, esperar para ver se o momento chegou.
Fonte: Exame