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Jovem aposta na velha economia para transformar alimentos saudáveis


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Antes de completar os 25 anos neste mês de agosto de 2022, André Albuquerque, que veio de uma família simples de Nova Iguaçu na Baixada Fluminense, trabalhou quando adolescente na pequena empresa familiar de retalhos de tecidos e plástico, conquistou uma bolsa universitária nos Estados Unidos jogando futebol, montou uma empresa de limpeza de vidros e janelas no exterior e, no Brasil, investiu em uma indústria de suplementos alimentares.

André apareceu em 2021 na lista “Forbes Under 30” como um dos jovens brasileiros proeminentes, e se diferencia dos empreendedores da sua idade pelo foco na chamada “Velha Economia”. Enquanto a maioria dos jovens está procurando um emprego ou se aventurando em startups, ele já teve diversos negócios e já empregou mais de 300 pessoas ao longo de sua trajetória e hoje lidera junto a outros sócios a maior terceirizadora de alimentos saudáveis do país, a Suplax.

Em conversa exclusiva com a Bússola, André lembra que tudo na sua vida foi acontecendo rápido porque sempre esteve disposto a tomar riscos e a trabalhar o quanto fosse necessário. “A fórmula simples funciona: acordar cedo, produzir, trabalhar duro e vender”, diz.

Bússola: Você começou a empreender muito jovem. Que aprendizados isso te trouxe?

André Albuquerque: Minha percepção de que trabalhar é bom veio do exemplo da minha família. Até hoje meu pai tem um negócio que começou com uma lojinha de bairro que vendia sobras de retalhos de plástico e tecidos.

Enquanto ele (o pai) gerenciava, meu avô dirigia o caminhão, minha mãe atuava no balcão, minha avó era a vendedora, eu entregava panfletos. Cada um tinha o seu papel para o negócio funcionar.

Eu trabalhei lá na infância e adolescência, dos 6 aos 14 anos, além de estudar, claro. Minha mãe não me deixava largar a escola, e correta estava ela, a educação é muito importante e só passamos a valorizar após velhos.

O retorno vem quando se acorda cedo, produz, vende e trabalha duro, pois não existe fórmula mágica. Não tive dificuldades de entender meu papel nessa roda, aprendi cedo a ter responsabilidade.

Como diz o Abílio Diniz: uns sonham com o sucesso, nós acordamos cedo e trabalhamos duro para consegui-lo.

Bússola: Com tanto espaço para inovação e no mercado digital, por que essa paixão e escolha pela “velha economia”? De onde veio a coragem de empreender ainda mais nesse setor?

André Albuquerque: A inovação pode vir de diversas formas, e esses avanços nas “techs” são muito importantes, têm gerado escala para soluções que não se imaginava há 15, 20 anos.

Mas, a velha economia não deixa de ser o motor da sociedade. Aliás, há muito espaço para se inovar, em modelos de negócio, relações de trabalho e no aumento de eficiência de produção, entre outros aspectos. Costumo dizer que o simples funciona, muitas pessoas olham para o mercado de startup enquanto poucos estão olhando para a velha economia. Por esses e outros motivos escolhi empreender na indústria de alimentos.

Ninguém tem certeza de que um negócio vai dar certo. Para isso, você precisa tentar e, se errar, consertar rápido e tentar de novo. A persistência é uma das principais aliadas de um negócio de sucesso e a velocidade também.

Bússola: Conte um pouco mais sobre a história da Suplax. Como vocês chegaram a bons resultados em tão pouco tempo? O que mais te orgulha na empresa?

André Albuquerque: Sabendo da empresa de limpeza que havíamos montado nos Estados Unidos, entre 2015 e 2016 um amigo que já trabalhava no ramo de suplementos alimentares me ligou com a ideia de importar uma nova máquina para alugar a uma indústria terceira, para ganhar com o lucro oriundo da produção.

Surgiu a oportunidade de assumirmos toda a indústria de uma marca que já era referência no país, mas que estava em processo de falência por má gestão. A partir daí, aproveitamos os ativos e buscamos montar uma estrutura para entregar os melhores produtos para o mercado. Logo crescemos e fizemos um novo pátio fabril em São Paulo, investimos muito em qualidade e infraestrutura, inclusive atendemos hoje as restrições da indústria farmacêutica, que é a mais exigente, e poucas indústrias de Suplementos no país conseguem atender.

O negócio foi pensado para oferecer toda a jornada produtiva para os clientes e hoje somos a única indústria com capacidade de oferecer o processo inteiro e de forma rápida – fazemos desde o registro da marca até a distribuição, produzindo em todos os formatos de produtos (cápsula, pó, comprimido, efervescente, softgel, sachê, sticks, pellets, líquido e outros) para os setores de suplementos esportivos, vitamínicos e alimentos saudáveis sem possuir uma marca própria.

Hoje, a Suplax está alocada em um parque fabril de quase 22 mil m2, com localização excelente para logística – a planta fica em Santana da Parnaíba, na grande São Paulo, com saída para as principais rodovias, com capacidade produtiva de mais de 1.000 toneladas/mês.

Meu orgulho é ver essa operação funcionando, fechando o ano com mais de 200 funcionários que trabalham felizes para atender, de forma recorrente e com excelência, mais de 100 marcas.

Bússola: O presidente Jair Bolsonaro anunciou recentemente (em 19 de agosto) que o governo federal zerou os impostos de importação de suplementos alimentares, como Whey Protein, e de outros itens de nutrição esportiva. Como isso impacta o mercado?

André Albuquerque: Avaliamos como positiva a medida, visto que impacta diretamente nos custos de matéria-prima.

Isso possibilita ao consumidor ter acesso a produtos melhores, com preços mais acessíveis, o que é muito importante para movimentar o setor, lembrando que o Brasil está entre os  maiores consumidores do mundo de suplementos alimentares e alimentos saudáveis, crescendo expressivamente ano a ano, mas boa parte da população ainda não tem acesso a produtos mais saudáveis por conta dos preços.

Bússola: Vemos muita gente reclamar do ambiente de negócios no Brasil. Como você enxerga o cenário e o contexto econômico brasileiro para o empresário?

André Albuquerque: A realidade está aí, nem sempre ela será boa, mas é ela que temos que encarar.

Independentemente do ambiente, o senso de responsabilidade e a vontade têm que prevalecer. Problemas vão sempre existir, uns maiores outros menores, mas não podemos abaixar a nossa cabeça e esperar um mundo perfeito pois está longe de acontecer, só nós mesmos somos capazes de criar a nossa própria realidade. Reclamar não muda, precisamos de mais gente que entre para o time dos que fazem, esses sim vão mudar o cenário do nosso país, do mundo.

O Brasil é um país cheio de oportunidades, se tiver vontade ela aparece. Se ficarmos esperando o cenário ideal para tocar um negócio, é capaz de esse dia nunca chegar e o negócio nunca ser feito, importante é sair da inércia, o restante a gente resolve.

Bússola:  Você conversa como uma pessoa bastante madura para sua idade. Se enxerga numa posição parecida com Jorge Paulo Lemann, Abilio Diniz, Gerdau, Luiza Helena Trajano?

André Albuquerque: Menos! Fico muito lisonjeado pela comparação, mas tenho muita estrada ainda para enfrentar, muita farinha para comer, para chegar aos pés deles.

Nesse percurso, ainda estou engatinhando. Me inspiro muito nessas histórias de sucesso. Estamos falando de pessoas que impactaram a sociedade com suas trajetórias, pessoas que mesmo depois de chegar ao um nível que não precisa mais estar na ativa se mantêm em projetos para mudar o nosso país e melhorar a nossa sociedade, como a Fundação Estudar e a Lemann, projetos que vão além de benefícios financeiros para si próprios.

São pessoas que assumem isso como propósito de vida.

 

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