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Rondônia, quarta, 09 de outubro de 2024.




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IA criativa: uma aliança entre humano e máquina na criação da arte


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Por Marcelo Pontieri*

Apesar do receio de muitos de que as inteligências artificiais (IAs) tomem o lugar de criação dos humanos, ganhando a capacidade de serem criativas e imaginativas, essas ferramentas têm contribuído, e muito, para que artistas humanos possam se dedicar ao que fazem de melhor: boa arte.

Um termo que se tornou popular nos últimos anos foi o “ócio criativo”. Esse estado humano, estudado e detalhado por pensadores como o sociólogo italiano Domenico De Masi, descreve um estado em que não se está realmente ocioso, mas sim aberto a possibilidades de criação, com foco total em uma atividade que incentiva a imaginação, algo separado da correria cotidiana de tarefas ligadas ao trabalho, ao cuidar da casa, pagar contas etc. Esse é um estado complicado de se atingir em tempos tão atribulados e inundados de informação, mas ele está sendo proporcionado a muitos artistas da atualidade justamente pela inteligência artificial.

As chamadas IAs criativas estão longe de tirar o emprego de artistas, sejam eles de que área forem (literatura, música, cinema etc.), mesmo que automatizem diversas atividades e até gerem a ilusão de motivação na criação de diversas obras de arte. Na verdade, a palavra-chave é justamente a motivação. Por melhor que seja uma IA, toda a sua motivação, por mais que pareça que não, é derivativa de quem a desenvolveu.

Ou seja, ela não organiza uma obra-prima por sua própria iniciativa, vontade ou imaginação, mas trafega por padrões que considera positivos para criar algo. Algo criado por uma IA pode ser belíssimo, mas a IA não entende por que fez aquilo. Não há mensagem a ser passada pela IA, mas há uma mensagem sendo passada pelo artista que a utilizou para criar a obra.

Um bom exemplo está na criação de conteúdo para programas de entretenimento. As IAs de diversas companhias de streaming, por exemplo, identificam tendências, estudam recepção e comportamento e geram roteiros que podem render algo muito interessante e divertido, mas elas trabalham buscando atender a desejos e urgências humanas, ou seja, nem mesmo nesse caso, a motivação é da IA.

Mais importante que isso, as IAs estão ajudando a arte, e muito, possibilitando a subversão de conceitos, facilitando a criação, extrapolando detalhamentos, automatizando trabalhos “braçais” no cotidiano artístico, dando voz aos que têm imaginação e uma mensagem, mas não a habilidade com uma determinada ferramenta de arte, e poupando o artista, seja ele de qual ramo for, para dedicar-se ao seu ócio criativo. Hoje o artista pode deixar a máquina trabalhando no que é secundário à sua criação, enquanto ele organiza a motivação, o quebra-cabeça de mensagem e sentimento que quer transmitir.

Artistas como o alemão Mario Klingemann são exemplos muito claros disso. Conhecido por seu trabalho envolvendo redes neurais, códigos e algoritmos, Klingemann usa todo o potencial da IA e do machine learning para criar pontos de vista artísticos, com obras que discutem o sentido que o espectador dá à uma obra, e até possibilita mostrar como as percepções mudam com a perspectiva.

Como membro de uma empresa pioneira no uso de IA, sempre entendi que essa tecnologia veio para somar, não substituir. É o que vemos em nossa plataforma Nvidia Canvas, por exemplo. Nela, os criadores podem desenhar de forma simples, contando que a IA dará detalhes, profundidade, realismo e qualidade de imagem, de forma automática, mas é o criador quem decide o que quer representar e o que quer dizer com isso, inclusive determinando a quantidade de detalhes.

Uma situação semelhante ocorreu quando a fotografia surgiu, e muitos acharam que a pintura morreria. O que realmente ocorreu foi que os artistas buscaram novos meios de representar o que queriam em tela sem a necessidade do realismo da imagem como foco de seu trabalho, o que se desdobrou em diversos outros movimentos artísticos, que não tem seu foco em serem “fotográficos”, mas se focam em outros aspectos da arte, como o que é visto no surrealismo, impressionismo e modernismo, por exemplo.

As IAs criativas, além disso, possuem diversas outras frentes de atuação e potencial, como na facilitação de comunicação entre pessoas, já que cada vez mais elas podem compreender e transmitir ideias da linguagem humana.

A criatividade não é usada apenas na criação de arte, por si só, mas também faz parte da comunicação, por exemplo. A Nvidia Maxine é uma plataforma que permite diversas facilitações de comunicação, geradas por IA, se baseando no entendimento criativo da linguagem humana. Uma das possibilidades da plataforma é propiciar diálogos em línguas diferentes em uma mesma videoconferência. Todos os participantes entendem o que é dito em suas línguas nativas e podem falar livremente, deixando a IA fazer as traduções de fala.

A despeito dos temores que alguns têm das máquinas que sempre acompanharão as transformações tecnológicas e o comportamento humano, é possível observar, nas IAs criativas, as grandes próximas aliadas da arte, da comunicação e da interação humana.

*Marcelo Pontieri é gerente de marketing da divisão Enterprise da Nvidia para América Latina.

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