Conectado por
Rondônia, sexta, 11 de outubro de 2024.




Nacional

Dólar cai, e bolsa sobe: Veja como fechou o mercado hoje (4)


Compartilhe:

Publicado por

em

Após o tombo de 4,09% na segunda-feira, o dólar enfrentou um dia de instabilidade no mercado doméstico de câmbio nesta terça-feira, 4, sobretudo ao longo da tarde, quando mudou de rota algumas vezes e oscilou mais de sete centavos. Segundo operadores, o clima de cautela diante das articulações dos presidenciáveis para o segundo turno e movimentos técnicos limitaram o espaço para queda da divisa por aqui, apesar da forte rodada de baixa da moeda americana no exterior, na esteira da perspectiva de moderação do aperto monetário nos EUA.

Pela manhã, o dólar até ensaiou uma queda mais acentuada, descendo até a mínima de R$ 5,1123 (-1,19%), mas acabou moderando os ganhos ainda na primeira etapa de negócios e virou para o lado positivo no início da tarde, correndo até a máxima de R$ 5,2220 (+0,93%). Com constantes trocas de sinal ao longo das duas últimas horas do pregão, a moeda acabou fechando a R$ 5,1680, em baixa de 0,11%.

Nas mesas de operação, comenta-se que, embora veja espaço limitado para aventuras heterodoxas em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dada a composição mais conservadora do Congresso, o mercado tem clara preferência pela candidatura do presidente Jair Bolsonaro. Enquanto o petista não der sinais concretos de compromisso com uma agenda menos intervencionista, o mercado tende a se manter cauteloso e sustentar parte dos prêmios de risco embutidos nos ativos domésticos.

À tarde, Lula recebeu apoio do PDT e de seu candidato Ciro Gomes, que gravou um vídeo dizendo seguir a orientação do partido, mas sem mencionar o nome do petista. Também se juntou às hostes lulistas o Cidadania, que esteve com Simone Tebet (MDB) no primeiro turno. Já Bolsonaro angariou apoio do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do governador do Rio, Claudio Castro (PL), e do ex-ministro e senador eleitor Sergio Moro (União Brasil). O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou fora do segundo turno, declarou suporte pessoal e “incondicional” a Bolsonaro, embora os tucanos ainda mantenham a neutralidade. A expectativa é a de que Tebet declare seu apoio a Lula. Mesmo que caciques deixem claro sua preferência a um dos candidatos, pode haver rachas nos partidos.

“É normal ter uma correção depois de uma queda tão grande como foi a de ontem. A eleição está agora fazendo preço no mercado e vamos ter semanas de muita volatilidade com anúncio de alianças políticas e de planos para a economia”, afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, que não vê, neste momento, uma preferência clara do mercado por um dos presidenciáveis. “A perspectiva ainda é Lula mais ao centro, sem política econômica heterodoxa. Bolsonaro é a continuidade da agenda liberal, agora mais forte com o novo Congresso.”

Lá fora, a moeda americana emendou mais um dia de perdas expressivas, devolvendo parte da alta acumulada recentemente. Termômetro do desempenho do dólar frente a pares fortes, o índice DXY – que chegou a superar 114,000 mil na semana passada – caiu mais de 1% e esboçou romper o piso de 110,000 ao descer os 110,055 pontos à tarde, em meio à recuperação do euro e da libra, esta beneficiada pela perspectiva de que o governo do Reino Unido volte atrás no pacote de corte de impostos e ampliação de gastos.

Fôlego de queda nas taxas de juros arrefece com realização de lucro e exterior

Os juros futuros fecharam a terça-feira perto da estabilidade e viés de baixa na ponta longa. Após operarem em queda pela manhã, zeraram o recuo e passaram mostrar volatilidade a partir do começo da tarde. Depois da reação firme ao primeiro turno eleitoral, nesta terça-feira o mercado priorizou o exterior, acompanhando a trajetória dos Treasuries, e a ampliação da alta do petróleo também contribuiu para esfriar o impulso de baixa das taxas. Internamente, a agenda econômica esteve esvaziada e os agentes acompanham agora a definição dos apoios para o segundo turno e eventuais anúncios de propostas para a área econômica por parte dos candidatos. Na gestão da dívida, o Tesouro colocou lote grande de NTN-B no leilão desta terça-feira, o que ajudou a pressionar a curva.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,735%, de 12,722% na segunda-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 fechou estável em 11,46%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,245%, de 11,295% na segunda-feira.

O comportamento de baixa dos DIs na segunda-feira foi considerado exagerado por parte dos players, indicando espaço para correções nesta terça-feira, mas pela manhã o mercado ainda encontrou fôlego para seguir retirando prêmios. “O mercado se excedeu na queda, mas os dados nos EUA mostrando que a economia está menos aquecida sustentavam o rendimento dos Treasuries em baixa”, afirma o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier, lembrando que posteriormente os yields pararam de cair, o petróleo ganhou ainda mais força e a curva aqui acompanhou. No entanto, a taxa da T-Note de dez anos retomou queda, negociada em 3,61% perto das 16h, quando se encerrava por aqui a sessão regular da B3.

No front doméstico, a reação à configuração das forças políticas do primeiro turno parece já ter sido absorvida e os agentes estão agora de olho no mapa de alianças para o segundo turno, mantida a percepção de que tanto o ex-presidente Lula (PT) quanto o presidente Jair Bolsonaro tendem a adotar posturas mais ao centro. Para o gestor da Sicredi, Bolsonaro já iniciou esse movimento. “Já não contesta mais as urnas até porque seus aliados se elegeram”, disse.

Enquanto o mandatário conseguiu apoio dos governadores reeleitos de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), além do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), Lula conseguiu apoio do Cidadania e do PDT, inclusive de Ciro Gomes, e agora fica a expectativa pela definição de Simone Tebet (MDB).

Na gestão da dívida, o Tesouro realizou nesta terça-feira o primeiro leilão do quarto trimestre, vendendo integralmente a oferta de 1,8 milhão de NTN-B. O risco para o mercado (DV01) ficou em US$ 944 mil e as taxas saíram abaixo do consenso, segundo a Necton Investimentos.

Após oscilar à tarde para o negativo, Ibovespa sobe 0,08%, a 116,2 mil pontos

Embora em ritmo bem mais moderado nesta terça-feira, o sinal em boa parte do dia era de que o Ibovespa estenderia a série de ganhos pela terceira sessão, vindo de altas de 5,54% e de 2,20% nas duas anteriores. A partir do meio da tarde, contudo, a referência da B3 chegou a firmar-se em leve baixa (-0,26% na mínima do dia), apesar do avanço visto nos principais mercados da Europa, que chegou a 4,24% (em Paris), e também do observado em Nova York, que foi a 3,34% (Nasdaq) no fechamento.

Nesta terça-feira, com Ibovespa aos 116.230,12 pontos no encerramento, ficou bem perto da estabilidade (+0,08%), ainda assim no maior nível de fechamento desde 13 de abril (116 781,96). O giro financeiro ficou em R$ 35,0 bilhões na sessão, após ter fechado na segunda-feira a R$ 46,2 bilhões. Na semana e no mês, o índice da B3 ganha 5,63%, colocando o avanço no ano a 10,88%.

O Ibovespa oscilou e se firmou no negativo no meio de tarde, com estatais como Petrobras (ON -1,97%, PN -2,52%) e Banco do Brasil (ON -5,38%, segunda maior perda da carteira do índice na sessão) acentuando queda e devolvendo parte do desempenho exuberante do dia anterior, quando a eleição de um Congresso conservador e “pró-mercado” havia animado os investidores, levando a Bolsa a fechar o dia em alta acentuada, no que foi seu maior ganho, em porcentual, desde abril de 2020.

Na ponta negativa do índice na sessão de hoje, além de BB, destaque também para IRB (-6,25%), Cemig (-5,04%), Cielo (-4,31%), MRV (-4,17%) e Positivo (-4,10%). No lado oposto, 3R Petroleum (+9,33%), em dia de alta de 3% para o petróleo, à frente de Americanas (+6,03%), Locaweb (+5,60%) e CSN Mineração (+5,43%). Em Cingapura, o minério de ferro fechou a terça-feira em alta de 1,30% – nesta semana, as bolsas de Dalian e Qingdao, na China, não funcionam devido ao feriado da Semana Dourada. Vale ON fechou o dia em alta de 2,42%, contribuindo para mitigar a oscilação para o negativo vista no Ibovespa ao longo da tarde

“Há uma acomodação natural, depois de forte avanço ontem, especialmente das estatais. A percepção é a de que um Congresso mais conservador tende a dificultar, na hipótese de vitória de Lula, uma mudança de rumo imediata e aguda – ele precisará negociar muito mais para aprovar suas propostas. Isso traz um balanceamento ao próximo governo, caso de fato mude o presidente”, diz Ana Luiza Gnattali, sócia e responsável pela mesa de renda variável da Legend Investimentos.

“Ontem, a alta do Ibovespa impressionou: estamos chegando naquele ponto em que não se sabe mais se o rali é brasileiro ou parte do rali mundial, mas o fato é que o bom humor se estendeu à manhã de hoje”, diz o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala. “As eleições de domingo trouxeram a ideia de que o Lula, ganhando, fica restrito por um Congresso de centro-direita, especialmente nas políticas fiscal e orçamentária, em sentido mais rígido e ortodoxo. Ou porque aumentou a chance de Bolsonaro ser reeleito”, acrescenta. Por um sentido ou outro, o mercado fez leitura “bastante positiva” do desfecho do primeiro turno, observa o economista.

Assim, após ter sido amplamente pautado pelo comportamento externo no período anterior à eleição, em que os movimentos acompanharam de perto as incertezas sobre a economia global, os investidores voltam agora parte da atenção à costura política que antecede a etapa final, no dia 30, que promete ser acirradíssima entre Lula e Bolsonaro, separados por uma diferença de pouco mais de 6 milhões de votos no primeiro turno

Nesta terça, em entrevista à colunista Irany Tereza, do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o ex-presidente do BC e sócio da Gávea Investimentos, Armínio Fraga, apontou que a margem de 6 milhões de votos é insuficiente para definir a eleição. Fraga, que havia pensado em anular voto no segundo turno, disse também que apoiará Lula, na medida em que os “riscos aumentaram”, referindo-se indiretamente à possibilidade de vitória de Bolsonaro no dia 30. Ele também considerou “muito otimista” a reação de segunda do mercado à eleição de um Congresso de perfil ainda mais conservador, bem como ao desempenho eleitoral do atual presidente da República, acima das expectativas e do que indicavam as pesquisas de intenção de voto.

“Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que reste duas opções, ao meu ver, insatisfatórias”, disse hoje, em vídeo nas redes sociais, o candidato derrotado do PDT no primeiro turno, Ciro Gomes, ao comentar o apoio anunciado por seu partido à candidatura Lula no segundo turno. Em nota oficial, o Cidadania, que apoiou Simone Tebet (MDB) no primeiro turno, citou hoje “riscos de escalada autoritária” para justificar a escolha de Lula para o segundo turno.

Por sua vez, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem sofrido pressão de alguns parlamentares de seu partido e de aliados para manter-se neutra durante o acirrado segundo turno da eleição presidencial. A candidata recebeu 4,2% dos votos no primeiro turno e prometeu se posicionar na disputa do segundo turno, sinalizando disposição pessoal de apoiar Lula.

Pelo lado do governo, ao oficializar o apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição para o Palácio do Planalto, o governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que vai fazer do Estado a “capital da vitória” do atual presidente. Correligionário do candidato à reeleição, Castro se encontrou com Bolsonaro no Palácio do Planalto nesta terça-feira, 4, após o presidente ter sido apoiado pelo governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Em São Paulo, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), esteve na sede do governo, o Palácio dos Bandeirantes, fazendo acertos finais para o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB), derrotado no primeiro turno da eleição estadual, ao presidente e candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro.

Depois, ao lado do presidente Jair Bolsonaro e de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que concorre ao governo paulista, Rodrigo Garcia declarou, nesta terça-feira, “apoio incondicional” à candidatura do chefe do Executivo no segundo turno. Com críticas ao PT, o tucano, que também declarou apoio à Tarcísio, afirmou que a ação tem como objetivo impedir que os petistas cheguem ao governo do Estado. “Durante toda a eleição de primeiro turno, eu disse que São Paulo é um Estado desenvolvido, Estado que dá oportunidade a todos, que ajuda a quem precisa”, disse.

Destacando que o PT nunca chegou a ocupar o Executivo estadual, o tucano declarou também: “Eu não quero (o PT) para São Paulo, muito menos eu quero para o Brasil”. (Estadão Conteúdo)

Fonte: O tempo

Publicidade
QUEIMADAS - GOVERNO RO

Mais notícias

Compartilhe: