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Cena do rock de Brasília nasce no ambiente universitário e explode nas ondas do rádio em todo Brasil
O rock chegou a Brasília logo depois da inauguração da cidade. Nos anos 70, a cena se organizou no ambiente universitário, com a chamada Turma da Colina – sobre a qual já falamos em uma reportagem anterior.
A principal banda da Turma da Colina foi o Aborto Elétrico. Criada no fim dos anos 70 e que deu origem à Legião Urbana, à Plebe Rude e ao Capital Inicial. Em 1994, Renato Russo contou à MTV como a influência das bandas punk da Inglaterra influenciou a formação da banda junto com Felipe Lemos, que depois foi para o Capital, e o guitarrista André Pretorius.
Antes da fama, as bandas ensaiavam em um estúdio montado em uma sala comercial do Brasília Rádio Center, que foi inaugurado em 1979, no Setor de Rádio e TV Norte, bem perto da rodoviária e da Torre de TV.
Ainda hoje a Legião é o grande símbolo do rock de Brasília. Mas a primeira a conseguir show fora da cidade foi a Plebe Rude, em Patos de Minas, em 1982. No ano seguinte, o Capital foi a primeira a tocar em São Paulo e os Paralamas do Sucesso, que se mudaram para o Rio de Janeiro no fim dos anos 70, foi quem apresentou as bandas daqui às gravadoras e as emissoras de rádio e TV mais influentes do país.
Em depoimento ao cineasta Vladimir Carvalho, no documentário “Rock Brasília – Era de ouro”, o jornalista Carlos Marcelo resumiu como foi o rock na cidade nos anos 80.
E foi no auge do sucesso que o show da Legião Urbana no Estádio Mané Garrincha se transformou em uma tragédia, no dia 18 de junho de 1988. A confusão começou horas antes dos shows, ainda no deslocamento do público. Dezenas de ônibus foram depredados. No estádio, mais confusão na entrada e, lá dentro, a Legião atrasou duas horas para subir ao palco.
Depois de brigas na plateia e de um fã segurar Renato Russo pelo pescoço em cima do palco, o vocalista passou a ser irônico com os seguranças e com o público, que começou a arremessar bombinhas no palco. Depois de uma hora de show, a banda deixou o palco e as luzes passaram um bom tempo apagadas. Em um especial da Rádio Cultura FM, em 2018, o apresentador Marcos Pinheiro contou o desfecho daquele show, que completava 30 anos.
A Legião, com Renato Russo, nunca mais tocou em Brasília. Em 2013, o Mané Garrincha, já reformado, recebeu uma homenagem em que, por meio de um holograma, Renato Russo se reconciliou com os fãs em Brasília. Em 2016, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá voltaram a tocar na capital, com a turnê de 30 anos da banda.
Em 2009, a Plebe Rude gravou um show ao vivo na Ermida Dom Bosco, para comemorar seus 25 anos. E, em 2008, o Capital Inicial lotou a Esplanada dos Ministérios com um show histórico nos 48 anos de Brasília.
E o rock virou filme. Além do documentário de Vladimir Carvalho, em 2013 “Faroeste Caboclo” chegou aos cinemas e, em breve, será a vez de assistirmos à história do casal mais famoso da capital. “Eduardo e Mônica” deveria estrear no dia 11 de junho deste ano, mas aí veio a pandemia e o lançamento agora está como todos nós, aguardando tudo isso passar.
O rock brasiliense mudou nos anos 90 e 2000. É o assunto da próxima reportagem.
* Com produção de Wesley Braga
** Acesse aqui todas as reportagens do especial Brasília 60 Anos, que vai ao ar na Rádio Nacional e parceiras e também é publicado na Radioagência Nacional.
Fonte: Ag. Brasil