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Rondônia, quinta, 19 de setembro de 2024.




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Após exonerar coordenadora do Inpe, ministro nega relação com desmatamento


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Um dia após exonerar a coordenadora da área que monitora o desmatamento da Amazônia, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, afirmou nesta terça-feira (14), que a medida não tem relação com as altas no desmatamento recentes – tema que colocou o governo na mira de críticas nacionais e estrangeiras. E para minimizar o impacto negativo, apresentou avanços na observação da floresta, anunciando um sistema mais preciso para ajudar a conter a devastação, o chamado Deter Intenso.

Pontes reafirmou que a retirada de Lubia Vinhas da coordenação da Observação da Terra (OBT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) era uma mudança prevista num processo de reestruturação que começou a ser elaborado no ano passado. 

Segundo ele, o objetivo é “melhorar a gestão de recursos, de pessoal e a eficiência em termos de execução de projetos”, mas disse que não haverá mudanças no funcionamento dos projetos que monitoram a Amazônia, como o Deter e o Prodes. “Durante essa reestruturação, continua a mesma equipe. Em time que está ganhando a gente não mexe”, afirmou o ministro, em uma tentativa de apaziguar as críticas feitas nesta segunda-feira de que a exoneração de Lubia seria uma forma de tentar tolher a divulgação dos dados.

Reação

No ano passado, quando os indicadores apontaram que o desmatamento estava subindo, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disseram que os dados eram mentirosos. As acusações levaram a uma reação do então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, que acabou sendo exonerado em 20 de julho. 

Nesta terça, Pontes se esforçou para dizer que as duas exonerações não estão relacionadas com os dados. Disse que Galvão saiu por “discussões com o presidente” – o físico acusou Bolsonaro de ser “pusilânime e covarde” depois que este disse que os dados do Inpe eram mentirosos e insinuar que Galvão estaria “a serviço de alguma ONG”.

Já sobre Lubia, disse: “Ela não foi demitida, continua no Inpe. É servidora, ótima profissional, assume uma projeto estratégico de altíssima importância para o País”, afirmou Pontes. Lubia, que era coordenadora da OBT, reportando-se diretamente ao diretor, agora assumia a chefia de um projeto de implementação de uma Base de Informações Georreferenciadas (BIG), sob uma nova coordenação.

Com a nova estrutura, a OBT, juntamente com outros dois departamentos – o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e o Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) – passa a ser subordinados à Coordenação-Geral de Ciências da Terra, que responderá por todo o trabalho da área ambiental do Inpe.

Distraído

Sobre o momento do anúncio – apenas três dias depois que foram divulgados os alertas de desmatamento referentes ao mês de junho (o maior para o mês dos últimos cinco anos), confirmando uma tendência de alta da devastação que já ocorre há mais de um ano –, Pontes alegou falta de atenção. 

“Essa transferência da Lubia para o BIG, esse setor novo de grande importância, aconteceu em um um momento que chamou a atenção de todo mundo (…), menos eu que não tinha prestado atenção no que tinha acontecido, vamos dizer assim”, disse com um sorrisinho constrangido.

“Aconteceu num momento que tinha todos esses alertas, tal, tal. O pessoal achou que tinha a ver uma coisa com a outra. Não tem. Só para reforçar, ela não foi demitida, o time do Deter, Prodes continua o mesmo”, disse. O ministro afirmou ainda não “tem dúvida sobre esses números serem corretos e sobre a (necessidade) de transparência” das informações.

O desmatamento da Amazônia e a pressão que o governo vem sofrendo de investidores estrangeiros e locais estão com destaque no noticiário desde o fim de junho. Uma das justificativas do vice-presidente Hamilton Mourão, que coordena os esforços do chamado Conselho da Amazônia, foi alegar que “os nossos mecanismos de monitoramento são péssimos”. Pontes não se manifestou sobre isso.

O ministro, acompanhado de Darcton Damião, que está interinamente no cargo de diretor do Inpe desde a saída de Galvão, se esforçou para dizer que o trabalho vem sendo aprimorado. E disse que gostaria que o anúncio desta terça-feira fosse interpretado como uma mostra do quanto o Inpe tem feito para melhorar a qualidade de dados do desmatamento. “E vai melhorar ainda mais. É um fato positivo para mostrar para as pessoas”, afirmou.

Ele apresentou um projeto que está em vigor desde fevereiro, o Deter Intenso, mas que ainda não tinha sido divulgado; e um novo satélite, o Amazônia 1, que deve entrar em operação no ano que vem. 

Vegetação

De acordo com Damião, o Deter Intenso é um aprimoramento do Deter, sistema que fornece alertas rápidos de desmatamento para orientar a fiscalização em campo. Até meados do ano, o satélite com o qual o Inpe trabalhava revisitava uma mesma área em média a cada cinco dias – é o tempo que eles levam para olhar novamente para uma mesma região.

Com a entrada em operação de um novo satélite, o Cbers-4A, agora dois instrumentos circulam o planeta, fornecendo novas imagens a cada três dias em média, o que já permite um monitoramento contínuo da vegetação.

Mas havia uma demanda da fiscalização de que, além de uma frequência maior de de dados, eles também fossem mais precisa. A ideia, diz Damião, foi focar as regiões onde o satélite voltaria a olhar. Apesar de o monitoramento ter como objetivo compreender toda a Amazônia, há áreas com pouca atividade e áreas com desmatamento em grande quantidade.

“Como aumentar a frequência de monitoramento para toda a Amazônia seria impossível, pegamos as áreas de alta taxa de desmatamento. Delimitamos quatro áreas de máximo interesse com o Ibama e colocamos mais imagens”, diz. 

O Deter Intenso traz imagens do Cbers-4A com um nível de resolução de até 2 metros e combina essas informações com dados de radar, capazes de “ver” através das nuvens, uma limitação dos dados ópticos dos satélites.

Segundo ele, a capacidade agora é de revisitar os “hotspots” de desmatamento uma vez por dia, liberando relatórios diários das áreas mais críticas.

 

Fonte: O tempo

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