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Ações do banco Bradesco caem 7% com lucro 39,8% menor no 1º trimestre
Em meio à pandemia do novo coronavírus, o Bradesco viu o lucro líquido recorrente encolher 39,8% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado para 3,75 bilhões de reais. Em relação aos três meses anteriores, a queda foi ainda maior, de 43,5%. O resultado não agradou os investidores, e as ações caíram 6,93% nesta quinta-feira.
Pesou nos resultados, sobretudo, o reforço de 2,7 bilhões de reais em provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, feitas no primeiro trimestre por conta da covid-19. Deste total, 200 milhões de reais se referem à provisão requerida. O Bradesco explica, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que o colchão adicional foi constituído em consequência do “cenário econômico adverso que poderá resultar no aumento da inadimplência, como reflexo da falência de empresas, do desemprego, bem como a degradação do valor das garantias”.
Os 2,7 bilhões de reais somados à parcela pré-existente de 2,4 bilhões de reais totalizam uma provisão complementar para o “cenário econômico adverso” de 5,1 bilhões de reais. “Acreditamos que estamos nos preparando muito bem em termos de provisões de crédito para enfrentar os impactos da inadimplência que será gerada pela crise”, diz Octavio de Lazari, presidente do Bradesco em teleconferência com jornalistas na manhã desta quinta-feira.
Mesmo que os casos do novo coronavírus tenham eclodido na segunda quinzena de março, a inadimplência de 90 dias já aumentou 0,4 ponto percentual tanto em relação ao trimestre anterior quanto ao mesmo período do ano passado para 3,7%. Esse aumento foi puxado principalmente pela carteira de pequenas e médias empresas que passou de uma inadimplência de 3,7% em dezembro para 4,5% em março.
A carteira de crédito ampliada do Bradesco somou 655,094 bilhões de reais ao fim de março, volume 5,1% superior ao registrado em dezembro. Em um ano os empréstimos tiveram incremento de 17%. “Parte desta expansão é explicada pelo efeito do câmbio e parte devido a um forte aumento da demanda principalmente de grandes empresas no início da crise”, explica Lazari.
De fato, a carteira de crédito à pessoa jurídica cresceu 6,6% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre, para 415,88 bilhões de reais. Já a de pessoa física aumentou 2,6%, para 239,21 bilhões de reais. Ante um ano essas carteiras tiveram elevações de 15,6% e 19,5%, respectivamente.
O Bradesco fechou março com 1,49 trilhão de reais em ativos totais, aumento de 5,5% em relação ao quarto trimestre. Em um ano, a alta foi de 7,1%. O patrimônio líquido do banco, por sua vez, diminuiu 3,1% no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores, para 129,55 bilhões de reais. No comparativo anual, cresceu 2,3%.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROE, na sigla em inglês) já foi impactada pela pandemia. O indicador caiu praticamente pela metade, para 11,7% no primeiro trimestre contra 21,2% nos três meses anteriores.
Diante da pandemia, o Bradesco decidiu suspender seus guidances de desempenho para 2020. Segundo o banco, as incertezas causadas pela covid-19 mudaram o cenário e reduziram a previsibilidade do desempenho dos negócios neste momento. “O cenário continua bastante incerto ainda sem definição precisa até mesmo sobre o momento da retomada da economia. Definiremos um novo guidance quando tivermos maior capacidade de previsão”, diz Lazari.
Agências
O Bradesco anunciou que vai fechar mais agências do que previsto anteriormente. Até então, a meta era fechar 300 em 2020, mas, graças ao isolamento social e à experiência de gestão a distância, esse número deve ficar entre 320 e 330. “Nada será como antigamente. Vamos acelerar a transformação de agências em pontos de atendimento e redução de espaços ocupados“, diz Lazari.
Fonte: Exame