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Rondônia, domingo, 06 de outubro de 2024.




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Lula recebe cumprimento e aceno rápido de Biden, um provável aliado


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Para um domingo à noite, a reação da Casa Branca foi rápida: 35 minutos depois de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser declarado o vencedor das eleições no Brasil, o presidente Joe Biden emitiu um comunicado para cumprimentá-lo.

O presidente americano, a quem se somaram outros líderes ocidentais, quis se antecipar a qualquer possível movimento antidemocrático de Jair Bolsonaro (PL), que demorou 38 dias em reconhecer a vitória de Biden sobre o republicano Donald Trump, de quem diz ser um admirador.

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De fato, Bolsonaro só quebrou o silêncio após a derrota para anunciar, em um pronunciamento nesta terça-feira, que continuará “cumprindo todos os mandamentos” da Constituição. Seu ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que o mandatário o “autorizou” a iniciar o “processo de transição”.

Com a alternância de poder no Brasil, os dois países mais populosos das Américas terão líderes com narrativas similares: políticos experientes e septuagenários, que voltaram às urnas com o objetivo, segundo eles, de salvar a democracia, e que derrotaram, ainda que por uma estreita margem, populistas de direita.

Lula e Biden conversaram por telefone e concordam em temas importantes, a começar pelas mudanças climáticas.

Em seu primeiro discurso após a vitória, Lula virou a página do ceticismo climático que marcou o governo Bolsonaro, prometendo lutar contra o desmatamento da Amazônia, que tem papel crucial no planeta para absorver as emissões de carbono.

“Acho que há um alinhamento natural em termos de clima e também de democracia”, declarou Valentina Sader, diretora associada do Centro para a América Latina do Atlantic Council.

Liliana Ayalde, ex-embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, avaliou que Biden poderia oferecer ajuda tecnológica e de outro tipo para reduzir o desmatamento, mas advertiu que mesmo com Lula, os Estados Unidos devem levar em conta a sensibilidade do Brasil sobre a soberania.

É que os brasileiros pensam que o tom dos americanos equivale a dizer que “a Amazônia é nossa”, afirmou.

O presidente Lula (segundo à esquerda) e o então vice-presidente americano, Joe Biden (centro), durante cúpula no Chile em 2009
Mas, “há espaço para fazer muitas coisas” e o clima ocupa um lugar de mais destaque na relação bilateral, acrescentou durante um fórum no Woodrow Wilson Center, em Washington.

Também ressaltou a possibilidade de que Lula intensifique a estabilização do Haiti, devastado pela violência. O governo Biden apoiou o envio de uma força internacional ao país, mas é reticente a mandar tropas americanas.

Outros países ocidentais também intensificam a cooperação com o Brasil, como a Noruega, que anunciou a retomada da ajuda no combate ao desmatamento, e a União Europeia, que afirmou que pode avançar em um acordo comercial.

No entanto, a margem de cooperação de Biden poderá diminuir em breve se os republicanos, alguns dos quais expressaram apoio a Bolsonaro, vencerem as eleições de meio de mandato na próxima semana, que renovam parte do Congresso.

Simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro, sobretudo caminhoneiros, erguem uma réplica da Estátua da Liberdade, enquanto bloqueiam a BR-101 em Palhoça, região metropolitana de Florianópolis, SC
As semelhanças entre os dois chegam até certo ponto.

Biden foi senador por 36 anos e Lula foi um sindicalista que se tornou um ícone mundial da esquerda quando foi eleito pela primeira vez em 2002 e que depois foi preso no rastro de polêmicas acusações de corrupção.

Durante o período em que ocupou a Presidência, Lula manteve um bom relacionamento tanto com os Estados Unidos quanto com aliados de esquerda como Cuba e Venezuela, mas ocasionalmente irritou os americanos com a aspiração de desempenhar um papel internacional, incluindo uma iniciativa diplomática própria sobre o programa nuclear iraniano.

Em uma entrevista concedida este ano à revista Time, Lula culpou em parte o Ocidente pela invasão russa da Ucrânia e disse que Biden deveria ter ido a Moscou negociar. “Este é o tipo de atitude que se espera de um líder”, comentou.

Mas Lula está diante de um mundo diferente duas décadas depois e Ayalde, a ex-embaixadora, se disse surpresa com a falta de referências a Cuba e Venezuela em seu discurso após a vitória.

“Penso que veremos um Lula muito mais moderado. Tem dito que quer se distanciar do autoritarismo”, vaticina.

Com os Estados Unidos dando marcha à ré em seu objetivo de tirar do poder o líder chavista venezuelano Nicolás Maduro e com Gustavo Petro como primeiro presidente de esquerda da Colômbia, Sader avaliou que a reputação de Lula poderia ser um ativo ao invés de um impedimento para Biden.

Se existe um impulso para negociar com Maduro, Lula poderia facilitá-lo, disse Sader.

Bruna Santos, do Instituto Brasileiro do Centro Wilson, acredita que Lula se vê como um unificador de países.

“Ele sempre tenta se ver como alguém que pode coordenar e ser antes de mais nada diplomático, de uma forma pragmática”, disse.

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Fonte: Exame

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