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Leishmaniose em centros urbanos preocupa especialistas; BH teve 2 casos em 2022
Belo Horizonte registrou, entre 1º de janeiro e 17 de maio, dois casos de leishmaniose visceral em humanos, conforme a Secretaria Municipal de Saúde. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou, em nota, nesta sexta-feira (8), que a capital mineira está entre os centros urbanos onde a doença foi detectada neste ano. Foram citadas as cidades de Teresina, no Piauí, Campo Grande, no Mato Grosso e Rio de Janeiro.
A leishmaniose em seres humanos pode matar. A enfermidade é “causada por parasitas do gênero Leishmania, transmitidos por algumas espécies de insetos flebotomíneos, também conhecidos como mosquito palha, tatuquira ou birigui”, pontua a Fiocruz. “A doença pode ser classificada em duas formas: leishmaniose tegumentar ou cutânea (LT), que ataca a pele e as mucosas; e a visceral ou calazar, que sobrecarrega os órgãos internos, como o fígado, baço e medula óssea”, explica a entidade.
A leishmaniose é mais comum em áreas rurais e, por isso, registros nas regiões metropolitanas preocupam especialistas. “Evitar penetrar em matas e construir as casas em local distante das matas ou de árvores frutíferas, utilizar telas de malha fina em portas e janelas ou mosquiteiros de malha fina, já que os flebotomíneos são pequenos e podem atravessar telas ou malhas mais largas, usar roupas de mangas compridas e calças compridas, utilizar repelentes em áreas não cobertas pelas roupas e reaplicar regularmente”, diz Maria Inês Fernandes Pimentel, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Leishmanioses do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz.
Prevenção
A principal forma de monitoramento e prevenção da doença ocorre por controle do inseto e supervisão de animais que são vetores. Além de cães, roedores e gambás podem carregar a leishmaniose.
“Na leishmaniose visceral a transmissão ocorre de forma diferente: o flebotomíneo pica um hospedeiro infectado, geralmente o cão, e depois pica o ser humano. Dessa forma, os cães acabam sendo os responsáveis pela manutenção da transmissão da doença, que tem período de incubação de 3 a 8 meses, e prevalência em humanos de cerca de 3.000 casos por ano no Brasil”, pontua a Fiocruz.
Sintomas contemplam perda de peso, febre e inchaço na barriga. As formas mais graves da doença, que é diagnosticada em geral por exame de sangue, costumam se manifestar em crianças, idosos e imunodeficientes.
Proteção do animal
A Fiocruz cita que coleiras repelentes como a principal forma de proteção de cães e outros vetores contra a picada do flebotomíneo, com eficácia de “mais de 90%”. A vacinação de cães pode ser usada para prevenir a infecção, mas não impede que o animal tenha o parasita.
“Ela funciona como forma de tratamento, mas o cão nunca deixa de ter o parasita e deve ser monitorado até o fim da vida. Além disso, é uma medida de proteção controversa”, afirma Elisa Cupolillo, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Leishmaniose da fundação.
Fonte: O tempo


