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Deixar dinheiro na poupança é ‘perder dinheiro’? O TEMPO explica
Você já deve ter escutado que colocar dinheiro na poupança é “perder dinheiro”. Mas o que isso quer dizer? Na prática, se o consumidor aplicar R$ 100 na poupança e, em um ano, retirar o dinheiro, não vai haver menos do que isso, mas pouco mais do que o valor inicial. O que, então, seria a “perda”? O TEMPO explica.
Como funciona a poupança?
A poupança é um investimento que oferece rentabilidade fixa. Isso signfica que quem colocar o dinheiro na aplicação sabe o percentual que ele vai render no fim do mês e, até, no fim do ano.
Esse percentual é determinado pela taxa Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil determinada pelo Banco Central. Em julho de 2022, a Selic está em 13,5%. A poupança rende 0,5% ao mês se esse percentual estiver acima de 8,5%, ou 70% da meta da taxa ao ano se estiver igual ou menor do que 8,5%. O rendimento da poupança está em 6,6% ao ano.
Para que o dinheiro renda, ele precisa ficar aplicado até o aniversário do depósito – o que quer dizer que é necessário deixá-lo por um mês na poupança. Apesar disso, o investimento tem liquidez. Traduzindo o “economês”, o investidor pode movimentar o valor a qualquer momento.
Se o valor investido na poupança não diminui, o que quer dizer “perder dinheiro”?
Quando se diz que a poupança pode ser “perder dinheiro”, a questão é o poder de compra. Como ocorre hoje, o rendimento da caderneta é menor do que a inflação, que é o encarecimento dos preços no mercado. A variação é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e está em 11,7% nesta segunda-feira (4) no acumulado dos últimos 12 meses.
Se, em julho de 2021, você aplicou R$ 100 na poupança, agora, tem cerca de R$106,60. No mesmo período, o que, antes, custaria R$ 100, custa R$ 111. É essa diferença, entre o que se poderia comprar e o valor do rendimento, que se refere a frase de que a poupança pode ser “perder dinheiro”. Em valores absolutos, não há diminuição do investido, mas os preços subiram mais do que o retorno.
Isso quer dizer que devo tirar o meu dinheiro da poupança?
Essa decisão deve ser feita por cada consumidor com base na situação financeira em que ele se encontra. O professor de economia e finanças Cleyton Izidoro explica que, apesar de não ter rendimentos tão altos quanto outros, a poupança pode ser o ideal para alguns perfis.
“Ela é o primeiro passo para conseguir controlar as contas. Se você coloca o dinheiro na poupança é porque você tem uma sobrinha. Para ser extremamente conservador, a poupança é a aplicação financeira mais fácil de lidar. É simples de controlar. Qualquer outro tipo vai ter impostos ou complica de alguma forma a conta de rentabilidade. A poupança é fácil de usar e não se vai ter problemas. Quando há um planejamento e um pouco mais de conhecimento, vale a pena partir para outros tipos de aplicação. O primeiro passo é poupar”, explica.
O principal fator na decisão é o risco. Antes de investir, é necessário que o valor não seja algo vital para pagar as contas. Conforme o professor, é “um jogo de equilíbrio”.
“Se eu não for precisar, posso fazer uma aplicação. Não vale a pena ter que pagar um empréstimo para pagar uma necessidade, mas investir. Muitas vezes as pessoas caem nessa armadilha. A pessoa tem que entender onde o calo aperta. Se não tem certeza, não vale a pena”, completa.
Tenho dinheiro guardado. Por qual investimento devo começar?
Há várias formas relativamente seguras de investimento que trazem rendimentos maiores do que a poupança. Em geral, a regra é “quanto maior o risco, maior o retorno”.
Izidoro recomenda que, inicialmente, o investidor deve buscar outras aplicações que sejam de renda fixa. Ele cita o tesouro direto, que é empresar dinheiro ao governo e receber de volta, após algum tempo um valor maior, ou fundos de investimento.
Pode-se pensar, também, em aportar dinheiro em empresas, seja no mercado de ações ou ser credor. De toda forma, é importante estudar cada aplicação e tomar as decisões sem comprometer sua renda.
Fonte: O tempo


