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Avô, violinista e um cara comum: conheça o mineiro que tem 98% do corpo tatuado
O mineiro Marcelo Bboy, de 39 anos, natural de Bocaiuva, no Norte de Minas Gerais, é uma sensação – com 98% do corpo tatuado, em grande parte, por suas próprias mãos, – ele é convidado para diversos eventos nacionais e internacionais e tem um público fiel e vasto nas redes sociais.
Ele, que começou a carreira com 15 anos, quando fez a primeira tattoo na própria perna, um inscrito com o termo “hip-hop”, movimento do qual sempre fez parte e já foi professor de dança, é diverso. De violinista autodidata, a pai de uma jovem de 19 anos e um menino de nove, e avô de uma criança de quatro, às tatuagens, ele ressalta, porém, que é uma pessoa comum.
“A primeira tatuagem que fiz foi com 15 anos. Foi uma na perna, na batata da perna, que simboliza o hip-hop. Na época, eu trabalhava com hip-hop, dava aulas de danças. Queria fazer o símbolo do hip-hop. Um tempo depois, comecei a gostar da tatuagem. A primeira que fiz, quando cheguei em casa, no Norte de Minas, época quando as pessoas não eram acostumadas com o estilo, minha mãe nem ligou, meu pai nem falou nada. Pensei: ‘Já que não falaram nada, vou fazer mais uma’. Com o tempo, comprei um kit de tatuagem e comecei a fazer mais”, conta.
A vida como tatuador começou pouco depois, aos 16 anos, quando Marcelo Bboy chamou a atenção de pessoas na cidade do inteiro de Minas. “Começaram a ver as tatuagens e perguntavam quem estava fazendo [em mim], [na cidade] tinham poucos tatuadores. Aí começaram a interessar em eu ser tatuador. Daí, uns 3 meses depois, comecei a tatuar nas pessoas. Abri um estúdio em casa, tinha 16, 17 anos. Eu já tinha bastante tatuagem já”, explica.
Hoje, Bboy é especializado em tatuagens no globo ocular – que aprendeu a fazer sozinho e, como de praxe, fez a primeira em si mesmo. “Vi uma matéria sobre a tatuagem do olho, em 2010. Me interessei e comecei a pesquisar, mas não achava nada na internet, nada. Uns dois meses depois começaram a aparecer algumas fotos na internet e comecei a estudar pelas fotos. Um dia, um belo dia, tive a ousadia de eu mesmo fazer”, lembra.
“Eu vi que a tatuagem no olho era feita com uma seringa de insulina. O olho tem uma membrana transparente e, a perfuração [da seringa] é só na membrana. Se aplica um pouquinho de tinta, e, com passar do tempo, a tinta vai se espalhando até cobrir o globo ocular todo. Tive a proeza de fazer, consegui. Depois, fiz na língua, na gengiva. Mas a que mais impacta [os outros] é o olho. Depois, pessoas que queriam fazer também me procuravam. Hoje, sou especialista nessa parte, mexo mais com isso. Já fiz 99 tatuagens no olho – cem, com a minha”, completa.
Questionado sobre os 2% do corpo que ainda não estão cobertos por tinta, Marcelo afirma que há apenas “partes pequenas” e as “partes íntimas” que, ainda, não foram tatuadas.
Sucesso nas redes
“Gosto de fazer o vídeo brincando, para mostrar para as pessoas que não é porque eu sou todo tatuado, modificado, que devo ser tratado como diferente. Gosto de brincar, fazer as pessoas rirem. Hoje em dia não sinto mais aquela conotação de preconceito. A maioria das pessoas que me veem dão sorriso”, conta Bboy quando perguntado sobre o sucesso que tem nas redes sociais.
Só no TikTok, o artista reúne pouco mais de 1,6 milhão de seguidores e 10,7 milhões de curtidas nos vídeos que, em média, não têm menos do que 25 mil visualizações cada. No Instagram, são 24,5 mil pessoas que o acompanham.
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“A primeira vez que você me ver, vai achar diferente. Na segunda, não vai mais ver a diferença”, diz. “Eu sou, independente de qualquer coisa, sou uma pessoa normal. Sempre que me relaciono com uma pessoa, elas gostam do jeito que converso. Sou carinhoso, atencioso. Isso que mais chama a atenção. Nunca tive problema com família de namoradas”, acrescenta.
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A carreira efervescente nas redes fez com que, nesta semana, o jornal “New York Post” publicasse uma matéria sobre ele. Antes, ele já gravou de vários clipes de músicos famosos e fez uma participação no filme “Esquadrão Malakov”, brasileiro, que estreará em agosto deste ano.
Ainda, Bboy continua envolvido com a cena de hip-hop, em especial em São Paulo, onde vive, e conta que aprendeu a tocar violino, há dois anos, sozinho. “Por eu trabalhar com dança, tenho muita percepção de ritmo. Aprendi sozinho mesmo. Hoje, se você ouvir uma música e me falar: ‘quero que você toque!’, em 20 minutos consigo tocar inteira, sem nunca ter ouvido”, garante.
“Sempre quando tem evento de hip-hop em São Paulo, ou quando havia em Montes Claros, me convidavam para ser jurado. Hoje, sou contratado para atração para tirarem fotos em eventos de tatuagem”, pontua. Nesta sexta-feira (25), quando a reportagem de O TEMPO entrou em contato com Bboy, ele estava no Paraguai para um evento do tipo.
Fonte: O tempo
