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Rondônia, terça, 05 de novembro de 2024.


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Pelo segundo ano, militar brasileira recebe prêmio de igualdade de gênero da ONU


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Uma comandante brasileira e uma major indiana foram escolhidas para receber o Prêmio de Defensoras Militares da Igualdade de Gênero da Nações Unidas de 2019.

A comandante brasileira Carla Monteiro de Castro Araújo, que atua na Missão Multidimensional Integrada de Estabilização na República Centro-Africana (Minusca), irá levar o prêmio ao lado da major indiana Suman Gawani, que serviu a organização no Sudão do Sul.

Criada em 2016, a premiação visa reconhecer o esforço de um militar em promover os princípios da resolução 1.325 da ONU. O texto reconhece que mulheres sofrem os impactos de um conflito de forma diferente dos homens e define que é necessário reforçar o papel feminino na tomada de decisões relacionadas à prevenção e à resolução de conflitos.

A República Centro-Africana, ex-colônia francesa, vive um conflito intermitente desde 2004, com disputas entre membros do governo, rebeldes muçulmanos e milícias cristãs.

Entre 2012 e 2013, o confronto recrudesceu, levando a uma limpeza étnica contra islâmicos e ao deslocamento (interno e para o exterior) de mais de 500 mil pessoas.

A missão de Paz da ONU estabelecida no país em 2014 foi marcada por diversas alegações de estupro de mulheres locais por militares da organização. O escândalo foi alvo de inquérito e acabou por afastar 41 militares em 2016. Antes disso, soldados franceses que atuavam no país foram acusados dos mesmos crimes.

Desde abril de 2019, Carla Monteiro tem trabalhado como conselheira para questões de gênero na sede da Minusca em Bangui, capital do país, conduzindo treinamentos de militares.

“Este prêmio é um reconhecimento pelo trabalho de equipe envolvendo a força da Minusca e o componente civil”, disse Monteiro ao site de notícias da ONU, ao ser informada da premiação.

“É muito gratificante para mim e para a missão ver nossas iniciativas dando frutos.”

A comandante entrou para o serviço de saúde da Marinha brasileira em 1997, onde trabalhou por mais de dez anos como dentista. Depois, trabalhou na Unidade Médica expedicionária da Marinha por cinco anos, nas áreas de gerenciamento de risco e apoio à saúde.

Ao lado de Monteiro, a major indiana Suman Gawani, que atuou como militar observadora na Missão Das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), também será premiada pela organização.

Desde 2013, o Sudão do Sul é palco de um conflito praticamente ininterrupto. Desde então, a ONU estima que 400 mil pessoas morreram no país e que a crise tenha deslocado mais de 2 milhões de refugiados.

Oficial do Exército indiano desde 2011, Gawani orientou mais de 230 militares da organização sobre violência sexual em conflitos e colocou mulheres observadoras em todas as equipes locais da UNMISS, desde que entrou na missão, em dezembro de 2018.

A major ainda treinou forças militares do Sudão do Sul e ajudou o governo do país a lançar um plano de atuação contra violência sexual em conflitos armados.

“Qualquer que seja a função, posição ou nível, é nosso dever como integrantes das Forças de Paz incorporar todas as perspectivas de gênero no nosso trabalho diariamente e nos apropriar delas em nossas interações com os colegas e também com as comunidades”, afirmou Gawani à ONU.

Dos 85 mil militares que servem as Forças de Paz da ONU, apenas 6,4% são mulheres. Mas a organização diz que participação feminina nas missões tem aumentado continuamente nos últimos anos.

É a primeira vez que duas militares recebem a distinção em conjunto.

No ano passado, a capitã de corveta brasileira Marcia Andrade Braga foi a escolhida para receber a premiação. Braga, então assessora militar de gênero na Minusca, ajudou a construir uma rede de militares responsáveis por coletar informações sobre as necessidades de proteção de homens, mulheres, meninos e meninas no território centro-africano.

Carla Monteiro e Suman Gawani receberão o prêmio durante cerimônia online presidida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, no dia 29 de maio, quando a organização comemora do dia internacional das Forças de Paz.

Fonte: O tempo

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