Nacional
Cringe? Geração Z? Millennials? Café? Boleto? Litrão? Entenda a discussão
Nas redes sociais, o embate da “Geração Z”, pessoas nascidas a partir da segunda metade da década de 1990, contra os “Millennials”, que vieram ao mundo entre 1985 e a primeira década antes da virada do século, foi resumido por uma palavra – “cringe”. Traduzida, semi-literalmente, como “vergonhosa(o)”, ou “aninhar-se com medo”, o significado real do termo é, em suma, o sentimento específico gerado por “vergonha alheia”.
Ser “cringe”, porém, não se resume à vergonha. A palavra é usada, nos últimos anos, como um marcador de estranheza, que pode ser aplicado de diversas formas. Como tudo na internet, há usos engraçados, e usos essencialmente tóxicos. Quando alguém relata uma historieta curiosa, como aquela vez que você derrubou algo na mesa do bar e todos riram, por exemplo, há uma conexão “cringe” entre os interlocutores.
Neste sentido, existe algo de compaixão – observar algo “cringe” é se ver no outro, e entender que, ora ou outra, todos cometemos coisas vergonhosas. No embate recente, ser “cringe” é, basicamente, ser mais velho – não saber se comportar nas redes sociais, não entender a piada, ter referências culturais e sociais completamente diferentes daquelas dos mais jovens.
Como pontuaram os membros da “Geração Z”, em estranhamento aos veteranos “Millennials”, é cringe: Usar calça skinny, rir com os emojis “😂🤣”, gostar de Harry Potter, amar café, não parar de falar sobre “boletos” e “gatos”, gostar de “Friends”, beber uma cervejinha “litrão”, colocar várias # nas fotos do Instagram, usar sapatilhas e unha postiça ou francesinha, dividir o cabelo de lado.
Por outro lado, é comum que o termo seja atrelado a pessoas cuja identidade é divergente a padrões estabelecidos. No Reddit, ou no 4Chan, ou no Twitter, ou em qualquer lugar, a palavra também é usada para humilhar grupos como LGBTQi+, pessoas “estranhas” de modo geral, ou qualquer atitude exaltada que, culturalmente, cause incômodo nos usuários.
Por fim, o que resiste é a estranheza entre gerações. Millennials, até hoje, acusam ora ou outra pessoas mais velhas de “boomers”, em referência às pessoas nascidas entre 1945 e 1964, mesmo que elas não sejam realmente parte dessa geração. Cringe vai, boomer vem, e bem previu Belchior: “Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”.
Fonte: O tempo